Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

ENFIM 2015



Imagem: Karin Izumi
Nunca fiquei tanto tempo sem escrever por aqui. Não era minha intenção. Afinal, janeiro é aniversário do Divã Nosso de Cada dia. Seis anos! Pode parecer pouco para alguns blogueiros de carteirinha, mas para mim é muito. Muitas horas, dias, semanas, meses e anos de partilha... Alegrias, tristezas, lágrimas, sorrisos, torcida, revolta, indignação, apoio, orações e amigos. Sim. Posso dizer que fiz amigos através dessa telinha e que acho isso fantástico: “um show de VIDA”! Com as tais redes sociais percebi que - ano passado - tanto as minhas visitas, como as dos meus amigos aqui, se bandearam lá para, principalmente, o Face Book. Uma certa preguiça da leitura mais demorada, comentar sem ser com emotions requer tempo. Esse mesmo que passa voando e nos espreme entre as urgências cotidianas de cada um. Fazer o quê? Viver. Cada um à sua maneira e fazendo valer seu desejo mais íntimo! Logo no início de janeiro, dia 06, celebrei o dia de Reis que, para mim, é o dia oficial da Gratidão. Recebi um pequeno grupo de amaaados com uma alegria que vocês poderão constatar nas imagens abaixo.
É aprendizagem sermos gratos?

Não deveria ser um momento natural celebrar a nossa existência? A saúde, o alimento, o conforto de uma cama, o trabalho ou a busca de, as paixões, os amores, família, amigos e todas as pequenas preciosidades que trazem alegria à nossa vida?

O que valorizamos? Quem apreciamos? Como expressamos nossa gratidão aos outros?

Seria a gratidão um conjunto de vários sentimentos? Amizade, carinho, amor, bem querência - doses diárias - em nossas ações. Um simples e sincero obrigado ou até mesmo um, embriagado, obriagado recebe como resposta um... De tudo!

(Re) conhecimento de que não somos os únicos responsáveis pela nossa própria condição. Ser grato é (re) conhecer que outras pessoas também participaram na produção de nossa vida. Um pouco de humildade que obriga a reconhecer o outro como parte de nossa alegria. É poder dedicar, compartilhar a graça recebida. Mas, é importante não confundir gratidão com bajulação ou lisonjas, com servilismo. Não há hierarquia na gratidão, não há diferenças. Sentir-se grato, com um sentimento constante de dívida impagável, pode não ser muito saudável. A gratidão é sempre boa na medida da alegria que a acompanha. E a angústia de uma dívida constante carece de alegria.

A gratidão nos lembra do que é realmente importante. Fica até difícil reclamar sobre as pequenas coisas quando somos gratos por nossos filhos estarem vivos e saudáveis. Por estarmos vencendo etapas de dificuldades. Só nos lembramos do funcionamento, ligado no automático, dessa máquina – perfeita - de nome corpo quando estamos na ausência dele. Quantas vezes é preciso quebrar uma perna, fazer uma cirurgia, ficar sem poder alimentar pela via usual para agradecermos os passos dados, as papilas gustativas ou tudo que gratuitamente temos?!

A gratidão transforma o negativo em positivo. Sejamos gratos até mesmo pelos desafios. Tarefa fácil? Claro que não! E desde quando nos disseram que viver o seria?

Agradeço vocês, todos os dias, por me ensinarem a intensidade do privilégio desse (con)VIVER!

Intensidade. Atributo da vida boa. Tão boa que a gente não se dá conta de ter vivido. A relação vivida com o mundo satisfaz tanto que não cogitamos outra. A consciência é plasmada no real. Perde a noção de si mesma.

Na intensidade, desaparece passado e futuro. Porque a vida reconcilia com o presente. É absorvida por ele. Por isso, quando a vida é intensa o tempo passa, e não percebemos. Pelo menos para nós é centelha de eternidade. Presente que não vira passado. VIDA que é um maravilhoso PRESENTE!!! Sejamos gratos. Sou grata por mais esse ano que tenho pela frente e a cada um de vocês: amaaados meus!