Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

E DESPONTA 2019!!!


  "O ano acaba. Espalho os últimos trezentos e sessenta e cinco dias na minha frente no tapete da sala de casa.
  Este aqui é o mês em que decidi largar tudo que não influenciasse profundamente os meus sonhos. O dia em que me recusei a ser vítima. Esta é a semana em que dormi na grama. Na primavera eu torci o pescoço da insegurança. Deixei a sua gentileza de lado. Derrubei o calendário. Aqui a semana em que dancei com tanta empolgação que meu coração aprendeu a flutuar de novo. O verão em que tirei os espelhos da parede. Eu não precisava mais me ver para me sentir vista. Tirei o peso do meu cabelo com o pente.
  Dobro os dias bons e ponho no bolso de trás da calça só por segurança. Acendo um fósforo. Queimo tudo que seja supérfluo. O calor do fogo aquece meus dedos do pé. Pego um copo de água morna para me limpar inteira para janeiro.
Estou chegando... mais forte e mais inteligente rumo ao novo!"

(Rupi Kaur in O que o sol faz com as flores)

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

DOS 96 DE HOJE

   Nasceu Lucy Pitchon em 26 de novembro de 1922 em Belo Horizonte. Segunda filha de imigrantes turcos de origem judaica foi criada em Sete Lagoas. Perdeu o pai aos 08 anos de idade. Sua mãe viúva com 05 crianças pequenas, casou-se novamente e teve mais uma filha.
  Quando ela e sua irmã mais velha se tornaram moças, na idade de casar, a família voltou para Belo Horizonte.
  Aos 20 anos apaixonou-se perdidamente por um imigrante polonês, naturalizado brasileiro, Moszek Jakob Rozenbaum, com quem se casou um ano depois, adotando seu sobrenome. Tiveram 06 filhas.
Como era costume à época, Lucy se dedicava ao lar e à educação das meninas. Seu marido, vendedor de tecidos importados, passava grande parte do tempo viajando e, quando estava em Belo Horizonte, gostava de levar as filhas para passear na Praça da Liberdade em seu Dodge Coronet.
  Pouco após comemorar 40 anos, Lucy ficou viúva, com a responsabilidade de criar as 06 filhas: a mais velha com 17 anos e a caçula com pouco mais de 02. Precisou lidar pela primeira vez com uma série de atividades tipicamente masculinas, como movimentar contas bancárias e aprender a dirigir.
  Para manter a família, reformou sua casa, de forma a permitir o aluguel do segundo andar e dos barracões que havia no fundo. Para complementar a renda abriu um salão de beleza, que não durou muito tempo. Decidiu então montar uma boutique em sua casa que funcionou por muitos anos até formar a filha caçula na universidade.
  Nunca quis se casar de novo, assim como jamais reclamou da missão que lhe coube.
  Lucy era muito vaidosa, alegre e habilidosa. Gostava de dançar, jogar cartas e viajar. Sabia desenhar, bordar, fazer crochê, costurar e cozinhava muito bem!
  Sempre recebia com mesa farta e comida saborosa influenciada pela sua origem turca.
  Teve 07 netos e 02 bisnetos enquanto ainda era viva. A família era seu maior orgulho. A este respeito dizia: "A maçã não cai longe da árvore!" referindo-se à boa educação e ótimo exemplo que dava aos seus descendentes. Lucy era motivo de orgulho para toda para toda a família com quem gostava de comemorar a vida e sempre tirar fotos para "guardar para posteridade".
  Lucy fazia questão de comemorar as festas judaicas com sua família e celebrava com muita alegria todos os momentos da vida. Costumava dizer: "A vida é uma só e precisa ser vivida com entusiasmo!"
  Lucy faleceu em 2009, em Belo Horizonte, aos 86 anos, de causas naturais.
  O nome desse edifício é uma homenagem a essa mulher corajosa, alegre, elegante, forte e cheia de vida para que lembremos sempre que o maior valor da da vida é a própria vida!



(Biografia escrita por Raquel e Maurício Rozenbaum Waks por ocasião da inauguração do Edifício Lucy Rozenbaum em setembro de 2018)