Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

MILENE-BUNITA


Eu lá saberia onde ficam os cafundós de Arapiraca senão fosse por ela? O que conhecia, era que em terras desse agreste alagoano davam cactus. Pois é nessa terra, tantas vezes castigada, que floresceu uma Pétala Rosadinha.  É verdade que, insistente, não renega suas origens e de um jeito agri de ser é a Milene Bunita mais arrêtada que conheço. Deixa qualquer Maria-Bonita a pedir misericórdia a Lampiões! Alumia por si só. Seu carinho, amor, amizade, presença cuidadosa e até mesmo puxões de orelha são singulares e me fez transformá-la, já faz tempo, na minha Minina-Ternura. Sou ciumenta com que amo. Não a ponto de deixar de partilhá-la com vocês. Segue um aviso: sintam - quem ainda não a conhece - o perfume que exala, sem moderação! Mas foi seu lado doce, sempre negado, que me cativou... eternamente.  Adoro pétalas com pimenta rosa. Essa iguaria deixa gosto de quero mais na alma da gente. Amo de viverrr essa minina... Rosadinha, Vermelhinha, Amarelinha ou Branquinha. Venha com a cor que vier, faz arco-íris em meu coração. Hoje é seu natal. E poderia ser diferente uma Pétala nascer fora da primavera?! Então, brindo com ela e com todos os amados por mais esse florescer.
FELIZZZ NATAL!!!

Que venham nascimentos... Que nunca aconteceram.
Que nasça de você,
sempre a ternura e a alegria
que nos fez amigas,
felizes amigas.
Antes do mundo, a amizade
já havia nascido.
Feliz nascimento!(RR)

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

5.772: ANO NOVO JUDAICO

Quando pequena (creiam... um dia fui) era difícil exercer a imaginação de que estaria adentrando tempos tão futuros. Para mim, bem adiante de minha contagem mil novecentos e sessenta oito, eram anos por demais. E ter que pensar num calendário pregresso, da criação de Adão e Eva, quando só tinha oito anos de vida?!  Parecia-me, bem mais fácil, uma jornada nas estrelas esquisita, para um local e anos distantes luz de minha meninice. 
No entanto, era dia de ganhar roupa nova, jantar diferente, caprichado, repleto de simbologia e significações, família e amigos reunidos e felicidade jorrando num dia e mês tão comum. Prá isso nem carecia da tal imaginação. Era vivência aguardada e deliciosa de viver. 
Dificuldade - grande mesmo - em imaginar que esse era o Dia do Julgamento. Quando D’us determinaria o meu destino, e de todos, para o ano que iniciaria. Julgaria ele os deveres de casa que não tinha feito? As balas tiradas sem a licença de mamãe?  Ou as brigas com as irmãs? Quando o shofar (chifre de carneiro) tocasse, teria que despertar para esses arrependimentos e ainda pedir que fôssemos todos inscritos no livro da vida! Atenderia-me? Deixaria quem me “emprestou” – temporariamente - por mais um ano?! Tinha certo medo. E eu só perceberia sua Sabedoria Infinita no desenrolar dos meses e do meu amadurecimento. Ainda hoje, alguma dificuldade nessa compreensão, carrego como dever diário. Mas ELE segue me ensinando (ainda bem!) e eu no esforço da aprendizagem.
Passados tantos anos, ainda tenho um gosto especial por essa data. Mesmo que nela sinto uma saudade doída daqueles que ELE me “desemprestou”. Não em ser julgada (não acredito num D’us tirano, malvado e punitivo), mas na possibilidade real de fazermos diferente: correções na rota de nosso viver. Aí, peço a ELE sim: que me ilumine para fazer mais por muitos, que me dê equilíbrio em cada atitude tomada, serenidade ao ouvir e sabedoria para dizer, amor incondicional para com todos os irmãos, tolerância para a aprendizagem diária com aquilo ou quem me é novidade e diferente, generosidade para compartilhar, sempre, PAZ, SAÚDE, PROSPERIDADE, ABUNDÂNCIA, ALEGRIAS, CARINHO, FRATERNIDADE E MUITO AMOR! Nesta quarta-feira, dia de semana comum, coma uma maçã com mel e faça dos próximos um doce viver. Shaná Tová e Umetuká (Feliz Ano Novo e que seja Doce) para cada um de vocês e para o mundo todo!!!(RR)

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

ENLEVO DA LEITURA


Mulheres fazem coisas diferentes quando estão tristinhas. Homens também, apesar de não admitirem. Algumas comem. A maioria faz compras. Há aquelas que fumam ou bebem. Ou ambos. Outras ligam para a terapeuta não se importando com o horário (madrugada inexiste para momentos assim). E ainda existem umas tantas que curam sua tristeza lendo. Às vezes por dias consecutivos. Os livros ensinam a você como outras pessoas pensam o que elas estão sentindo e como se transformam de seres comuns em seres extraordinários. Muitas vezes elas são tão atraentes e inteligentes que você prefere passar o tempo lendo sobre elas a fazer qualquer outra coisa. E, diferentemente da vida, se não gostar do que está lendo, você pode fechar o livro com força e depois... Paz. Aquela voz amistosa e persuasiva fica emudecida até que você decida abrir o livro novamente.
Acabei de emergir de vários dias de enlevo – com um livro. Entre caixas de lenço de papel, espirros, chá, febre, banho morno e corpo moído, adorei cada segundo de leitura.
Existe uma síndrome chamada embriaguez das profundezas que ocorre quando um mergulhador submarino passa um longo tempo demais no fundo do mar e não sabe em que direção está à superfície. Quando retorna, talvez experimente a síndrome da descompressão, em que o corpo não se adapta de imediato aos níveis de oxigênio na atmosfera. Tudo isso acontece comigo quando emerjo de um livro. E das muitas leituras do simples viver também! Mas aí é outra história, que conto um dia qualquer.
Senti-me transportada para o seu universo. Angustiada com o destino dos personagens. Viva e engajada, e positivamente genial, explodindo de ideias, transbordante de recordações de outros livros que adorei. Esse enlevo experimentado é uma das principais razões por que leio, mas isto não ocorre todas às vezes nem mesmo ocasionalmente, e quando acontece, sinto-me realmente arrebatada. Com o tempo, terei de voltar a respirar o ar sufocante de Beagá atual, mas, por outro lado, talvez não precise. Vou descobrir outro livro que adore e desaparecer nele. Deseje-me boa sorte!(RR)
P.S: O livro que mencionei é A Casa Vazia de Rosamunde Pilcher.
(Imagem: Internet)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

CHOVE CHUVA E MANDA ESSA GRIPE PRA LONGE

Lá no sul chove. E fiquei sabendo, ainda agorinha, que nas Alagoas também. Submersas ficam as construções, as conquistas de uma vida e muitos sonhos. Minha avó diria que lá tá chovendo canivetes (raining dogs and cats). Nem tão distante estou para não receber respingos. Lá, chovendo sem parar e aqui, uma secura de rachar mamona. É a natureza imitando a vida ou seria ela plagiando? 
Tá chovendo na sua horta? Na minha não. Em nenhum aspecto. As folhas começaram a se levantar fazendo redemoinhos. O vento balançava as flores das árvores transformando as calçadas em tapetes desalinhados. Nuvens apareceram e pensei: finalmente vai chover! Logo elas se dissiparam. O ar ficou parado e a poeira de meses, sem gota d’ água, ficou ainda mais suspensa. Um sufoco. Desse seco e sem graça que atacam em formas de ites (rinites, sinusites, amigdalites) crianças, jovens e velhos. Quase choveu. Ainda não foi dessa vez. 
Dias assim me lembram alguns momentos da vida, quando tudo fica, ridiculamente, estagnado e não pinga um instantezinho sequer de alegria. Ou a tal paz de espírito que também serviria. E a gente no sufoco do viver diário.
Desde segunda-feira sentia a garganta pinicar e o corpo fazendo mole. Gripe e resfriado me levam pra lona. Calço minhas luvas para combatê-la: banho quente, moletom velho, quentinho, folgado e macio, chá, torradas e uma leitura bem leve. Não é tempo de pegar pesado.
Pensei que havia vencido os dois primeiros dias-rounds, mas ontem cheguei em casa, à noite, querendo além de chuva, sopa, suor e cama. Não necessariamente nessa ordem. Afinal, ao ler no livro - Você pode curar sua vida -  a tradução para gripes e resfriados, percebo que é muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, confusão mental e desordem que provocam os tais. Dispensei, momentaneamente, a busca pela organização interna. A febre e o corpo bem amolecido anunciam a vencedora desse embate. Pelo menos, por hoje, deixo-a nessa crença. Ainda tenho fôlego sufocado e resguardado para mais alguns golpes.
Clarice já escreveu sobre esta necessidade de chuva. Sua personagem sofre com a secura e o calor num final de dia e seu "estado gripal" catártico se dá assim:
Ela só percebe que agora alguma coisa vai mudar que choverá ou cairá à noite. Mas não suporta a espera de uma passagem, e antes da chuva cair, o diamante dos olhos se liquefaz em duas lágrimas. E enfim o céu se abranda." 
Queria ser índia nesses tempos. Saber a dança da chuva e da cura gripal.  Quem sabe a vida ia chover em novidades? Na minha, na sua e na horta do mundo inteiro também...E eu cantaria e dançaria no melhor estilo Gene Kelly de ser!(RR)
P.S: Há que se ter paciência pra carregar o vídeo, mas vale cada segundo de espera rever esse genial da dança!







terça-feira, 20 de setembro de 2011

BORBULHAS EM MIM


Amanheci compassiva.
(Ser compassiva é estar unida aos outros em atitudes e energias positivas.)
To igual ao dia. Dia de sol e frio, hoje ainda mais frio... Será que peguei friagem?
Mas, tá linda a clareza que ilumina o dia. Eu também estou em irradiações.
(Irradiar é estar ou se saber inteira nos pedaços de nós que deixamos com os outros. Que nem você sempre deixa comigo.)
Estou nos quatro pontos cardeais de toda Geografia.
Tiro de dentro sempre que preciso. Quando está dentro é fundo.
Tiro por mergulho, que nem água do rio. Profundo.
Mergulhe quem quiser e quem tiver coragem. Mergulhar é se achar procurando fundo. Sou mergulhadora. Chego a ver borbulhas (de queimaduras) tantas.
Borbulho é na superfície. Fundo é no mergulho.
Vou fundo.
To afundando. Sou mágica. Cadê o borbulho?
O borbulho nada sabe das profundezas. Lua sabe. O mar também. Fico assim. Um ficar de eternidade... para sempre.(RR)

domingo, 18 de setembro de 2011

VAMOS AMAR DE NOVO

Uma das coisas mais lindinhas que vi. É fofo e triste, mas faz a gente pensar em realizar os sonhos hoje. Adiar pra quê? Espere carregar, vale a pena! Queria a tradução de toda a letra, mas não consegui na net. Então, se você é fluente em francês (ai que, nessas horas tb, queria ter estudado mais esse idioma) traduz aí - pra gente - no seu comentário. Eu já antecipo meu OBRIAGADA! "Vamos amar de novo através da dúvida, do outro lado da estrada e mais alto. Vamos amar de novo através do bons tiros, por meio de decepções, a vida, a morte, vamos amar de novo." (Google tradutor)
Bom domingo procês! 

On va s'aimer encore - Vincent Vallières

Quand on verra dans le miroir nos faces ridées pleines d'histoires
Quand on en aura moins devant qu'on en a maintenant
Quand on aura enfin du temps et qu'on vivra tranquillement
Quand la maison sera payée et qui restera plus rien qu'à s'aimer

On va s'aimer encore, au travers des doutes, des travers de la route et de plus en plus fort
On va s'aimer encore, au travers des bons coups, au travers des déboires, à la vie, à la mort on va s'aimer encore

Quand nos enfants vont partir, qu'on les aura vu grandir
Quand ce sera leur tour de choisir, leur tour de bâtir
Quand nos têtes seront blanches, qu'on aura de l'expérience
Quand plus personne va nous attendre, qui restera plus rien qu'à s'éprendre

On va s'aimer encore, au travers des doutes, des travers de la route et de plus en plus fort On va s'aimer encore, au travers des bons coups, au travers des déboires, à la vie, à la mort on va s'aimer encore

Quand les temps auront changés, qu'on sera complètement démodés
Quand toutes les bombes auront sautées, que la paix sera là pour rester
Quand sans boussole sans plan, on partira au gré du vent
Quand on lèvera les voiles devenues de la poussière d'étoiles

On va s'aimer encore, après nos bons coups, après nos déboires et de plus en plus fort
On va s'aimer encore au bout de nos doutes au bout de la route au delà de la mort
On va s'aimer encore, au bout du doute, au bout de la route au delà de la mort
On va s'aimer ...

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

MARAVILHAS

Estava eu no trânsito quando o carro, à minha frente, me fez piscar inúmeras vezes. Maravilhas/MG era o que dizia a placa. Uma cidade com esse nome? Nas minhas Gerais? Nunca tinha ouvido falar e encantada com o nome de um local assim, fui buscar informação. Quem nasce nesse povoado é maravilhense. Aqui, não gostei. Vê bem se iria perder a chance de me dizer sou ma-ra-vi-lho-sa no lugar de belorizontina. Uma coisa é fato: não preciso morar em Maravilhas (é no plural mesmo) para me sentir e pensar nas tais no dia-a-dia. Ultimamente, bem verdade, não ando assim. Arrumei uma bursite +  tendinite do supraespinhoso (ombro esquerdo) que vou contar: dói sem esforço e constantemente. Adiei por meses a ida nos meninos ortopedistas. Já sabia que iriam me enfiar naquele tubo horrível (ressonância magnética) para constatar o tamanho do estrago (palavras deles). Além disso, gelo quatro vezes ao dia (15 minutos) e sessões de fisioterapia. Preguiça pouca é bobagem. Dispor do tempo dessa maneira?! Mas, a dor - nada encantadora - venceu. Aí, penso no extraordinário funcionamento do nosso corpo: como se estivesse - o tempo todo - no piloto automático. Esqueço de agradecer (você também?), diariamente, por essa máquina maravilhosa. A gente só lembra que tem nádega quando surge um abscesso nela. Do mindinho do dedo do pé quando trinca. Do equilíbrio, quando acorda de madrugada numa crise de labirintite (oi?) com o quarto parecendo um carrossel. E do ombro, que não é só cabide de bolsa, quando arrebenta. E poderia ficar aqui listando por horas. Melhor então voltar a pensar, sentir e falar de Maravilhas diárias. Pequenas ou grandiosas que nos acontecem. Verdadeiros luxos e que não custam quase nada.
Acordar na sexta-feira sabendo que é dia da faxineira vir e deixar sua casa no capricho. E que você pode até se dar ao luxo de ir à manicure, pois não irá estragar suas unhas (pelo menos nas próximas 24 horas!) não é espetacular?
Outra maravilha é chegar da rua, nesses mais de noventa dias encalorados e sem uma gota de chuva sequer, e receber na bandeja um suco de abacaxi com hortelã, gelado, da vizinha de porta. Adoro essas delicadezas de antigamente. Como será que ela adivinhou? Aí a gente se refresca num chuveiro funcionando em perfeição (com todos os furinhos desentupidos) e deita na cama com lençóis brancos (amo), limpíssimos e deliciosamente cheirosos! Não é super ma-ra-vi-lho-so?
E quando estamos aborrecidos, problemas com o trabalho ou a falta de, receber um email confirmando um freela que vai salvar as contas do mês? Mais que maravilha! É como se todo o universo conspirasse a meu/nosso favor.
E caminhar, bem cedinho, sem pressa nem aflição, vendo os ipês floridos como se fossem só para você?
Ter passado os meses de liquidação e a gente nem ter se abalado por uma blusinha nova ou aquele vestido divino imperdível? É a glória!
Tem ainda aquele telefonema, fora de hora ou data especial, do filho, só querendo saber como foi seu dia e que está com saudades... A gente nem acredita, estranha, mas aí não há dúvidas: é maravilhoso esse viver! Mesmo não sendo em Maravilhas*.(RR)
*Com uma população de 7.000 habitantes é vizinha de Papagaios, Pitangui, Onça de Pitangui, Fortuna de Minas e fica somente a 120 km de BH. Por causa da abundância naquela região, de uma flor conhecida por bonina ou margarida do prado, a cidade passa a ser chamada de Maravilhas. Mirabilis jalapa, bonina, jalapa-verdadeira nome da flor originária do México. (Fonte: Wikipédia. Imagem:Internet)

terça-feira, 13 de setembro de 2011

LUADA

Saíamos do shopping, as quatro irmãs, depois de uma tarde de bota-tira-bota. Entra e sai em roupas, lojas e provadores. Tudo isso para ganhar presentes de um natal que já vai fazer um mês que passou. Se não fosse estar com elas, as risadas gratuitas e pesadas a cada “desfile” dessa Rêbüntchen, roliça, tava fora! Não gosto de shoppings. Não gosto de experimentar roupas. Ainda mais quando estou assim: acima, muito mesmo, do peso sustentável do meu ser. As tais calças super skinnies (e quase que só dão elas) me colocavam como um chouriço, embutida, a explodir a qualquer instante do envoltório. Nem adiantava prender a respiração, murchar a barriga. Mais fácil cair dura no chão com a conserva esparramada. Tudo fica feio. E olha que, dessa vez, nenhuma vendedora quis empurrar o tal tamanho único pelo meu corpo abaixo. Sou vaidosa sim. Gosto de me arrumar e me sentir enamorada da imagem no espelho.  Mas, tenho preguiça do trabalho – muitas das vezes - que dá esse processo de sedução. E nesses tempos, impossível apaixonar-se por essa uma que insiste em me conhecer. Não vou mesmo dizer muito prazer!
Encontrei com um dos diretores do meu hospital. Quase um ano sem nos vermos, foi logo dizendo:
- A Sra. está muito bem.  A saída do hospital fez isso?! Está mais bonita, emagreceu.
- Oi??? E-MA-GRE-CI??? Que olhos benevolentes esses que fazem desaparecer 10kgs a mais só nesse último ano?
- Então a Sra. está sabendo como escondê-los!
Fui logo mudando o rumo da prosa. Homens. É que tenho apreço por esse doutor e não gostaria de machucá-lo, se é que me entendem. Se ele estivesse presente, algumas horas antes, no tapete vermelho do desfile, aposto que não falaria tamanho despautério.
Mas conto tudo isso para dizer, de fato, da visão que tive na saída do shopping. Essa imagem sim faz a gente se apaixonar. A tarde se despedindo e ela lá, enorme, misturada às cores do pôr-do-sol...
Agora levo a lua.
Lua pousada em suaves nuvens.
Apareceu pra mim, na saída do shopping.
Enlouqueci? Ou fiquei luada.
(Luada significa possuída, grávida da lua). Bendito fruto desse ventre encefálico grávido de poesia.
Se tenho posse, vou dar: a beleza, a leveza, a magia, a brancura, a riqueza e o brilho desta lua.
Às vezes a lua é barco,
Parece que mergulha,
Depois reaparece voando como gaivota,
Ou veloz como avião.
Mas não voa. É lua.
Eu é quem voo pra tantos lugares em
asas de imaginação.
Não largo a lua. Esta lua eu vou levar de presente, vou levar pra todo mundo esta lua cheia e constância crescente de saudades.(RR)

sábado, 10 de setembro de 2011

TEMPERAMENTAL NA DANÇA DA VIDA

             Temperamental é a pessoa que faz dos destemperos da vida prato principal.Regina Rozenbaum (Imagem:Internet)

Dançar conforme a música é percursionar a vida!Regina Rozenbaum (Imagem: Karin Izumi)
                                                                                           

terça-feira, 6 de setembro de 2011

SEMPRE UM PAPO

O jornalista Afonso Borges, há vinte e cinco anos atrás, idealizou e criou esse projeto, aqui em Beagá, com a missão de contribuir para o desenvolvimento de políticas de incentivo ao hábito da leitura a fim de formar cidadãos mais críticos. O projeto já ultrapassou os limites de Belo Horizonte e chegou a 23 cidades, em oito estados da Federação, além do Distrito Federal. Com o tempo, vieram outros projetos (Sempre um papo comunidade, nos bairros, programa de TV, biblioteca, portal, etc.) e iniciativas que visam sempre o incentivo à leitura e possibilita, conjuntamente, a associação entre cultura, educação e responsabilidade social. Sempre um papo é a realização de encontros entre grandes nomes da literatura e personalidades nacionais e internacionais com o público, ao vivo, em auditórios e teatros. Já fui a muitos: Adélia Prado, Lya Luft, Saramago, Rubem Alves, Ferreira Gullar, Miguel Paiva, Veríssimo e mais outros que nem me lembro mais. Fazia tempo que não ia. Essas coisas desse senhor implacável que não nos deixa organização suficiente, nem sobras, para as idas. Para comemorar suas bodas de prata organizaram uma mesa imperdível. Convidei Ângela, amaaada, para largar sua cozinha e irmos ouvir Ruy Castro e Heloisa Seixas, Frei Betto, Fernando Morais, Leonardo Boff, Zuenir Ventura, Luis Fernando Veríssimo, mediados por Zeca Camargo. Um encontro desse porte só caberia no Grande Teatro do Palácio das Artes.
E dá-lhe fila dobrando quarteirão para receber a senha de entrada. Parte cansativa e mal organizada para um evento desse tamanho.
Na fila que caminhava igual as de  banco... e Ângela era só sorriso!
E dá-lhe gente de todas as idades, principalmente jovens, o que nos deixou felizes e esperançosas, querendo ouvir. E dá-lhe duas “senhÔras” (Angelinha e eu) pulando cordinha de isolamento para as poltronas dos convidados Vips (não éramos, mas nos categorizamos como tal, tamanho desaforo) e patrocinadores.
Reservadas para nós...as inúmeras, e sem dúvida, importantíssimas pessoas dessa vida: seres do cotidiano nosso de cada dia...você, eu, nós!
Contravenção perdoada para quem só queria ficar mais perto de Luisinho, amaaado meu.
Depois, como os Vips não chegaram, decidiram abrir para todo o público que, na minha humilde opinião, mais importância não há. Somos nós, leitores e frequentadores, que sustentamos  os escritores e o projeto, né não?! Reservar todo o primeiro setor, para patrocinadores, é assinar atestado que somos dispensáveis e que é possível viver só dessas verbas. Até deve ser. Mas, a missão do projeto fracassaria e os escritores ficariam, numa tristeza só, sem ter o retorno de leitores.
Sentadinhas na área VIP e nos sentindo importantíssimas...Afinal, SOMOS messsmo!
Cada um fez sua homenagem ao Sempre um papo, mas quando Fernando Morais elogiando a quantidade de gente que ali se encontrava, mencionou através das presenças da secretária de cultura do governo do estado e nosso prefeito, que novas políticas educacionais, de incentivo à leitura, etc. e tal se efetivadas, em pouco tempo, triplicaria esse público... a audiência aplaudiu em pé. Os professores da rede estadual – em greve por tempo indeterminado desde junho – aproveitaram a deixa e empunharam cartazes e libertaram seus gritos. 
Da esq p/direita: Fernando Morais, LF Veríssimo, Zuenir Ventura, Zeca Camargo, Ruy Castro, Heloísa Seixas, Frei Betto e Leonardo Boff
Já Luis - com seu humor ímpar – mencionando sua dificuldade em falar em público, disse que todas as vezes que Afonso o convidou para o Sempre um Papo transformava-o em Sempre um Parto! Ô dó dele, gente... Meu lindo sofre mesmo, genuinamente, para falar. Tinha vontade de ajudar seus partos. Fazer nascer suas palavras orais sem dores, cesária ou fórceps, tal e qual ele pari suas crias escritas: de um jeito normal e lindo de vir ao mundo. A-DO-RO esse moço.
Fui crente que tiraria fotos, pelo menos com Luis, e conseguiria meus livros autografados e com dedicatória. Desisti. Minha tietagem não é tão grande, quanto imaginei, para enfrentar a muvuca que se formou e mais trocentas horas de fila. 
Sem condições de enfrentamento desse desgovernado populacional...Era gente saindo pelo ladrão!
Fomos embora felizes por esse 0800 em plena segunda-feira, reencontro, e combinadas (né amada?) de fazermos outros programas como esse.

Fonte: (www.sempreumpapo.com.br)

domingo, 4 de setembro de 2011

ESSA É MINHA HISTÓRIA... HOJE.


Amanheci doendo. Amanheceu com um sol de primavera. Por enquanto só vi a vida pela fresta das cortinas. Há um silêncio cortante em todas as direções... e eu ainda não saí da noite, como os sonhos ainda não saíram de mim.
Mas, sairão. Não desejo mais ser impregnada. Quero abstrair-me dessa impregnação que me adoece a alma. Eu sei muito bem a debilidade de minha alma doente. Repito para não esquecer: sou reatora e reautora de mim mesma. Desejo AMANHECER!
O anjo da bondade me desperta. Começo a tecer fios de energização em mim e comigo, deixando pontas que se interlaçam com o universo todo.
Sou livre para distribuir bondade e lúcida para agir com ela, não é, Richard?
Os fios tecidos me agasalham em bondosa companhia. Me reconstruo, me recomponho dos retalhos de mim, costurando, com cuidado, pedaços desta vida que eu não quis, não escolhi, mas que de mim é feita, ainda que sofridamente.
Respondo de forma ordenada à minha consciência universal. Sinto uma parceria interior cada dia mais forte, profunda, sincrônica. Não há divisas em mim. Te achei, me achando.
Me perdi em procuras. Exauri. Quando nada mais procurava, achei, a mim.
...Eu me preciso.
Minha necessidade é singular e única. Tem rosto, tem toque, tem jeito bem feito de tessituras novas que me vem de mim mesma.
Quem preencherá minhas faltas?
         meus desejos?
         minhas procuras?
         meus encontros e desencontros?
Quem neles poderá imprimir significação?
Há gritos vindos de minha alma com tamanha vibração e intensidade que me sinto em horizontalidade no mundo.
Como quem dorme ou descansa, repouso.
Longe é um lugar onde não estou.
Em qualquer lugar que eu esteja, sou amor.
Abraço forte, beijo doce, carícia farta.
Eu adivinho e faço possível toda adivinhação!
Neste contexto, alcanço dimensões holísticas que os homens deste mundo não entendem.
Também não quero, para mim, a compreensão desta humanidade emburrecida.
A vitalidade que me habita supera as barreiras do sem-fim e me sustenta numa excêntrica e vigorosa alegria de pertencer ao mundo dos não-nascidos. Isto não é raramente lindo?
Há quem possa me responder sobre esta raridade de beleza?
Se não, ecoo. Sou eco.
Sou voz à beira alta de uma serra de pedras e sinais gritando que estou viva.
Esta solenidade não é conhecida e muito menos sabida por outros. Mas, eu sei.
Este segredo me sustenta.
A minha alma está ancorada neste porto de milagres. Me aporto segura do que eu antes não sabia ser e agora sei, sendo eu mesma.
Só Regina. E essa é a história que tenho hoje pra contar.(RR)

Recebi o link abaixo, por email, de minha irmã Léa. Achei sensacional. Forneci os dados pedidos (não precisa ter medo) e estava lá... Em todos os cantos do mundo, nos jornais, tvs, na boca do povo. Quem nunca fantasiou ter seus minutos de fama que vá pra cama. E pensei: todos temos histórias para contar... e muito a fazer!
Clica aí e depois me conte, aqui, um pedaço da sua história...hoje, e como se sentiu.



quinta-feira, 1 de setembro de 2011

DIÁRIO


To aqui parada diante dessa tela branca. A cabeça borbulha com pensamentos variados, temperados e velozes. A escrita me situa. Admito minha significância e sei das minhas significações. Sei? É que nem este diário virtual. Pra uns será insignificante, pra muitos, significação. Posso apelidar a insignificância de avesso. É o direito que qualquer um tem de não gostar.
Porque gosto é entendimento. A gente só gosta do que entende.
O mundo tá cheio de quem não tem leitura, nem escola. É coisa do mundo mesmo. É como escrever Diário. Já viu homem escrever diário? Claro que não. Eu só vi um (li e ouvi). Mesmo assim porque era jovem.
Ser jovem é ter coragem. E mulher é corajosa. Daí tantos diários:
De Anne Frank (o mais famoso)
De uma estrela
De uma artista
Diário de Sofia – o mundo dela é lindo e filosofal; mas é diário.
Nem repórter escreve diário. Escreve crônicas, como Pedro Bial. Tai uma coisa pra mulherada pensar.
O pensamento da mulher é mutante.
O homem age. A mulher muda.
Isso a gente aprende com a vida, com a maternidade, com a situação.
To situada, como      o fruto no ventre
                                              o filho no colo
                                                 a água no rio
                                                    o trem no trilho
                                                                         a poeira da seca...
Estar situada é ter nome, ter gosto, ter cheiro. É entender a vida. O oposto é a insipidez, o anonimato, o travo. É ser sonso e insosso.
Não quero escrever moralidades. Chega de tragédias. De escândalo também. Afinal, to situada, embora tenha me despedido de tantas coisas. Já quase sei ou estarei me despedindo do aqui. Só que esta despedida atual nada tem a ver com o neutro artesanato de minha vida anterior.
É que viver é sempre uma questão de vida ou morte. Daí a solenidade.
Me sinto um pouco como a barata de Clarice Lispector: mansa e feroz.
Mansa – de coração.
Feroz - por força de vontade.
Eu preciso ir antes que seja tarde. Quem fica é trem. É conduzido. O rio vai por determinação e tarefa.
To indo.
Me aguardem. (RR)
(Imagem: notasaocafe.wordpress.com)