Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

2014 VAI SE DESPEDINDO



O mundo gira... (quanta novidade!) Novos acontecimentos e emoções...
Por que sentir tristeza ou tédio? 
Ouça músicas, veja filmes, viva intensamente cada momento! 
Não precisa focar no que distorce e no que fere! 
Aprecie o belo, o sol que nasce todos os dias e o seu despertar. A flor que enfeita um jardim, a criança que sorri ao te olhar. 
Há decepções, contudo há o direito de escolha, de fazer diferente, de manifestar nas ruas, de votar. De denunciar e ter o privilégio de viver em uma democracia ainda e ser livre!
A vida não é fácil mesmo, mas vamos com a certeza de que viver, sempre vale a pena. 
Viver cada esforço, vencer cada luta diária para cumprir nossa missão, fazer o bem e ser feliz!
Embora insistam na guerra, vamos acreditar que a paz no mundo depende da paz que trazemos em nossos corações!
Em 2014, tivemos grandes motivos para sorrir ou para chorar. 
Mas o que importa é que nos tornamos melhores e mais fortes a cada dia!
2014 vai se despedindo e o melhor brinde é pra mim... 
Que mesmo diante de todos os conflitos, problemas, tribulações, lutas e tempestades, RESISTI, e estou aqui combatendo, lutando e me preparando para receber 2015.
E ainda que venham as tempestades, estarei de pé, firme e forte, porque eu tenho um D’us que me levanta todos os dias e renova minhas forças. Sou-lhe gratidão!
E eu creio, ah creio mesmo, que 2015 será o ano da vitória, da colheita: para você, para mim e para o mundo todo!!!
Um natal abençoado com muita luz, amor e paz e até 2015 amaados meus!!!
"Em
tempo
de Festas
desejo a você apenas o tempo.
Que você seja aquele que conduz o seu tempo
e faça dele um aliado,
 para que possa realizar tudo o que desejar.
Que você reconheça a preciosidade de cada instante e,
consciente desta riqueza,
 faça as melhores escolhas.
Que você permita o silêncio habitar no seu tempo,
porque o silêncio  tudo organiza, tudo pacifica, tudo acalma.
Que você se encontre no centro do seu tempo e de lá orquestre a melhor sinfonia:
a sua vida  plena"

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

E DEZEMBRO CHEGOU!



Foi assim, um ano se passou e eu não vi. Mas antes que o final do ano me atropele com sua urgência de faxinas, despedidas, confraternizações e festas, faço uma pausa para mostrar o que trouxe na bagagem. Fico acanhada, porque trago apenas algumas lembranças. Momentos preciosos, de risadas libertas, sem motivo maior. Lágrimas emocionadas. Um dia a dia simples. Depois, o acanhamento passa. Afinal, não convém mesmo carregar muito peso na bagagem. Saibamos andar leves.
A Terra gira rápido. O tempo também é rápido e deixa um rastro. Outras histórias. Que podem ser rápidas, como contos, ou longas epopeias. É preciso passar as páginas para entender a versão do tempo. Cada ano que passa correndo é uma história que se escreve lentamente. Da janela, vejo a vida passando. E lá se vai mais um dia, mais um mês, o ano todo. Curtir é desacelerar. É o que eu desejo pra você no ano que está chegando. Pra você que veio calar pra ver e eu mostrei um pouquinho que seja. Pra você que veio só conferir. Pra você que vem sempre aqui e fala pra mim. Pra você que já passou e não conta pra ninguém. Pra todos vocês, muito, muito obrigada por compartilhar das minhas palavras. Estou aqui. Permaneço.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

MINHA PÃE




Digo sempre e reafirmo: minhas saudades são no plural. Não ligo para as regras do português. Não quando sinto o que carrego diária e a todo instante, em meu coração. Hoje, se estivesse por aqui faria 92 anos. Minha mãe, minha pãe amaaada! E como não acredito em coincidências, recebi ontem essa mensagem (desconheço a autoria) que diz um pouco de quem ela foi, é e sempre será:
“Mãe lê pensamento, tem premonição, sonhos estranhos. Conhece cara de choro, de gripe, de medo, entra sem bater, liga de madrugada, pede favor chato, palpita e implica com amigos, namorados, escolhas. Mãe dá a roupa do corpo, tempo, dinheiro, conselho, cuidado, proteção. Mãe dá um jeito, dá nó, dá bronca, dá força. Mãe cura cólica, porre, tristeza, pânico noturno, medos. Espanta monstros, pesadelos, mosquitos e perigos. Mãe tem intuição e é messiânica: mãe salva! Mãe guarda tesouros, conta histórias e tem lembranças. Mãe é arquivo! Mãe exagera, exaure, extrapola. Mãe transborda, inunda, transcende...”
Feliz Aniversário mãe! Com todo meu amor, recheado de doces saudades presentes e eternas... sua caçulinha.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

FOI PRO CÉU...



Novembro chegou com finados e algumas lembranças e reflexões. O primeiro pensamento que tive sobre os limites da vida foi alarmante. Devia ter uns cinco anos. Nessa época, gostava de ficar ao lado da minha mãe enquanto ela cozinhava.  Às vezes, fazia perguntas difíceis, tipo: "Por que meu pai morreu?" Não entendia essa história dele “estar no céu” ou de visitá-lo numa lápide fria. De alguma maneira, em ocasiões inspiradas, ela me dizia que um dia iríamos nos reencontrar. Que a vida era feita de ciclos e que bastava olhar a natureza, as plantas. Cresci. Passei a observar, principalmente com minha prática num hospital geral, que a natureza da morte foi transformada em convicção, que nos fizeram crer estar cindida da vida. O nascer é então glorificado e o morrer um sacrifício insuportável.
Morte e vida não podem ser vistas como opostas, pois, além de pertencerem ao mesmo processo, estão acontecendo ao mesmo tempo no ambiente físico e psíquico do Homem. Compreender a morte traz um conceito verdadeiro da vida, do amor, da lealdade e também da felicidade. É ir ao fundo da alma, do mundo subterrâneo, onde tudo é transformador. Ao emergirmos de lá, nos tornamos mais sábios e capazes e acompanhar o processo complexo que é a própria vida. No mergulho da alma, compreendemos a natureza e ressurgimos com lições para perceber novos caminhos, tendo a força de vida para enfrentar as fases difíceis e a paciência (ah meu D’us. quantas vezes peço-te dai-me paciência Senhor?!) para aprender a amar e respeitar a vida e a morte com profundidade, sabendo que ela faz parte do macrocosmo e que, portanto fazemos parte do todo, do uno.
Sei que não é bem assim. Mas sei também que as respostas que li nos livros de Deus e dos homens ainda não me satisfazem. O velho testamento, por exemplo, traz um D'us tão cruel que eu não aguento. O meu ser arrepia-se inteiro e encolho-me de medo. Como sei que isso não é justo, busco outras linhas para me inspirar. Leio um pouco de tudo. Quando li Nietzsche encantou-me a coragem de dizer que, em troca de uma vida eterna, morre-se muitas vezes antes de viver. De fato, matar um querer, por culpa, é dizer não ao desejo de expansão da alma. Saramago também me surpreende. No livro Caim, ele resolveu se rebelar contra o D’us do antigo testamento e concluiu: “a história dos homens é a história dos seus desentendimentos com D’us, nem ele nos entende a nós, nem nós o entendemos a ele”.  É por essas e outras que, às vezes, paro tudo e olho para o céu. Ocasião em que penso na vida e na desimportância dos meus sofrimentos. Penso nos prazeres e no dia em que vou viver plenamente, penso que, se não alcançamos os limites do mundo, se não entendemos a presença de D’us, se não podemos compreender o intangível universo existencial, viver deve ser mais simples. Esse é o meu jeito de ir para o céu.
É preciso aprender a ouvir a voz do coração, a voz interior, mergulhar no inconsciente e perceber sem negação aquilo a que se propõe a alma, seja belo ou não. Ao observar os ciclos da natureza, percebo a sincronicidade do Universo, onde tudo tem um sentido e nada é casual... Até mesmo a morte.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Religião, política e futebol...

"Seria injusto censurar a civilização por tentar eliminar da atividade humana a luta e a competição. Elas são indubitavelmente indispensáveis. Mas oposição não é necessariamente inimizade; simplesmente, ela é mal empregada e tornada uma ocasião para a inimizade."(Freud/Mal Estar na Civilização/1929).


Se minha mãe estivesse viva repetiria, em sua sabedoria, que religião, política e futebol não se discutem. Pelo menos não no nível que vimos. E que no final das contas e início de todos os contos dá no que dá: nada de viveram felizes para sempre! Esperei esse par de dias para colocar minhas ideias e sentimentos em certa organização. Logo após o resultado das eleições fui acometida de uma tristeza estranha, amarga. É claro que ninguém gosta de perder e tinha fé que meu candidato iria ganhar. Não importa se foi apertado, mas perdeu! E agora? Agora não quero ler as contínuas ofensas dos vermelhos contra os azuis e vice-versa. Muito menos as piadinhas - sem a menor graça - contra nós mineiros. Tenho honra e orgulho do meu estado, berço de grandes estadistas, artistas, intelectuais e gente como eu: trabalhadora, honesta e brasileira. Perdeu aqui? É, perdeu nas minhas Gerais. Decepcionante sim e já analisado pelos estudiosos os motivos. Para mim somos um único país e povo desejoso de tempos melhores para todos! Eu desejei e continuo!
Freud não era um teórico político, assim como não era historiador das religiões ou arqueólogo. Era um psicanalista que aplicava os recursos de seu pensamento às diversas manifestações da natureza humana. Mas ele fundou sua análise da vida social e política numa natureza humana muito própria. Recorri a seus textos - Psicologia das Massas, O Futuro de uma Ilusão e O Mal Estar na Civilização – para ordenar meus caos.   
Visualizar o fenômeno político, como expressão da esfera individual, em sua dimensão subjetiva, e tendo como fundamento a ansiedade, pode levar a negar a situação política objetiva. Da mesma forma, o protesto social, na visão psicanalítico política, pode ser visto como sintoma neurótico, abrindo espaço à Psiquiatria considerar a sociedade conforme as malhas do modelo médico mais autoritário: o modelo hospitalar clássico. 
Ao rechaçar o maniqueísmo ingênuo, que consiste em rotular como “boa” ou “má” tal ou qual política, a Psicanálise vincula como “soluções dramatizadas”, de uma temática que tem a sua gênese na vida pessoal.  
O governante tem o verdadeiro poder, mediante a atribuição ilusória de seus partidários. A imagem freudiana do pai, como modelo de autoridade, vincula-se diretamente com a ideia de que na sociedade ocidental qualquer tipo de autoridade será submetido a crises.  
A atitude psicanalítica reforça o distanciamento ante a autoridade. Freud agrega a contribuição da análise psicanalítica à crítica do conceito de legitimidade, já muito desenvolvida nas ciências sociais. Para Freud, a dimensão política é uma extensão da esfera privada; assim, a veneração exagerada ante o homem público é uma recorrência da adoração do filho pelo pai. Freud considera a personalidade pública como um carente de atenção e afeto, derivado das relações pessoais! E essa lembrança, nesse momento, me bastou para reorganizar o meu caos.
Está amargando a derrota? Fui perguntada. Respondo:
Jiló na sopa, conserva de jurubeba, chá de boldo ou de carqueja... De vez em quando, o amargo dá o sabor do dia. Algumas pessoas gostam muito, juntam o útil ao desagradável e ainda fazem cara boa. Há quem usa o amargo para transformar a comida insossa em um algo mais palatável. Claro, depois de uma jurubeba, até arroz sem tempero fica bom. E há quem nem mesmo experimente. Jamais faria parte deste grupo. Posso até fazer careta e engolir rápido, mas experimento. Por vezes, até gosto, como no caso do jiló cozido inteiro dentro da sopa.
Jiló dentro de uma sopa de legumes é uma surpresa, ele intensifica o sabor dos outros ingredientes. Não fica tão amargo, chega quase a ficar adocicado, mas faz a cenoura aparecer, a batata ganhar graça, a abóbora brilhar e a batata doce se superar. Precisa ser cozido inteiro. Colocar só um pedaço atrapalharia toda a receita. Aí, sim, ficaria amargo.
Acho que tem a ver com a vida também. Nos dias amargos, tentar viver pela metade é a pior estratégia. Melhor entrar por inteiro na tristeza, na decepção, na frustração, para entender melhor, para poder sair mais forte, para saber que, no final das contas, a vida tem disso e que, apesar dos pesares, vale a pena ser saboreada às colheradas.
A vida não é sopa, mas pode ser gostosa, inclusive com os seus amargos. Sigo em frente!