Minha experiência pessoal com o pescoço começou há dois meses. Acompanhando uma das irmãs, sexi_genária, depois que fez face, pálpebras e pescoço, ao cirurgião plástico ele me disse:
- Você está na idade ideal para fazer...
Não me lembrava de ter dito quantos aninhos tinha. Nem mesmo sinalizado um desejo de me submeter ao seu bisturi. Nem ainda de ter aberto minha boca! E antes de perguntar quantos ele imaginava, emendou:
- Aos cinquenta o custo-benefício é fantástico. Ou você vai esperar perder a elasticidade – residual - em seu pescoço para fazer?!
Oiiii???
Minhas mãos não foram elásticas, o suficiente, para dar um cala-boca nesse fabricante de ilusões e produtor de caraminhola em cabeça alheia. Bem que quis. Mas a reação imediata foi chegar a casa e enfrentar o espelho. Em uma parte de meu corpo que nunca tinha prestado a mínima das atenções. Sabem quando a gente volta um filme bem rapidinho? Foi assim.
Às vezes saio para almoçar com as meninas – escrevi a frase até aqui e parei. Suponho que quisesse dizer “com minhas amigas”. Não somos mais meninas e deixamos de ser há trinta anos. Muitas há quarenta. Convivo com as sexi com a mesma desenvoltura que com as de trinta ou quarenta. Meu grupo é bem eclético e democrático. Enfim, às vezes saímos para almoçar e corro os olhos pela mesa e vejo que muitas estão usando blusas com golas altas, ou bijus enroladas ou ainda echarpes (no calorão) à La Katherine Hepburn em Num lago dourado. É meio engraçado e meio triste, porque não somos neuróticas com relação ao envelhecimento – nenhuma de nós mente sobre a idade, por exemplo, e nenhuma de nós se veste de maneira imprópria para nossa faixa etária. Parecemos ter a idade que temos. Exceto pelo pescoço. Agora compreendo o que antes acreditava ser o estilo fashion das meninas.
Ah, os pescoços. Há pescoços de galinha. Há pescoços de peruas. Há pescoços de elefantas. Há pescoços quadriculados de rugas e pescoços com dobras e pescoços com sulcos que ameaçam virar dobras. Há pescoços magrelos e pescoços gordos, pescoços enrugados, pescoços fibrosos, pescoços murchos, pescoços flácidos, pescoços sardentos. Há pescoços que é uma espantosa combinação de tudo isto. Há pescoços pra todos os (des) gostos!
Ah, os pescoços. Há pescoços de galinha. Há pescoços de peruas. Há pescoços de elefantas. Há pescoços quadriculados de rugas e pescoços com dobras e pescoços com sulcos que ameaçam virar dobras. Há pescoços magrelos e pescoços gordos, pescoços enrugados, pescoços fibrosos, pescoços murchos, pescoços flácidos, pescoços sardentos. Há pescoços que é uma espantosa combinação de tudo isto. Há pescoços pra todos os (des) gostos!
Pode-se usar maquiagem no rosto e corretivo sob os olhos e tinta nos cabelos, pode-se injetar colágeno, botox e restileno nas rugas e sulcos, mas, à exceção de uma cirurgia, não há nada que se possa fazer pelo pescoço. O pescoço é um delator infalível. Nosso rosto a mentira e nossos pescoços a verdade. Nua e crua. É preciso cortar uma árvore para descobrir sua idade, mas isto seria desnecessário se ela tivesse pescoço. Foi por conta dele que esse produtor de caraminhola acertou minha idade e afundou minha autoestima numa batalha naval sem a menor graça.
E quando a gente emagrece? Tenho o rosto fino e magro (na maior parte do tempo) e o pescoço também. Então, a luta contra minha exuberância de ser dá suas primeiras vitórias, melhor baixa, em ambos. Como você tá abatida é a frase ouvida. Agora será acrescida de pescoço muxibento? Ah não!
Ó céus... Ó vida...que dilema: se eu operasse o pescoço – enquanto resta elasticidade – teria que operar o rosto também. Se você estica o pescoço, precisa esticar o rosto também. Podem perguntar para qualquer cirurgião plástico. O problema é uma grande bola de neve!
Na minha idade tenho que escolher: me matar para perder uns dez quilos, ficar com a cintura que eu quase quero, pescoço desgraçadamente enrugado e seios pequenos ou embolachar de vez, perder a cintura, ficar com braços de madona italiana, seios mais interessantes e pescoço lisinho… Ó dúvida cruel…
Quer saber? Prefiro apertar os olhos para não ver no espelho o rosto e o pescoço que tenho do que deparar com uma estranha que tem a aparência suspeita de um couro de tamborim.
E agora respondo a esse doutor: estou na idade ideal para ser feliz! Mesmo que para isso tenha que ser elááááástica diariamente.
(Imagens: Internet)
(Imagens: Internet)