Não sou escritora*. Nem poeta**. Represento por escrito minha alma sonhadora e meus devaneios diários. Outro dia um amigo me disse por escrito: daqui a 120 anos quando você escrever um poema... Quase bebi da má água com essa fala. Mas aí lembrei: escrever eu posso em qualquer lugar.
É tarefa fácil. Mesmo sem papel.
Posso escrever na mão,
no chão,
na praia
no quadro
na folha
na cama, no mundo.
Posso escrever eu mesma.
Está em tempo hábil.
Sem pretérito ou condicional, menos ainda subjuntivo.
É livre meu verbo.
É só presente. Escrevo.
Ah! Que sensação legal.
O que é legal pode não ser legítimo, e a recíproca é verdadeira.
Mas eu legitimo a minha legalidade.
Só há um jeito possível,
só uma forma sonhada:
sensibilidade. Só isso.
Só disso se precisa para ser,
pra viver,
pra morrer
Não é difícil. É fácil. E não preciso de 120 anos!
Sou dessas pessoas que provocam facilidades. Facilitar as coisas nos faz menos embrutecidos.
Não sou uma pessoa difícil. Sou fácil.
Sou, porém, muito sensível.
Ah! esta sensibilidade me debilita.
Não, não sou débil.
Não fui bem compreendida. Talvez nunca seja. Não me importa. Não mais.
Quero continuar sensível.(RR)
Prá minha minina-ternura... sensibilidade pura!
*Escritor: Aquele que compõe obras literárias, científicas ou didáticas.
**Poeta: Aquele que faz versos e se dedica à poesia.
(Imagem: Karin Izumi)