Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

domingo, 5 de junho de 2011

DOMINGO E DISTÂNCIA

Eu agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?
(Mário Quintana - Espelho Mágico)
Normalmente é esse o dia do descanso. Não é necessário o despertador nem as obrigações domésticas para me avisar que tenho que sair de debaixo das cobertas e posso exercitar o outro pecado preguiçosamente. Esse friozinho que se instalou, nessas últimas semanas por aqui, me faz acreditar que ainda estou em minhas Gerais.  O ônibus não desce pontualmente as seis da matina, os trabalhadores não aparecem, o porteiro não tem com quem gritar o resultado do jogo de futebol de seu time e quase há um silêncio absoluto. Silêncio que possibilita a audição dos pássaros num som límpido.
Mas tive uma noite, madrugada, bem diferente. Sem nenhum ruído exterior acordei a uma e meia da madrugada. Será que o filho chegou? Muito cedo para retornar da balada! As quatro o vento batia nas persianas e entrava - sem nenhum convite - pelas frestas deixadas. Frio... A ausência que aquele cobertor de orelhas tiraria de letra.
As seis, sobressaltada, acreditava ter perdido a hora! Coisa chata. Hoje é domingo e nem assim consigo me alforriar desse incômodo?!  Percebo que o barulho que me incomoda não é o externo – é o meu próprio barulho. É preciso silenciar por dentro. Somente quando silenciamos por dentro é que somos capazes de nos ouvir. A gente se escuta e escuta o que D’us tem a nos dizer. Necessito de intervalos para a quietude. Lembro do  rabino gaúcho Nilton Bonder que se refere à pausa (Os domingos precisam de feriado) como “algo fundamental para a saúde de tudo que é vivo”. E alega: “Parar não é interromper. Muitas vezes, continuar é que é uma interrupção”. É a pausa que dá sentido à caminhada conclui ele.
Nessa pausa domingueira sinto esse incômodo. Às vezes ter notícias não é suficiente. Não acomoda a reviravolta do coração. É um sentir você mais que saber. É dor o que sinto... dor de saudade. Saudade da presença e até dessa ausência consentida. Saudade! E tantas que em cada canto escuto você...
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16 comentários:

  1. Linda tua reflexão e conheço esse texto do Rabino.´[E lindo e verdadeiro...Um bom resto de domingo,chica

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  2. S saudade, irmiga, aprendi, é um sentimento bom, a gente não a sente por nada que não valeu a pena, por alguém indiferente.

    O silêncio...silenciar a inquietude que nos habita, e agita o repouso e contraria a monotonia, a apatia. Mexe e remexe. Falei dele, e da sua necessária presença - rendendo poema e tantas lindas considerações.
    De maneiras diferentes, falamos da mesma coisa. Esses ruídos internos sacodem o sono e delatam o que precisamos ver, entrar em contato, enfim...não vou falar do Padre nosso ao Vigário, né?...rs

    Tô com o Nilton, que tb disse em 'A Alma Imoral',que "a experiência humana é marcada pela alternância de estados despertos e de torpor."
    Quando "alguém grita lá no porão", a gente precisa dar-lhe ouvido, pra dar-lhe voz, e sossego.

    Bom domingo, na tua medida e no teu querer.
    Bjos, amada!

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  3. Então estamos bem com os nossos dias de quietude e verdades indesejadas lançadas na cara, eu com o sábado, vc com o domingo. Podemos trocar qualquer dia, o que acha? Se bem que no sábado deve ser dia de lerê por aí, o tempo para estar diante do único barulho audível, o do seu próprio silêncio, esse tempo fica um tanto escasso.

    Que delicinha esse seu jeito de escrever as suas inquietações e barulhos internos.

    Beijos, minha amiga querida, sempre querida.

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  4. A saudade e a distancia muitas vezes nos machucam bem mais que podemos aguentar...beijos de boa semana pra ti querida.

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  5. Oi Regina, td bem? Vim aq retribuir tardiamente um comentário seu e me deparo com estas palavras que fazem todo sentido pra mim: “Parar não é interromper. Muitas vezes, continuar é que é uma interrupção. É a pausa que dá sentido à caminhada."

    Não sei do que, de quem ou de onde vc tem saudade, mas saudade incomoda sim, e resta a nós aquieta-la com algum pensamento reconfortante.

    Um bom resto de domingo pra vc. Beijos!

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  6. Ai Rê,
    Que lindo esse sentimento de saudade, de admití-lo e de deixá-lo fluir. Linda admissão de que se é humano, e que as vezes os barulhos internos são enormes. Que você consiga a sua pausa.
    Apesar do barulho da noite, que seu domingo seja de paz.
    Gd beijo

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  7. Oi, Guerreira querida!

    A distância é a medida
    que vai de um ponto ao outro.
    Até parece simples, transparente!

    Já a saudade é desmedida,
    imensurável na dor.
    A gente sente
    ela nos chega amarga, incolor.

    Mas saudade só se tem, do que é bom,
    do que cativou o coração.

    A dor pela ausência
    não depende da distância,
    não tem remédio, nem ciências
    para aligeirar o nó.

    Saudade se debela
    reunindo essências
    na magia de dois…
    num só.

    G.S.

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  8. - Se um dia tua saudade me deixar,
    - Meu peito explodirá em dores mil;
    - Pois certo minha alma irá chorar
    - Saudades da saudade que partiu.

    - Tá vendo o que você fez, moça? Ficas espalhando sementinhas nas almas dos amigos, e de vez em quando elas brotam em mim. Essa plantinha ainda vai crescer... anota aí. E obrigado pela inspiração. Beijos.

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  9. A saudade não mata mas mói...

    Beijo meu.

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  10. Linda reflexão e um saudosismo que sempre me faz refeltir. boa semana para vc! bjs Zí
    www.casadazi.blogspot.com

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  11. Olá, Regina!
    É verdade, a mais pura verdade - infelizmente ou falizmente?
    Bjs!
    Rike.

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  12. Tão bom quando conseguimos silenciar de verdade a nossa alma, só assim entramos em sintonia com Deus. Já vivi e vivo uma inquietude, uma agitação muito ruim. Precisamos encontrar com o silêncio....Quanto ao vídeo eu amooooooooooo essa música, linda! Boa semana viu cheinha de coragem, silêncio interior e paz, pois vc merece! Bjssssss

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  13. Regina, às vezes, nas minhas andanças pelos blogs amigos, tenho a felicidade de me deparar com alguns textos que, ao final, penso cá comigo: eu gostaria de ter escrito isso. É o que aconteceu agora ao te ler.

    Beijos.

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  14. Este texto deve ser lido muitas vezes, beijo Lisette.

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  15. A saudade serve de inspiração para música, poesia e prosa.
    Mas, dói...
    Abraços, Rê!

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  16. Um grande beijo de linda segunda feira pra ti amiga...paz e carinho sempre....

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