Tem vezes, muitas, que a
saudade me deixa de olhos vermelhos e, se descuidar, me sufoca. Coisa inútil.
De pequena compreendi que santo de casa não faz milagre e agora descubro que
fez sim. A etiqueta de D.Lucy foi construída
na luta diária e ensinada a todo instante. Na primeira capotada, que a
humildade nunca é demais; que a firmeza de caráter costuma vencer; que a
elegância não é da roupa, mas de quem a veste; que o céu é generoso com quem
não pede só para si; que desejar e conseguir é arte que se exercita em silêncio
e quase sempre em solidão; que a beleza é uma religião, como o é a verdade.
Crescem
os sentimentos que mudam como as cores ao entardecer, a percepção mais
profunda, a capacidade de perdoar infinitamente maior. Acaba-se com a
necessidade de ser atriz e surge o prazer de ser espectadora, de aproveitar o
que resta como se fosse uma vida inteira, que inteira mais não é. Vida
maravilhosa - essa que vale a pena ser vivida – que se compreende apenas no
fim viver.
(Imagem: Karin Izumi)