Era no jardim da casa de minha
mãe que vivi grandes brincadeiras de infância. Lá descobri a caça aos
tatuzinhos. Aqueles minúsculos bichinhos me encantavam com seus inúmeros pezinhos
que nem por isso aceleravam seu jeito lerdo de caminhar. Quando se sentiam
ameaçados fechavam-se numa bolinha proteção e quase nada os faziam
reabrir. Passava horas olhando quando é que dariam, novamente, o ar de suas
graças. Cansava e era só meu olhar se distrair que quando me lembrava deles, já
estavam lá seguindo seus caminhos. Essa era a maneira natural, tempo próprio de
retomar suas vidas e que nunca descobri quando, como ou o que os faziam
desembolar. Outra era forçada. Quando os meninos, perversos polimorfos,
acendiam um fósforo para esquentá-los... Ô dó! Instalava-se desde aí a guerra
dos sexos. De um lado as histéricas gritando e implorando um pouco de amor e do
outro os poderosos machões mostrando quem mandava no pedaço. Tinha me esquecido
desses tatus-bolinhas, e o quanto ocuparam minha infância, até essa semana. Na
avaliação com fisioterapeuta, após muitas perguntas e exame físico, disse-me
ele:
- Poxa Regina, a gente nem
pode triscar em você que já se fecha como um tatu-bolinha.
E continuou mostrando minha
postura para dentro, envergada, quase totalmente fechada e implodindo. Aconteceu
algo nesses tempos? Perguntou-me ainda.
Penso que ocorreram “algos”.
Como acontece na vida de todo mundo. Sei
que estava caminhando pelo jardim da vida quando fui triscada, dolorosamente,
umas tantas vezes. O porquê que, dessa vez, me fechei bolinha sei não. Nem
imaginava a existência dessa minha capacidade. Se está sendo de forma natural,
respeitando meu tempo interior, a saída do modelito bola também não sei. Uma coisa
posso afirmar: palito de fósforo aceso (telefonema, email, convite pra sair,
visitas, abraços...) na alma nos ajuda a sair da casca! Já acendeu
um fósforo hoje num tatu-bolinha/amigo(a)?
Hoje também acordei assim, fechada qual bolinha...cheia de medo, mas espero que o dia ainda me permita acender o fósforo e sair da casca, encher-me de força, como ontem e ir à luta.
ResponderExcluirbeijinhos, Rê querida
P.S: é possível acender o fósforo na sua própria carapaça?:)
ResponderExcluirHora de virar a página, ensaiar o sorriso mais bonito, recompor o coração e ensina-lo a bater novamente. Mágoas, rancores e decepções são deixados de lado na medida em que percebemos que o mundo não pára pra esperar a gente acordar e decidir viver.
ResponderExcluirTudo simples, nada fácil. Só quem cai e se machuca sabe o tamanho do seu ferimento, o tempo que levará pra cura-lo, o quanto dói.(...)
Bjs.
Ai ... tatu bolinha, quantas acompanhei pelo quintal de casa.
ResponderExcluirSoube de crianças que pegavam pra comer, credo!!!!!!!!!!!!!!
Lembrando desse tempo, me veio a lembrança que eu queria ser como eles, ir calmamente para algum lugar e me fechar quando qualquer um tentasse me invadir.
Já acenderam muito fósforo na tentativa de me obrigarem a ser diferente do que sou. Machucou muito.
Ainda tenho meus momentos tatu-bolinha. Quem não entende me acha muito esquisita............ E, sinceramente? Também eu.
Beijinhos enroladinhos RE
Olá, Regina!
ResponderExcluirÉ só uma tempestade, dái a necessidade de "se agasalhar", mas logo vem o arco-íris e tudo passa! Mas mesmo assim estou aqui na chuva, de guard-chuva, te esperando sempre!
Bjs!
Rike.
Eu gosto muito da linguagem metafórica, ela constrói a realidade desse jeito doce que vc fez, sem chicote e autoflagelo...
ResponderExcluirRê, acho que todos nós já vivemos, em alguma medida, esse esconde-esconde, esse recolhimento, essa defesa, esse ensimesmar-se...e, como disse Zizi, nossa amada, tb já tivemos uns tantos palitos a agredirem nossa forma, desconhecendo detalhes que nos explicam muito bem...estas dores e recolhimentos são o ensaio da vida enquanto a tecemos nas "expervivivências" a forma nossa, individual, se SER.
Amei e vou carregar comigo esta metáfora, ela vai ajudar uns tantos por aí...enquanto isso repito o chá (aff, que gosto forte, mulédedeussss) e tento sair deste cativeiro repleto de cóf cóf's...e aguardo, SEM MEDO!!!! (te amo, queridona!)
Bejãozão procê!
Nem sempre estamos interiormente disponíveis para empreender esta descoberta mais profunda e, por isso, solitária - da pessoa que somos.
ResponderExcluirBeijo meu.
Crueldade com os bichinhos, tô fora!
ResponderExcluirMas cutucar com e-mails para despertar uma amiga sumida, eu já fiz muitas vezes, e não me arrependo!
Acho que valeu a pena!
Bjs, Rê!
É que às vezes a gente se atrapalha entre acender o fósforo ou ser o próprio tatu-bolinha. Mas é inerente à condição de estar vivo, não somos uma coisa só, né? Somos tantos e feios e bonitos e humanos.
ResponderExcluirBeijo, Rê.
Beijo!
Que bom te ver, tatuzinha,
ResponderExcluirDesembolando, afinal!
Estica as pernas! Caminha!
O mundo é o teu quintal!
Sejas leoa ou estejas tatuzinha, a gente te ama. Beijão.
Lindo, lindo este post!
ResponderExcluirCom que então Tatus-bolinha é?!!
Cá chamamos bichinhos carpinteiros (não sei porquê!).
Mas de fato também foram meus amigos de infância, hoje ainda brinco mais as filhotas com eles.
Esta forma de os (nos) comparar tem o seu nexo. Realmente por vezes fazemos como eles, nos fechamos e enrolamos todos (eu faço muitas vezes).
Tal como eles, também nós sabemos descobrir quando a "costa está livre", como, quando, porquê?!!
Deixemos a mãe natureza reservar pelo menos alguns dos seus lindos segredos.
Bjs, fica bem ... Tatuzinho!!!!!
Regina,
ResponderExcluirdepois de tantos comentários lindos e profundos quase mais nada resta para dizer...
somos tatus quando temos esse maravilhoso dom de sentir...
dói e tb é prazeiroso quando as nuvens se desvanecem...
beijo n. a.
Oi Regina..
ResponderExcluirMuito, mas muito bacana esta sua postagem.
Amei mesmo..esta metáfora que voce criou.
Acho que todos temos em determinada fase da nossa vida esta "síndrome do tatu bolinha".
Não acho que seja ruim..acho que faz parte de um processo.
O que não podemos é esquecer da nossa essencia... e saber a hora
de sairmos deste estágio..
Nuito feliz em te ler..
Bjinho..e obrigada pelo carinho!!
Oi, Regina. Comparação mais do que apropriada. Tenho me sentido um tatu- bolinha nos últimos meses. Mas nem mt em relação a sair, mas aos sentimentos mesmo. bjss
ResponderExcluirAs vezes nos sentimos assim, fechados, enrolados,,,coisas da vida...da paz que precisamos sonhar infinita dentro de nós...beijos querida...bom dia pra ti.
ResponderExcluirOlá, RÊ!
ResponderExcluirAcender fósforo, não... que isso não se faz, é maldade... como a Rê disse no texto; escolho mandar um abraço, esperando que possa ajudar a sair da carapaça em que se enfiou.
A historia que a Rê conta, lembra-me os ouriços, que se comportavam exactamente como esses bichinhos, quando se sentiam ameaçados: Fechavam-se enquanto se sentiam em perigo, e ficavam ali como uma bola redondinha, eriçada de espinhos.
E eu acho que os humanos se fecharão pelas mesmas razões; instintivamente, como forma de auto-defesa.
E que tal como os ouriços também se abrirão quando ganharem confiança para prosseguir o caminho.
Beijinhos amigos, fique bem!
Vitor
Que legal essa história da infância e os tatu-bolinhas e o bom é que resgataste os bichinhos, agora sabendo usar melhor dos teus "poderes"...
ResponderExcluirMuitas vezes, quando não quero fazer algo, me recolho. Sou bicho do mato e pra me levarem à uma festa, nem te conto"! Precisa ser das booooooooas mesmo, senão, fico no nosso mundinho tranquilo... beijos
( ainda não descobri como não recebo tuas atualizações no Reader, como recebo de todos que sigo.Arre!! ) beijos,chica
Querida amiga
ResponderExcluirHá nas metáforas
escritas com vida,
ensinamentos preciosos
que nos devolvem a vida...
Que os sonhos te acompanhem sempre.
Querida amiga, hoje parece que esses "bichos bolinha" não existem mais, quando eu era criança vivia "torturando" os bichinhos rs. Aproveitando que hoje é dia do abraço, receba um grande e afetuoso abraço. Beijocas
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