Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

ENTRE TAPAS E BEIJOS E APAGÃO

Imagem enviada pelo amigo Leonel. Por que algumas mulheres custam pra dormir?
Cada uma destas bolinhas azuis,
É um pensamento de alguma coisa que deve ser feita,
uma ideia, ou um problema.
Começava o seriado e a cena era de caos. Enquanto uma das protagonistas tentava se localizar num oncontô, oncovô e quemconsô fez-se a escuridão.
Permaneci no sofá, esperando que, rapidamente, a eficiente companhia elétrica restituísse a luz. Mas não aconteceu. Os pensamentos - até então - distraídos pela telinha dispararam...
O mundo em que vivemos talvez seja um mundo de aparências, a espuma de uma realidade mais profunda que escapa ao tempo, ao espaço, a nossos sentidos e a nosso entendimento. Mas nosso mundo da separação, da dispersão, da finitude significa também o mundo da atenção, do reencontro, da exaltação. E estamos plenamente imersos neste mundo que é o de nossos sofrimentos, felicidades e amores. Não experimentá-lo é evitar o sofrimento, mas também não haverá gozo. Quanto mais estamos aptos à felicidade, mais nos aproximamos da infelicidade.
O Tao-te-ching* diz muito apropriadamente: “A infelicidade caminha lado a lado com felicidade; a felicidade dorme ao pé da infelicidade”.
Nosso cotidiano vive sempre em busca de sentido. Mas o sentido não é originário, não provém da exterioridade de nossos seres. Emerge da participação, da fraternização, do amor. Amor quando concebido como fim e meio do viver, dá plenitude de sentido ao “viver por viver”.
Fez-se luz. Ligo o computador e registro esses pensamentos disparados ou seriam disparatados? Não importa. Agora vou dormir... espero!
*Tao-te-ching: livro do caminho, coleção de 81 poemas escritos por Lao Tsé, que constituem os fundamentos do taoísmo.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

NOVENTA ANOS




As filhas de Lucy
Faria hoje se por aqui ainda estivesse de corpo. Os preparativos para a celebração da VIDA, como gostava de dizer, já aconteceram meses antes. Tudo com toques inconfundíveis de sua alegria. Dessa vez deixaria nas mãos das filhas toda organização. Mas, não seria mamãe se não exercesse seu controle de qualidade. Flores, sua paixão, em profusão. Espalhadas e espelhando seu encantamento pela Mãe Natureza. A comida farta e saborosa, que agradasse a todos os gostos, também! Ah e a música? Im-pres-cin-dí-vel. E que não deixasse ninguém sentado. Dançaria com os genros, netos, bisnetos, irmãos, sobrinhos e amigos. Fotos? Muitas! Para a posteridade, diria. E é nessa posteridade que localizo minha saudade... Diária! Saudade é mesmo uma presença.  E o amor é o seu melhor tônico! Não preciso pronunciar seu nome para que logo ressuscite e apareça bem viva aqui ao meu lado. Feliz Aniversário mãe!

sábado, 24 de novembro de 2012

PAI-NOSSO MÃE-NOSSA



Acordei hoje com um desejo imensurável de orar. Não as rezas de sempre. Queria algo, diferente, sem saber bem o quê. Palavras que se pronunciassem a partir do silêncio... Pedindo que o silêncio me falasse. Procurando na gaveta do criado-mudo uma oração, que ganhei faz tempo, encontrei num cantinho uma caixinha. Dentro dela, em papel delicado, estava essa lindeza esperando para pular fora e cair dentro do meu coração. E assim se fez. Obriagada Rubem!
Pai... Mãe... de olhos mansos,
sei que estás invisível em todas as coisas.
Que o teu nome me seja doce, a alegria do meu mundo.
Traze-nos as coisas boas em que tens prazer:
o jardim, as fontes,
as crianças,
o pão e o vinho,
os gestos ternos, as mãos desarmadas,
os corpos abraçados...
Sei que desejas dar-me o meu desejo mais fundo,
desejo cujo nome esqueci... mas tu não esqueces nunca.
Realiza pois o teu desejo para que eu possa rir.
Que o teu desejo se realize em nosso mundo,
da mesma forma como ele pulsa em ti.
Concede-nos contentamento nas alegrias de hoje:
o pão, a água, o sono...
Que sejamos livres da ansiedade.
Que nossos olhos sejam tão mansos para com os outros
como os teus o são para conosco.
Porque,
se formos ferozes,
não poderemos acolher a tua bondade.
E ajuda-nos
para que não sejamos enganados pelos desejos maus.
E livra-nos
daquele que carrega a morte dentro dos próprios olhos.
Amém. (Rubem Alves)

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

PROCLAMANDO O FERIADO



Nada de menos foi proclamado nesse feriado. Tudo de mais: natureza arregalada no verde e agradecida pelas águas caídas... Jabuticabeiras fartas em doce generosidade... Comidinha(s) Santa(s) pra Matilde nenhuma botar defeito... Conversas jogadas dentro, pois fora é desperdício... Um passeio, uma pousada, e lá um reencontro amizade... Clotilde a lagartixa que me adora  e o ar de sua presença no quarto e eu (pobres anfitriões) com meus gritos... Aleluias em profusão anunciando mais um pé d'água... E assim posso promulgar aos quatro ventos: obriagada Zé e Syl!   
Escondidinho danadu de baum
Pousada Lara
Restaurante da pousada
Passarinho pouco é bobagem

E com toda mineiridade que me cabe deixo procês uma estória... e mais abaixo um dos vídeos institucionais que diz tudim de nóis!

Estava um amigo num passeio em Roma quando, ao visitar a Catedral de São Pedro, ficou abismado ao ver uma coluna de mármore com um telefone de ouro em cima. Vendo um jovem padre que passava pelo local foi perguntar razão daquela ostentação.
O padre então lhe disse que aquele telefone estava ligado a uma linha direta com o paraíso e que se ele quisesse fazer uma ligação teria de pagar  100 dólares.
Ficou tentado com o trem, porém declinou da oferta. Continuando a viagem pela Itália encontrou outras igrejas com o mesmo telefone de ouro na coluna de mármore. Em cada uma das ocasiões  perguntou a razão da existência e a resposta era sempre a mesma: Linha direta com o paraíso ao custo de 100 dólares a ligação. Depois da Itália, chegando ao Brasil, foi direto para  Belo Horizonte. Ao visitar a nossa gloriosa Catedral de Nossa Senhora da Boa Viagem, ficou surpreso ao ver novamente a mesma cena: uma coluna de  mármore com um telefone de ouro. Sob o telefone um cartaz que dizia: LINHA DIRETA COM O PARAÍSO - PREÇO POR LIGAÇÃO = R$ 0,25 ( vinte e cinco centavos ).
Não agüentou e disse : Uai padre... viajei por toda a Itália e em todas as catedrais que visitei vi telefones exatamente iguais a este, mas o preço da chamada era 100 dólares. Por que aqui é somente R$ 0,25 centavos?
O Padre sorriu e disse ao meu amigo: Você está em Minas Gerais. Aqui a ligação é local... O PARAÍSO É AQUI!