Então é natal. Vou (Rê)contar para vocês que tenho
muita preguiça de tudo que acontece ao longo desse mês. O tal espírito que
baixa - só e somente só - nas pessoas, nessa ocasião, então nem conto. A
correria, o trânsito intransitável, o sorriso amarelo, os tapinhas nas costas,
os beijos sem tocar face (que dirá o coração), as festinhas de confraternização
nos locais de trabalho – campo de batalha ao longo de todo o ano -, os presentes,
as visitas formais, enfim, "espírito" e alegorias que terminam antes mesmo da virada do
ano. Claro que acho lindo ver minha cidade
decorada, corais entoando músicas, vitrines criativas, luzes piscando ali e
acolá. Propagandas na TV que é pura maquiagem alegria. Apelação pouca é bobagem. E a gente cai. Cai não, esborracha. Mas isso também me faz, curiosidade natalina, perguntar: e o nascimento DELE, é realmente
celebrado? Uma única vez estive presente
numa ceia natalina onde, à meia-noite, chegou a mesa central, um bolo
maravilhoso, vela acesa, e os anfitriões começaram e todos entoaram um parabéns pra você bacanérrimo! Fiquei procurando pelo aniversariante, feito uma esquecida, lesada, de tão envolvida por esse espírito... Ô vergonha! Mas, não
é assim que comemoramos os aniversários, nascimentos?! E logo no DELE o alemão, aquele que afeta a memória, invade nos fazendo esquecer?! Não me cabe questionar o
natal de ninguém. Ado ado ado, cada um no seu quadrado! Até porque existem
escritores maravilhosos, da nossa literatura, que sempre o fizeram de maneira
ímpar. Vou postar ao longo desses dias alguns que selecionei. Vou começar com
ela: Cecília Meireles. Já conhecia? Espero que gostem! Eu adoro. Critica de um jeito lindo! Beijuuss – os de sempre... os que mando ao longo de toooodo o ano –
procês e claro um Natal Felizzzz!
Praça da Liberdade |
A
cidade deseja ser diferente, escapar às suas fatalidades. Enche-se de brilhos e
cores; sinos que não tocam, balões que não sobem, anjos e santos que não se
movem, estrelas que jamais estiveram no céu.
As lojas querem ser diferentes, fugir à realidade do ano
inteiro: enfeitam-se com fitas e flores, neve de algodão de vidro, fios de ouro
e prata, cetins, luzes, todas as coisas que possam representar beleza e
excelência.
Tudo isso para celebrar um Meninozinho envolto em pobres panos, deitado numas palhas, há cerca de dois mil anos, num abrigo de animais, em Belém.
Tudo isso para celebrar um Meninozinho envolto em pobres panos, deitado numas palhas, há cerca de dois mil anos, num abrigo de animais, em Belém.
Todos
vamos comprar presentes para os amigos e parentes, grandes e pequenos, e
gastaremos, nessa dedicação sublime, até o último centavo, o que hoje em dia
quer dizer a última nota de cem cruzeiros, pois, na loucura do regozijo
unânime, nem um prendedor de roupa na corda pode custar menos do que isso.
Grandes e pequenos, parentes e amigos são todos de gosto bizarro e extremamente suscetíveis. Também eles conhecem todas as lojas e seus preços – e, nestes dias, a arte de comprar se reveste de exigências particularmente difíceis. Não poderemos adquirir a primeira coisa que se ofereça à nossa vista: seria uma vulgaridade.
Grandes e pequenos, parentes e amigos são todos de gosto bizarro e extremamente suscetíveis. Também eles conhecem todas as lojas e seus preços – e, nestes dias, a arte de comprar se reveste de exigências particularmente difíceis. Não poderemos adquirir a primeira coisa que se ofereça à nossa vista: seria uma vulgaridade.
Teremos
de descobrir o imprevisto, o incognoscível, o transcendente. Não devemos também
oferecer nada de essencialmente necessário ou útil, pois a graça destes
presentes parece consistir na sua desnecessidade e inutilidade.
Praça da Liberdade |
Ninguém
oferecerá, por exemplo, um quilo (ou mesmo um saco) de arroz ou feijão para a
insidiosa fome que se alastra por estes nossos campos de batalha; ninguém
ousará comprar uma boa caixa de sabonetes desodorantes para o suor da testa com
que – especialmente neste verão – teremos de conquistar o pão de cada dia.
Não:
presente é presente, isto é, um objeto extremamente raro e caro, que não sirva
a bem dizer para coisa alguma. Por
isso é que os lojistas, num louvável esforço de imaginação, organizam suas
sugestões para os compradores, valendo-se de recursos que são a própria imagem
da ilusão.
Numa
grande caixa de plástico transparente (que não serve para nada), repleta de
fitas de papel celofane (que para nada servem), coloca-se um sabonete em forma
de flor (que nem se possa guardar como flor nem usar como sabonete), e cobra-se
pelo adorável conjunto o preço de uma cesta de rosas.
Todos ficamos extremamente felizes! São as cestinhas forradas de seda, as caixas transparentes os
estojos, os papéis de embrulho com desenhos inesperados, os barbantes, atilhos,
fitas, o que na verdade oferecemos aos parentes e amigos. Pagamos por essa
graça delicada da ilusão. E logo tudo se esvai, por entre sorrisos e alegrias.
Durável
– apenas o Meninozinho nas suas palhas, a olhar para este mundo. (Cecília Meireles em: "Quatro Vozes", 1998.)
Minha avó centenária estando presente é a primeira a entoar o Parabéns a Você, e o.
ResponderExcluirÉ pique, é pique
É hora, é hora
Ra-ti-bum
Termina com viva Jesus que é o nosso rei, e ai de quem não gritar bem alto.
É o nosso Rei.
Eu acho lindo, só lamento o fato de Jesus ser Capricorniano, essa ninguém merece, poxa não podia ter nascido dia 21 nesse ano então comemoraríamos o Natal e o último dia do ano, da terra, do universo, sei lá.
Bjs.
Wilma
www.cancerdemamamulherdepeito@blogspot.com
Olá, RÊ!
ResponderExcluirDe tanto já nos termos habituado a que seja assim o Natal, difícil é imaginá-lo, ou vivê-lo, de outra forma.A tradição tem muita força, e o mais fácil é deixarmo-nos ir com a corrente, não pensar nem questionar muito o que fazemos. Caso contrário tudo perde a graça, e, depois, não ficamos mais felizes por isso...
Lindo texto: o Natal tornado grande canseira...
Beijinhos amigos; boa semana.
Vitor
Tô aqui rindo da Wilma: só porque é sagitariana, não deixa barato e quer ninguém menos que Jesus de Nazaré como companheiro de signo! rsrsrs
ResponderExcluirPois é: também fujo do tal 'espírito de Natal' o que quer que seja isso. Aqui, na minha casa, enfeito tudo, encho de luzinhas, por causa do Eric e aproveito para fazer muita prece: por nós, pelo planeta, pelos inimigos, os 'deficientes' em amor e tolerância, enfim, a humanidade como um todo. Não compro presentes, aviso para que não me deem porque não vou retribuir. O tempo é uma ilusão do ser humano, mas acho que o sentimento mais bonito desta época é a tal esperança que se renova para um ano que vai chegar. Faço meus propósitos, todos plausíveis - e cumpro! E toco a vida em frente. Mas, que sejamos felizes no Natal são os meus votos! Ameyn. Beijos, Angelinha
Feliz Natal.
ResponderExcluirBeijinho.
Olá Rê!
ResponderExcluirAdoooorei este teu post!!!
Sabes ... eu penso tal e qual assim como tu, para mim Natal é mesmo assim, o que estraga é esta "simpatia" sazonal falsa da quadra. Realmente o verdadeiro motivo da "festa" fica sempre oculto, escondido por detrás de tantas banalidades.
Enfim ... valha-nos alguém como tu, para tão bem chamar à atênção simpática e subtilmente para o verdadeiro motivo de tantas ... "luzinhas".
Bjs, não desejo já bom Natal, porque ainda voltarei.
Fica bem.
Ai, adoraria ter te visto perdida no meio das pessoas bacaninhas, sem lembrar o porquê dos parabéns. Gravou não?
ResponderExcluirEu também fico injuriada com esse derramamento amoroso da boca pra fora em épocas natalinas. Tenho certeza que o aniversariante não acha a menor graça na palhaçada superficial.
Em tu, eu acho graça, e muita. E amo, também muito.
Beijo!!!
Rê
ResponderExcluirPenso igualmente a você sobre essa data, esquecem o fato verdadeiro do dia e andam a solta com a hipocrisia....
Desejo que Jesus nasça todos os dias no seu lar, no meu e no de todas as pessoas.
Que estejamos mais dipostos a amar, perdoar e compreender...
E que me perdoem os demais, mas o décimo acabou então não tem presentes...rsss só beijinhos mas de "coração"!
te adoro.
bjos
Ah, eu tb vou cair nessa esparrela, pq tenho netos - nascido e à caminho - e sobrinha recém-nascida aqui em casa neste natal, filhos, pais, irmão, achegados, enfim...eu programei uma forma diferente de presentear a cada um...mostro depois no Tecendo, pq tb entendo que o consumismo roubou, e há muito, o brilho do Natal...descaracterizando a essência, que é o que importa em todas as coisas...
ResponderExcluirBom, sempre, beber de tua sensibilidade, queridona.
Bjãzão pra tu!
Sou caipira, Regina! Não sou adepta a badalação.
ResponderExcluirE para que sempre acorda às 5 h, ceia é tortura, não festa.
Um abraço.
Falou e disse, Regina.
ResponderExcluirFeliz Natal!