Quando eu era menina via minha mãe
cozinhar sempre. Diariamente os mais variados cheiros e aromas invadiam minha
casa.
Mulher assoberbada de trabalho,
seis filhas pra criar, casa, cozinha, então ela não tinha mesmo muito tempo.
Não gostava de ajuda no preparo da comida. Não tinha tempo para ensinar e muito
menos paciência.
Ficávamos com o "lava o arroz, descasca o chuchu, cata o
feijão, lava a louça". Eu, invariavelmente, com a louça. Nós, as filhas, sempre
reclamávamos um pouco na hora de ir para a cozinha ajudá-la. Hoje, como faz
pouco tempo que me aventurei na arte do cozinhar, me arrependo.
Todas as irmãs
sempre souberam um pouco desse ofício. Eu não. Mas ela, carinhosa e protetora
com sua caçulinha, dizia que cada um leva jeito no que deve... O meu eram as
coisas da cabeça e os livros. Mãe nunca erra. Quando muito se distrai
Hoje, quando cozinho, tenho a sensação de revisitar aqueles tempos... Tenho a sensação de que abro arquivos e trago à tona aprendizados e descobertas que ficaram adormecidos. Parece mágica. Aliás, era um dito constante dela: “o fruto nunca cai longe da árvore”. Foi um ganho e tanto.
Hoje, quando cozinho, tenho a sensação de revisitar aqueles tempos... Tenho a sensação de que abro arquivos e trago à tona aprendizados e descobertas que ficaram adormecidos. Parece mágica. Aliás, era um dito constante dela: “o fruto nunca cai longe da árvore”. Foi um ganho e tanto.
Adoro o cheiro do bolo
assando porque me faz voltar no tempo. Revejo minha mãe segurando com firmeza a
bacia e a colher de pau e mexendo a massa. Acho que tinha certa preguiça de
pegar lá nas alturas a batedeira, que naqueles tempos era um trambolho de
grande e pesado.
É o cheiro de infância, é o cheiro da menina sonhando com a
transformação da carne bem temperada em alimento. Só não sabia que seria um
alimento para a alma também.
Aprendi a refogar arroz, aprendi a fazer carne cozida, aprendi segredos do preparo, porque minha mãe cozinhava e explicava: "não existe cozinheira boa que larga a comida na panela e não mexe". Ela até dizia como devíamos experimentar, verificar o ponto, deixar o gosto apurar antes de despejar água. Que comida salgada não tem jeito, então melhor errar pra menos. E o máximo era: “não tem como dar errado com ingredientes tão bons”!
Outro dia, minha mãe sussurrou em meus ouvidos: "cozinhe sempre assim, com capricho, não vai fazer comida com descaso, faz como se fosse para você." Mas eu já sabia disso. Aprendi lá nos idos da infância, vendo-a apressada, mas nem um pouco descuidada, que cozinhar exige atenção, cuidado, imaginação e, sobretudo, carinho.
Hoje, eu gosto de cozinhar e faço com carinho e a delicadeza de quem está dando seus primeiros passos. Essa é uma das heranças maternas que carrego comigo e passo adiante em cada prato que ando preparando.
Aprendi a refogar arroz, aprendi a fazer carne cozida, aprendi segredos do preparo, porque minha mãe cozinhava e explicava: "não existe cozinheira boa que larga a comida na panela e não mexe". Ela até dizia como devíamos experimentar, verificar o ponto, deixar o gosto apurar antes de despejar água. Que comida salgada não tem jeito, então melhor errar pra menos. E o máximo era: “não tem como dar errado com ingredientes tão bons”!
Outro dia, minha mãe sussurrou em meus ouvidos: "cozinhe sempre assim, com capricho, não vai fazer comida com descaso, faz como se fosse para você." Mas eu já sabia disso. Aprendi lá nos idos da infância, vendo-a apressada, mas nem um pouco descuidada, que cozinhar exige atenção, cuidado, imaginação e, sobretudo, carinho.
Hoje, eu gosto de cozinhar e faço com carinho e a delicadeza de quem está dando seus primeiros passos. Essa é uma das heranças maternas que carrego comigo e passo adiante em cada prato que ando preparando.
É uma delícia ler os seus textos.Suas palavras "passam" como um filme na nossa cabeça.Dá pra ouvir a voz de sua mãe,falando com vocês. Adorei !
ResponderExcluirAté senti o cheirinho
ResponderExcluirQue texto tão lindo! Que recordações lindas essas! Eu partilho algumas do género! Ainda vais dar uma " cheff" ;-)
ResponderExcluirQue linda foto! E cozinhas é mesmo um ato de amor e só com ele a comida fica bem saborosa! Ando um pouco de saco cheio de cozinhar, lavar, etc,rs Mas passa! bjs, chica
ResponderExcluirQue bacana vc contar essa história de amor, carinho e experiência . Grande mulher,sua mãe e vc teve a quem puxar, viu loura. Bjs
ResponderExcluirPoucas postagens me tocaram mais do que esta, que fala do relacionamento familiar ao pé do velho fogão a lenha (linda foto). A mim, era vedado até me aproximar do mesmo, para não criar problemas com minha falta de jeito...
ResponderExcluirHoje, a cozinha é minha higiene e saúde mental, e assisto a todos os reality-shows de culinária!
Belo post, amiga Rê!
Bj!
Gostei! E muito. Eu sabia que bastava um pouco de coragem para aventurar-se e você seria fisgada pelo prazer de preparar o alimento. Com o cuidado de quem pinta um quadro, escreve uma história, compor uma canção. Tudo é arte, minha amiga. Que esta nova atividade lhe dê o prazer que sempre me deu. Beijinho. Angel
ResponderExcluircorrigindo: compõe*
ResponderExcluirOi Regina
ResponderExcluirPosso sentir daqui o cheiro do bolo assando, hummmmm!!!
Grande beijo e bons quitutes pela frente!
Bia
www.biaviagemambiental.blogspot.com
Fascinação... Talvez seja a palavra que sintetiza o meu estado de espírito ao acabar de ler.
ResponderExcluirRevi-me em muitas coisas mas, sobretudo, saboreei um prato delicioso confecionado de palavras, de amor, de emoção...
BJO, Rê! :) :)