Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Até que no final tem graça



Fui fazer um atendimento hospitalar. Difícil e pesado. Porque não é nada leve você acompanhar familiares e uma jovem paciente (só 32 aninhos) numa guerra contra o maldito caranguejo. 
Saio às 17h30minh. O trânsito está absolutamente parado. Afinal, amanhã é dia do trabalhador, sinônimo de fim de semana prolongado. Sou uma labutadora louquinha para chegar em casa. 
Pelo que vejo não será possível tão cedo. Pego minhas palavras cruzadas que sempre mantenho na bolsa para horas assim. Faço uma, duas, três e nem um metro o carro anda. Passo para o celular, mas não sei os motivos, a internet não funciona. Troco o CD e ouvindo músicas new age (para ficar beeem zen) me vêm memórias de casos engraçados.
Invariavelmente o início é assim: a gente não está muito legal e inventa umas fórmulas para ficar bem. Às vezes dá certo. Outras não. Mas isso não é algo que faça os crédulos perderem a calma. No mínimo, a experiência rende boas risadas. Quem se aventura pelo esotérico acaba rindo – com ou sem graça. 
Tomar banho com ervas, por exemplo, pode ter duplo efeito: a gente lava a alma e suja o box. Usar sal grosso dá no mesmo com o acréscimo do do-in que as pedrinhas fazem nos pés, um bônus precioso para quem se liga. 
Meditar usando incenso novo é sufoco na certa. Nós, os incautos, nunca acertamos a distância ideal de primeira. Fazer o mapa astral pode virar pesadelo.  Mais do que conhecer o signo ascendente, a lua onde, percebemos características que preferíamos desconhecer. Às vezes, a experiência sobra para os vizinhos. 
Há um ano, uma amiga, seguindo o conselho de uma profissional, resolveu defumar a casa. O ritual não era nada simples. Envolvia dispor vasilhas com enxofre em vários cômodos, botar fogo e ficar de lá para cá, acompanhando o ritmo. Não tentem fazer isso em casa. A experiência foi um suplício. No início, tudo bem. Aí, a fumaça foi aumentando, tomando conta e ela, circulando desorientada sem poder respirar direito. Ficou tão fedido e enfumaçado, que a alternativa foi abrir as janelas e apagar tudo. Pode ser que tenha sortido algum efeito, porque ela ria muito ao contar o caso. 
Existem também alguns tropeços. Eu, por exemplo, estava dançando descalça num gramado suspeito, tropecei e cai. Pelo menos a trilha era perfeita, uma música new age para aliviar as tensões. Jurei para a turma inspirada que eu estava bem, mas machuquei o braço. Ficou roxo alguns dias. Tudo bem, roxo é a cor do sexto chakra. Zen também. 
A primeira vez que participei de uma reunião budista foi insuportavelmente hilária. Estava acompanhada de um amigo bem-intencionado, mas descontrolado. Chegamos atrasados e escolhemos um lugar discreto, como fazem os iniciantes. As pessoas começaram o Daimoku. Estranhei aquele murmúrio, era como um coral repetindo centenas de vezes a mesma frase – em japonês! Só se ouvia "Nam myoho rengue kyo, Nam myoho rengue kyo, Nam myoho rengue kyo..." Marco Antônio, meu amigo, ficou paralisado, encolheu os ombros e virou o rosto para o outro lado. Estranhei. Puxei minha cadeira para trás e, então, vi que o rosto dele estava muito vermelho. Ele fazia um enorme sacrifício para não soltar uma gargalhada. Então, não aguentei. Perdi a pose.
Assim seguimos. Vamos sempre confiantes enfrentar o próximo desafio. O propósito é ficar bem na foto e acredito que, na maioria das vezes, saímos sorrindo. 
Duas horas depois e doidinha pra fazer xixi chego em casa... Tenho mais é que sorrir. Amanhã não tenho hora para acordar e sair da cama. Vou tomar uma taça de vinho e curtir meu feriado prolongado. Bem zen e feliz por mais um mês que termina e outro que inicia. Seja muito bem vindo maio!

terça-feira, 7 de abril de 2015

TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS TRAUMÁTICO (TEPT)



Acidentes de carro, ônibus, trem, metrô, avião ou naturais – enchentes, incêndios, soterramentos, furacões - assaltos, sequestros, são eventos que deixam marcas profundas – traumas - em qualquer pessoa que, por um desses, já sofreu.
No dia 27/04 sofri um assalto com arma de fogo pressionada na minha cabeça. Graças a D’us nada de mais grave ocorreu comigo. Só mesmo as perdas materiais e esse estresse que ainda vivo. Lembrei-me dessa palestra que proferi num congresso de Psicologia Hospitalar há alguns anos. Talvez para me lembrar de que tudo que estou sentindo faz parte de um processo e que, principalmente, passa! Também como auxílio para quem já vivenciou ou ainda esse tipo de estresse. Mas se tiver com preguiça em ler um texto um pouco mais longo ou acredita que "isso jamais vai acontecer comigo", simplesmente veja a última imagem!
Infelizmente, aqui no Brasil, não temos ainda por parte do governo medidas adotadas para socorrer essas vítimas. Falo de equipes especializadas na área do “socorro psicológico” como as - há muito - existentes no exterior. Todos se lembram do acidente com o avião da Air France ocorrido em junho/2009. O governo francês, imediatamente, deslocou esses profissionais para o Rio de Janeiro, aonde prestaram seus serviços aos familiares, enquanto aguardavam as buscas. O mesmo ocorreu em 2008 no Aeroporto de Madri – e sou testemunha ocular – quando de outro acidente aéreo. E mais recentemente no soterramento dos mineiros no Chile. O TEPT atualmente é muito estudado num movimento que tem sua maior produção nos Estados Unidos, alguns países da Europa, Israel e Oceania. No Brasil essa entidade clínica ainda é pouco conhecida, raramente diagnosticada e facilmente confundida; são escassas as publicações científicas, e o tema é pouco tratado em eventos especializados.

O Transtorno de Estresse Pós-Traumático - TEPT - é uma condição clínica que surge após a pessoa vivenciar uma situação traumática – aquela em que ponha em risco tanto a sua vida ou integridade física, assim como a de pessoas afetivamente ligadas. Podem surgir diversos transtornos psiquiátricos desde depressão, fobias (ex. medo de dirigir após acidente de carro) até o mais comum que é o TEPT.
Tradicionalmente a sintomatologia do TEPT é organizada em três grandes grupos: o relacionado à reexperiência traumática, à esquiva e distanciamento emocional e à hiperexcitabilidade psíquica.
Reexperiência traumática
Mesmo estando o perigo afastado e confinado ao passado, o indivíduo pós-traumatizado continuamente revive o ocorrido, vivenciando-o como experiência contemporânea em vez aceitá-lo como algo pertencente ao passado: "Incapaz de retomar o curso de sua vida porquanto o trauma constantemente está a interrompê-la: é como se o tempo parasse no momento do trauma". Quase sempre rumina pensamentos de forma improdutiva sobre temas relacionados ao trauma. Estão presentes as lembranças intrusivas e recorrentes: recordações que assaltam o paciente continuamente. São lembranças fixas, que não se alteram com o tempo, de uma nitidez e vividez distintas, além de carregadas de forte componente afetivo e emocional: a lembrança trazendo angústia e sofrimento intensos. Espontâneas, involuntárias, ao surgirem não são facilmente interrompidas, parecendo "ter vida própria". Muitas vezes as lembranças estão fragmentadas em forma de imagens, sons, odores, sensações físicas (náuseas, tonturas e outras) ou emoções (medo, pavor, horror) não conectadas umas às outras por força do que foi denominada dissociação primária. Com a elaboração psíquica da experiência, essas recordações, que muitas vezes estão guardadas em fragmentos sensoriais com pouco ou nenhum componente de linguagem, vão se integrando e chegando, com o correr do tempo, a se constituir em narrativa que conseguiria traduzir o ocorrido.
Esquiva e distanciamento emocional
Os sintomas relativos à repetição da experiência traumática são acompanhados de considerável sofrimento, que a maioria das vítimas busca evitar, afastando-se de qualquer estímulo que possa desencadear o ciclo das lembranças traumáticas.
Aparece, então, a esquiva ativa de pensamentos, sentimentos, conversas, situações e atividades associadas ao trauma como um mecanismo de defesa contra a ansiedade gerada pelo fenômeno intrusivo.
Dessa maneira, por provocar tamanha angústia, o indivíduo pós-traumatizado não economiza esforços no sentido de afastar-se dela. As estratégias de esquiva podem ser óbvias ou sutis, relativamente adaptativas ou manifestamente inadequadas que vão da recusa em falar sobre o trauma, ao uso de bebidas alcoólicas ou drogas para obscurecer as memórias, até ao engajamento excessivo e compulsivo em atividades como trabalho, jogo, sexo, entre outras.
Hiperexcitabilidade psíquica
O terceiro grupo diz respeito àqueles sintomas que representam um estado de hiperexcitabilidade do sistema nervoso central e autonômico e que não se resumiriam apenas a condicionamentos a estímulos traumatogênicos, mas antes seriam reflexos de uma excitação fisiológica extrema em resposta a uma variedade ampla de estímulos. Trata-se dos sintomas mais comuns e também dos menos específicos: especialmente quando em contato com estímulos-trauma afins, uma variedade de reações acompanha o humor ansioso, como taquicardia, respiração curta ou suspirosa, constrição precordial, "formigamentos", parestesias, sudorese, extremidades frias ou também cefaléias, tonturas, sensação de "oco na cabeça", "peso no estômago", entre outras. Há a insônia, e aparece a irritabilidade e a explosividade: sempre alertas, os pacientes passam do estímulo à ação sem o tempo para a necessária reflexão e avaliação criteriosa do estímulo provocador.
Assim o TEPT caracteriza-se por recordações persistentes e revivências da situação traumática causando grande angústia e uma série de sintomas físicos o que leva a um comportamento de esquiva – passa a evitar toda e qualquer situação que possa ativar a recordação com ansiedade intolerável. Há também uma restrição de interesses, isolamento social, distanciamento das pessoas além de insônia, irritabilidade, explosividade, reações de “susto”, sobressaltos exagerados. Algumas reações podem ser consideradas respostas normais e compreensíveis, mas a persistência do quadro após um mês sugere o adoecimento.
Normalmente estas pessoas não procuram ajuda especializada por acharem que o que sentem é normal frente às circunstâncias enfrentadas, mas a persistência destes sintomas não é normal, principalmente se existe prejuízo no funcionamento social, relacionamento interpessoal, desempenho no trabalho.
Conclusão: Não há como negar, todavia, que o grande mérito da introdução do TEPT, ao longo de quase um século de debates, está em reconhecer e legitimar a condição clínica essencialmente derivada do trauma psicológico (apesar do componente individual e constitucional, sem o qual nenhuma reação aconteceria), sendo essa condição não intrinsecamente temporária, admitindo-se sua perpetuação e cronicidade.

  
 Imagens(Google) 

terça-feira, 24 de março de 2015

QUERIDA MÃE



Hoje já faz seis anos que você nos deixou. Naquela terça-feira à noite algo me impedia de sair do CTI e descansar de um plantão, que havia começado às sete da manhã. Foi com a promessa do coordenador, que qualquer coisa me ligava, que fui embora. 
Logo voltei e ainda pude - um privilégio - ficar de mãos dadas com você enquanto, serenamente, você fazia a passagem.   
Hoje, não venho falar das saudades. Porque essas danadas, mesmo acomodadas pulsam diárias. Venho lhe contar as últimas novas. 
Este 2015 começou com a perda de nosso tio Juca, seu único irmão que ainda estava por aqui. Posso imaginar que a alegria de vocês, em recebê-lo por aí, foi proporcional a nossa tristeza em despedir de quem, invariavelmente, trazia você e todos os outros tios em presença. 
Logo em seguida veio a maioridade judaica de seu primeiro bisneto! Felipe rezou lindamente, fazendo valer muito mais que uma tradição: a perpetuação da família! A festa foi maravilhosa com aquela animação e alegria que você adorava. Depois, o aniversário de 40 anos de seu primeiro neto. Nem te conto que beleza!!! Arranjos florais de hortênsias. Uma de suas prediletas! 
E, nesse mês, o milagre da vida se fez novamente: nascimento do seu quarto bisneto! Eduardo chegou como qualquer bebê: renovando a VIDA e iniciando novo ciclo. Lembramo-nos de você mãe, pois a história se repetiu. Seu cabelo é tão vermelho que você diria o mesmo que disse quando seu pai nasceu: por que as enfermeiras passaram mercúrio cromo na cabeça dele???!!! Ele é calmo, tranquilo, e estamos todos ba-ban-do. 
É isso mãe. Em três meses esse carrossel de emoções! Continue a olhar por todos nós, protegendo, iluminando e guiando seus frutos. E os frutos de seus frutos. Ah, quando puder mande notícias daí!
Com amor eterno
Sua caçulinha

sexta-feira, 6 de março de 2015

OLHAR PEQUENO É GRANDE



Março chegou e com ele um pouco das águas tão esperançadas. Olho desconfiada e temerosa com os rumos do nosso país. Mas, de vez em quando, volta-me uma ideia fixa: A grandeza da vida não se faz apenas das maiores conquistas. Nem das notícias.
O mínimo múltiplo comum de duas vidas pode dar um belo sentido à aritmética da existência. Mas os olhos são treinados para enxergar, sobretudo, o grande espetáculo e acabam não percebendo a emoção das pequenas cenas. Falo de detalhes que trazem felicidade, falo de coisinhas que transformam o dia. Hoje, eu olhei o pequeno e engrandeci a vida. Olhar pequeno é perceber que o corpo não sente dor e que funciona perfeitamente mesmo quando a gente não se atenta. É ter tempo para andar lento e tomar um copo d’água depois da caminhada. Olhar pequeno é saber que matar a sede é uma dádiva. Olhar pequeno é notar que a sementinha plantada há uma semana brotou e saber que é de uma pimenta forte. É ter certeza de que vai preparar com os futuros frutos a receita de Pimenta Tailandesa enviada por um amigo e que vai ter ótimos convidados para comungarem a gulodice. Olhar pequeno é esquecer o macro e focar apenas no pé de jasmim salpicado de brancos delicados que a gente chama de flor. É aspirar ao aroma de olhos fechados e ri porque alguém viu. Olhar pequeno é sentir o cheiro da sombra de uma árvore antiga. Olhar pequeno é ligar para a mãe, pai, irmão, filho, amigo e ouvi-lo recomendar que você deva se cuidar. É não explicar que já se cuida, só para voltar a sentir o sentimento mais antigo de que tem notícia. É fazer silêncio para a grandeza disso. Olhar pequeno é ouvir uma música que já sabe de cor, mas, desta vez, prestar atenção na letra, porque veio como o carinho de uma amiga. Eu ouvi ontem e dizia: “Eu quero aprender os mistérios do mundo pra te ensinar...” Eu quero, mesmo que o mistério seja pequeno. Olhar pequeno é receber palavras de amor no celular e essas palavras fazerem chorar, porque vem de uma pessoa tão especial e querida quanto uma filha. É receber um telefonema de Sampa e ser a irmã perguntando: “Passou a raiva?” É dar boas gargalhadas e, ao desligar, viajar num tempo de ternura – que não é passado nem futuro. Olhar pequeno é saber ler nas entrelinhas do comentário de um amigo o que não veio escrito. É gostar do que lê. Olhar pequeno é estar com alguém que te pergunta sempre: “Já disse o tanto que você é importante pra mim?” É responder que não, só para ouvir de novo. Olhar pequeno é ter certeza de que chá relaxa, que floral faz bem pra alma, que quiromantes mentem de verdade e que o horóscopo está certo – se a previsão for boa. É jogar I-ching e ler todo o Hexagrama 13, mas só fixar a frase: "É propício atravessar a grande água". É jurar que entendeu tudo e que esta é a sua praia. Foi o que eu fiz agora. Quer jogar também? Só entrar no site. Mas volte logo. Tenho algo importante pra dizer: Olhar pequeno é abrir os olhos e enxergar a vida grande!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

TECNOLOGIA NÃO É TUDO!


Primeiro foi o computador. Simplesmente apagou sem nem ao menos um suspiro. Levei para consertar e 24 horas depois ouvi “tá pronto pode buscar”. Fui pegá-lo toda feliz. Era bom demais pra ser verdade. Conserto assim tão rápido?! Cheguei em casa e 1’29” depois de ligado apagou de novo e nem com reza braba funcionava. Voltei com ele na assistência técnica bem P da vida. Arrumar horário para levar, buscar, vaga para estacionar, além de enfrentar um trânsito caótico da “volta às aulas” e quase um milhão de veículos a mais rodando por Beagá. Ninguém merece! Mas enquanto estava no conserto tinha o celular para me conectar não é? Deveria ser. Até que meu mimo resolveu tomar banho na privada. É amados, esse tipo de acidente que você sempre crê que “comigo jamais vai acontecer”! Ocorre sim. Aí fiquei pensando... 
Nunca houve tanta oportunidade de estabelecermos novas relações e de aprofundarmos as que já temos. Multiplicaram-se os canais de comunicação, com celulares, aplicativos de troca de mensagens em tempo real e de qualquer parte do mundo, Skype, Face etc. 
Nunca tivemos tanto acesso à informação – muito mais do que necessitamos ou conseguimos administrar, por sinal. Nunca viajamos tanto. Era de se esperar que já estivéssemos mais sábios, mais receptivos, mais tolerantes, mais respeitosos com a diversidade do mundo e com as particularidades de cada pessoa, com quem nos relacionamos. Era de esperar que pudéssemos, mais do que respeitar as diferenças, conviver com elas, incorporá-las, enxergar nelas uma fonte de riqueza social, cultural, intelectual. SQN (Só Que Não).
No entanto, nunca foi tão difícil se relacionar. A falta de tempo que assola a todos contribui em grande parte, mas escolho chamar a atenção para a escalada da intolerância e de um certo autoritarismo (haja vista as eleições do ano passado) que tem transformado o velho e bom ato de discordar em suicídio social. 
As conversas ficam mais hostis quando não há convergência de opiniões. Em consequência, ficamos mais guardados e menos espontâneos. Perdemos um bom embate de ideias. Como ocorria, por exemplo, nos tempos de DA (diretório acadêmico). Mas, sobretudo, e o que me dá muita tristeza, é que as relações definham com a superficialidade, a falta de acolhimento e de respeito. Só observar o Face. Estamos mais sozinhos. 
Meu objetivo aqui não é reclamar – é convidá-los a virar esse jogo. A responsabilidade pelas relações é de todos nós! Acho que esse é um passo essencial para que tenhamos mais encontros do que desencontros e relações mais significativas com nossos amigos, colegas de trabalho, nossos filhos e nossos amores. Apesar da carência do computador e telefone celular percebo o quanto  é possível viver e que reabriu janelas, antigas, emperradas pela modernidade. Bora lá?!
(Imagem: Google)