Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

terça-feira, 13 de novembro de 2012

SAUDADE CRÔNICA


O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo...(Quintana

Meu sobrinho, Maurício, perguntou-me se lembrava dela (minha mãe) diariamente. Disse-lhe que sim! Todos os dias e em vários momentos ao longo das vinte e quatro horas de cada um. Uma expressão dita por alguém, um cheiro de comida, uma flor desabrochada, uma notícia na TV, uma gracinha da bisneta, uma música, a chuva batendo na janela, a pia entupida, as pernas doídas, o jogo de cartas, a risada alegria... Onipresença materna. Ocupa espaços, buracos, vazios que nem sabia existir!
Não pensei que fosse ser assim, isso é fato. Disseram-me que com o passar dos anos, e já são três, ficaria mansa.  Mas, a dor de saudade que ora sinto não veio por decreto, ela está em mim ferreteando, bravamente, minha sensibilidade dia a dia. Uma saudade que dói e atormenta com as lembranças que permanecem. Dor esquisita essa sentida. Onde já se viu acolher as dúvidas, embalar a insônia e aconchegar a solidão?! Tem dia(s) que é assim. O coração sangra. Mas isso não significa que a gente não tenha momentos-felicidade.
É, talvez, uma questão de egoísmo temperamental: a minha dor, a MAIOR do mundo, é a minha dor, sofrida, íntima, insolúvel. Não está aí para dar ou vender. Ela é minha, dolorosamente minha, egoisticamente minha! E a sua é sua. No final das contas e início de todos os contos: Sentir saudade é sinal de que se está viva!


19 comentários:

  1. A saudade é realmente de cada um. Cada um a sente de um jeito e modo, todo seu. Cabe aos demais, respeitar beijos,tudo de bom,chica

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  2. Ah, minha irmiga...esta tua cronica disse-me tanto...muito, mas muito alem das tuas palavras, da tua dor especifica...reli e me vi em sombras da tua escrita...a dor que e' da gente e ninguém sente igual, pode parecer fichinha pra quem nem a vê...mas ela e' minha, dolorosa e egoisticamente minha...tem dia(s)que e'exatamente assim...bjos, bruxinha adivinhadora...

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  3. Quando a saudade avassala
    Dentro do peito, inclemente,
    O coração não se cala,
    A alma fica dormente;
    E a gente até se esquece
    Que a outros acontece
    Sentir saudades da gente.


    Seguinte: quando essa maledetta estiver zoando muito, pegue o telefone e ligue para quem você sabe que sente saudades de você.

    Beijo saudoso, menina.

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  4. Minha amiga dessa dor eu falo de cadeira. Minha psicanalista sempre me falava, a dor da gente é só da gente, e é verdade, tem dores que não se consegue verbalizar, e essa dor da saudade é uma delas. Eu convivo com a minha assim como você, tem dias mais fáceis e outros que sangra mesmo. É porque os amores são eternos, esse maternal então..affff não cortei esse cordão. Então minha amiga, força, fé, e que Deus conforte seu coração viu? Um abraço bem grande!!!! bjsss

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  5. Nossa, Regina, posso imaginar sua dor e sua saudade, pois eu que ainda tenho a minha, já sinto esta saudade da perda, todos os dias penso em quando ela se for e como ficaremos, eu e minha irmã. Não deve ser mole ficar sem nossa amada mãe, eu não consigo imaginar o que será esta dor que mói todos os dias no peito, mas já me imaginei chorando de saudade por várias vezes.
    E você terminou com um bálsamo de esperança, pois significa que estamos vivos e saudade só sente quem fica.
    Um beijo, um abraço apertado é o que eu acho que você está precisando, muito.
    Fique em paz, amiga!
    beijos cariocas


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  6. Olá, RÊ!

    Saudade é osso duro de roer, dor que não dá para dividir.
    O tema é triste, mas muito bem escrito - cheio de doçura e sensibilidade.

    Beijinhos amigos; fique bem.
    Vitor

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  7. Se existe saudades é porque os momentos juntas foram maravilhosos, houve ensinamento, houve exemplo e hoje fica a saudade...saudade de um tempo bom...saudade de ter tido a sorte de ter uma mãe, porque qtos aí a fora tem mãe que não sabem ser mãe...cultive, relembre e seja feliz novamente lembrando de quem você ama e já não está mais aqui nesse plano...
    Bjos!!!

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  8. Sinceramente, Regina, você me deixou com remorsos.
    Meu irmão se foi a 15 anos e a lembrança diminuiu, esfumaçou-se.
    Agora estou me agarrando em momentos da infância, pois os últimos ficaram mais tênues.
    Um abraço.

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  9. Re
    A minha mãezinha se foi há 23 anos e te digo ... não tem um dia que eu não me lembre dela nos detalhes, assim como vc. Sabe, tem uma época que dói tanto o coração que deixo as lágrimas da saudade rolarem pra ver se alivia um pouco.
    Passar...não, não passa. Ficamos é um pouco mais resistentes com o tempo, mas ela está lá, sorrindo.
    Beijinhos

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  10. Nem vou falar muito. A minha mãe se foi há seis anos e a dor ainda dói de cortar. Além das outras dores, é claro, que sempre há alguma para nos cutucar e lembrar que estamos vivos - apesar de. Beijos carinhosos, Rêzinha saudosa. Angelinha

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  11. Subscrevo o seu post...Mas se não estivéssemos vivos, bem vivos, não sentiríamos saudade...

    Bjo, querida RÊ :)

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  12. Minha querida

    É bem verdade que cada um sente a saudade a seu modo.
    Eu também perdi a minha mão há 35 anos, mas nem o tempo consegue apagar a saudade dele, agora já mais doce, mas saudade.

    Um beijinho com carinho
    Sonhadora

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  13. Cada um pode dizer o que quiser acerca do sentimento do outro, mas só quem sente é que sabe ao certo. Você disse isso em: "Ela é minha. E a sua é a sua"... É bem assim que funciona e é preciso saber respeitar. É óbvio que você já deve ter ouvido incansavelmente que ela não deve gostar de te ver assim, fazendo dor. Mas ela é tua e só tu pode fazê-la esvair-se pelos ares.

    Mas, em horinhas de descuido, sê bem feliz, mulher!

    Beijo.

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  14. Ausências de entes queridos geram sentimentos que fogem à nossa compreensão e são difíceis de superar...
    Mas, lidar com isso faz parte de nossa passagem por esta dimensão...
    A dor é só de quem fica...
    Abraços, Rê!

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  15. Olá, Regina!
    Não sei nem o que comentar, com medo de estragar um texto tão lindo, com certeza um dos melhores do ano de toda a blogosfera!
    Bjs!
    Rike.

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  16. A saudade nunca passa, Regina. Ainda sinto muita do meu pai e dos meus avós. A dor ameniza, mas a saudade permanece intacta em cada momento, em cada nova situação que você vive, enfim... Beijos.

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  17. Olá Rê!
    Olha este post bateu forte na minha alma.
    Como sabes tanto sobre a dor, como sabes também ajudar assim os que tal como tu, também a têem das suas mães.
    É como dizes, é como muito bem dizes.
    Fica bem.

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  18. Saudade é algo que só quem sente pode definir, beijo Lisette.

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  19. Regina tem saudade que domina a gente.
    Essas ausências machucam demais.
    Eu sei muito o bem o que é isso. Já perdi tantas pessoas que amo, que ando anestesiada pela dor.
    So sabe o tamanho da dor e da saudade, quem perde pessoas querida.
    Beijos e ótima semana!

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