Não nos é ensinado a lidar com
elas. Aprendemos ou não na vivência doída. Na flor da pele.
Por todo o tempo que passamos
por este mundo, lutamos para ter, acumular, mas, por uma questão cultural, nos esquecemos
de aprender a perder. Essa semana criei coragem e fui arrumar meu guarda-roupa.
Não adiantava mais postergar o inevitável. Por mais que rezasse para Nossa
Senhora do Corpão Perdido, sem retomar as atividades físicas e entrar no
SPAradrapo nada aconteceria. Juro que foi um dia inteirinho de frustrações.
Desapegar daquela calça jeans - maravilhosa - que me deixava com um bumbum
invejável, do vestido decotado nas costas (antes retas e sem gorduras laterais)
ou da camisa de etiqueta chique, não foi nada fácil! Enquanto ia acomodando 80%
de minhas roupas para doar, fiquei pensando nessa dificuldade que é aprender a
perder! Parece paradoxal que tenhamos que agradecer a perda, pois quando ela
vem, sentimos como um capricho da natureza que está nos ceifando o que tínhamos
de melhor, e então deixamos de perceber que perder é crescer. Mesmo que seja
sofrido, ainda assim é um crescimento que nos traz novos caminhos, novas
estruturas. No meu caso, fez com que eu retomasse as caminhadas e me
matriculasse no pilates. Outro dia conto para vocês.
Perder é uma condição permanente e inerente ao ser vivo. Faz
parte! Ao aprendermos que a perda é o exercício de conscientização da
impermanência, das frustrações advindas dela, estaremos livres para viver com
mais intensidade e melhor qualidade de vida.
Refiro-me genericamente à
perda, seja ela de qualquer objeto, pessoa ou circunstância, seja uma amizade,
um casamento, um objeto estimado, um corpo transformado pela idade e
sedentarismo, um objetivo não alcançado, um trabalho ou o ser amado. Mas para
tudo há um fim, até mesmo para a dor e sofrimento que a própria perda nos
trouxe. Porém, a maneira como lidaremos com ela é que nos importa, é isto que
comandará a duração, a intensidade e a compreensão deste estado, desta passagem
em nossas vidas. Dependerá de como fomos ensinados a encarar a finitude e a impermanência
e ainda de fatores internos e auxílio externo. Se aceitarmos a ideia de que a
dor da perda é sentida em fases (1: choque, descrença, negação; 2: raiva, ódio, revolta;
3: barganha; 4: depressão e finalmente 5: aceitação)
poderemos aceitar que o luto é um processo de dor.
A fase de aceitação é permeada
sempre com o sentimento de esperança e vontade de viver, mas agora com um novo
conhecimento, um novo conceito: perder é essencial para viver!
Agora poderemos viver sem medo
de errar, de não conseguir. Saberemos valorizar os momentos que se tem com
alguém, de não se apegar às coisas que só insuflem o ego e não alimentem a
alma, de ser verdadeiro consigo mesmo e com o próximo, de compreender os
próprios erros e os dos outros, de ser humilde e não prepotente, de aceitar a
própria limitação, de viver o presente, pois só assim o futuro se construirá de
modo sensato e prazeroso. Ai então, poderemos recuperar o equilíbrio!
(Imagens: Google)
Palavras muito bem ditas, amiga!
ResponderExcluirEu tenho uma grande amiga que cada vez que faz aniversário diz isso, 'não estou ficando velha, estou melhorando'.
Eu acho que a gente vai descobrindo isso com o tempo, entendendo melhor a nossa finitude e desenhando uma nova etapa. EU também fiz este roteiro há duas semanas e a conclusão foi retornar à bendita ginástica 4 vezes na semana, não tem escapatória para nós mortais depois dos 'entas'.
E vamos em frente que atrás vem gente!
beijinhos cariocas sua linda.
OI, Regina
ResponderExcluirDesapegar é difícil demais, mas aprendi e hoje está nem mais fácil.
bjos,
Sheyla.
A vida é uma constante aprendizado e desapegar é fogo por vezes e temos que trabalhar muito isso... Palavras bem certas bem colocadas.adorei te ler! E minhas calças?Xiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii nem te conto!rsbeijos,chica
ResponderExcluirRenascer sempre. Essa é a manha! Nossa maneira criativa de enganar o tempo que vai passando, inexoravelmente. Afinal... estamos vivas! E já que ainda queremos - e merecemos! - emoções, temos que gostar das mudanças. Inclusive das "curvas". rsrs Somos nós, e o nosso corpo, mero invólucro, assim como as roupas. Daqui a pouco, bem pouquinho... já se esqueceu! Beijinhos, Litle Angel
ResponderExcluirOlá, RÊ!
ResponderExcluirO saber perder aquilo ou aqueles de que nos habituámos a gostar, não é mesmo nada fácil.E muitas vezes não o fazemos por convicção, mas sim por necessidade - ditada pelo facto de que somos racionais, aceitando a perda quando ela é irreversível.
Com o passar dos anos, aprendemos a fazer como aqueles atletas de salto em altura: que vão baixando a fasquia, para não a ter que derrubar...o que será uma atitude inteligente e sábia para de bem com a vida continuar.
Tema bem interessante!
Beijinhos amigos
Vitor
É inevitável que a idade cause alguma degradação no nosso corpo, mas a vivência sempre traz melhorias para o nosso espírito...
ResponderExcluirUma dessas melhorias é a sabedoria para aceitar as mudanças...
A cada dia você é uma pessoa melhor!
Bj, Rê!
Olá! Não gosto da palavra ... "perder"! Mas ela existe mesmo! Gosto de pensar que para termos umas coisas temos de perder outras cujo propósito foi mesmo esse, fazer de transição. Eu também "puxo" por mim lá no Gym, saio de lá "levezinho" e a sentir-me mais novo uns anos. Tou contente com a idade e com o que Deus me deu, por isso não perco nada ... ganho tudo a cada dia que nasce a cada dia ... com as filhotas.
ResponderExcluirBj.
Oi Regina,
ResponderExcluirsempre bom vir aqui te ler...
Perder provoca em nós as mais inusitadas reações. Não deveria, mas provoca. E a saída é deixar que a perda leve com ela nossa vergonha de perder e assim nos permita lidar com as perdas de cabeça erguida.
Muito bom! abs
Leila
É Rê, perder não é fácil, qualquer tipo de perda nos mostra o como somos frágeis e que não temos controle de nada, nadinha mesmo. Ainda não aprendi direito essa lição, e olha que já perdi muitooooo, mas um dia eu aprendo, aceito. Um grande abraço minha amiga!
ResponderExcluirNa natureza nada se perde... nem mesmo os pedaços de vida que deixamos cair ao caminhar. São sementes que brotam em esperanças para os que nos seguem e florescem em saudades dos que nos precederam.
ResponderExcluirBeijos.
Essa coisa de perder está além da nossa vontade, né? Tem a ver com amadurecimento, e tals. Acho que vou amadurecer é nunca. Mas, sobre essa questão de corpo e eu, eu e corpo, desistência é a palavra. Dou conta não. Torço por você, viu? Se jogue nos pilates tudo e fique ainda mais linda e exuberante.
ResponderExcluirUm beijo, galêga.
É mt difícil mesmo. A sensação da perda é péssima. Aliás, não consigo me desapegar de alguns objetos que eu sei que são inúteis. Mas é mais forte que eu. Perder só é bom quando se trata de quilos mesmo. bjssss
ResponderExcluirPartindo do desapego de coisas que já não podemos ter (ou não interessa conservar), escreveu um texto muito bom sobre o sentimento da perda e o processo pelo qual se tem que passar para (re)ganhar o equilíbrio. Mas é mesmo assim e só assim se poderá seguir em frente, com o conforto interior de que precisamos.
ResponderExcluirSempre muito bom te visitar, querida Rê...
Bjuzz :)
Perdas
ResponderExcluirAlienações temporárias impostas pela Internet ou talvez propositadamente por mim.
INSTRUMENTOS de defesa, talvez, afinal eu sou Guerreira!!!!!????
Até a linha dois.
O FATO É
O QUE DIZER QUANDO ALGUÉM COMO A SOL Nosso Anjo azul SE VAI.
Difícil.
Wilma
Minha Wilma_maaada! Infelizmente não temos nada a dizer. Podemos ficar com raiva, praguejar, entristecer, até aceitarmos. Mais um gol para esse maldito caranguejo. O que tenho pedido é que nosso PAI dê forças para sua filha...seu maior legado enquanto esteve conosco. Beijuuss
Excluir