Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Decisões para um novo ano...5776




Nesse último dia 13 comemorei o ano novo judaico. Como já escrevi, em outros anos de blog, todo o significado e simbologias envolvidas nessa data, não vou repetir. Se quiser se inteirar, é só ler aqui.   De diferente tem o número.
Para os cabalistas, o ano de 5776 é o ano da Sefirah Chesed, que carrega o poder dos 72 Nomes de Deus. Na Árvore da Vida, CHESED é a MISERICÓRDIA, o desejo de compartilhar a generosidade, a doação sem preconceitos, a compaixão. E isso me fez pensar em algumas coisas...
Se a única certeza da vida é que ela é finita, por que será que a maioria de nós se nega a pensar no assunto e, mais, finge que o tempo é algo relativo e que a velhice vai demorar a acontecer? Seguindo a máxima de que envelhecemos um pouquinho por dia, todo dia, o jogo de “faz de conta que não é comigo” é inútil. Com o aumento da expectativa de vida, cada vez mais precisamos nos preparar para chegar lá com saúde e dignidade.
Muito desse preparo está ligado às nossas escolhas. Em diferentes momentos da nossa linha do tempo, é preciso coragem para tomar decisões, às vezes radicais, e buscar propósito e sentido que realmente nos preencham. Autoconhecimento, disposição para correr riscos, ousadia para enfrentar o novo, sensibilidade para reconhecer nossas vulnerabilidades e nossas fortalezas são elementos importantes no processo. A satisfação de iniciar um movimento de mudança, por si só, já traz um enorme prazer. E, se não a certeza, ao menos a esperança de que, por vezes, vale à pena considerar sair daquele trilho que parecia tão reto. E isso é ter um novo ano, vocês não acham? Feliz novo ano para todos! Que sejamos inscritos no Livro da Vida!!! Essa que merece ser vívidamente vivida.


sábado, 5 de setembro de 2015

(IN)SUSTENTÁVEL LEVEZA DE SER




“Existem apenas dois erros a serem cometidos em uma jornada: não ir até o final e não começar.” 
(Buda)



Uma imagem insuspeita e eis que o pensamento surpreende indo mais longe. Foi assim: olhei a foto e voltei ao passado. 
A foto e a frase exata despertaram um sentimento guardado. Vendo os jovens trabalhando, imaginei os desejos de criação, os esboços do sucesso, os sonhos inacabados, tão típicos de quando se tem tempo, de quando se tem uma vida pela frente. 
Então, me deu saudades. Não tive saudades da juventude. Não, sou do tipo que escolhe olhar pra frente. Estou bem na minha idade, no meu momento e vejo a estrada adiante sem ansiedade. A saudade que senti foi somente de um sentimento e nem era dos melhores. Naquela época, o viver era expectante e havia promessas no ar.
Mas não era só disso que se fazia o futuro, não era só de promessas, era de possibilidades concretas. Hoje também é. Então, por que a saudade? Inexplicavelmente, senti saudades da incerteza e a resgatei para os meus dias. Deve ser sinal de maturidade. 
Viver sabiamente é não ter respostas. Num tropeço que poderia ficar por isso mesmo, eu me vi num caminho novo e sem certeza do rumo certo. E a saudade passou. E no lugar da ansiedade, veio a calma de cada passo. Nostalgia assim faz bem.
Já tive pressa. Hoje tenho mais. O que difere a mulher da menina é a certeza dos meus passos. Nem maiores nem menores do que posso. Vou vivendo assim e respirando profundamente. Como aprendi numa aula experimental de kundalini yoga, lenta e profundamente respiro meu momento presente. E acordo mais feliz a cada dia.
Emoção de verdade foi quando eu me vi na essência e duas lágrimas escorreram-me pela face, porque era bonita e comovente aquela imagem. Emoção de verdade foi olhar as pessoas e reconhecer na beleza de cada uma delas a intenção do meu olhar. Emoção de verdade é compartilhar.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

55 anos e uma boba



Hoje eu posso dizer: faço 55 anos e fiquei mais boba. Não no sentido de ignorante, mas como disse Clarice Lispector: "O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver." Então, estou mais boba para viver melhor a vida. Ocorre que, sendo boba, a dor do outro me dói mais, viver mesmices não me incomoda mais, comer me alenta menos e me engorda mais, chorar não me constrange mais, não gostar de discutir política não me envergonha mais, praticar zumba me interessa mais, meditar me agrada mais – e isso é relevante, porque me agrada mais do que uma noite de balada, ou de farra no buteco, ou seja lá o que se diz hoje quando se quer dizer "chutar a lata".
Sim, prefiro mil vezes dormir mais cedo e, logo nas primeiras horas da manhã, entoar: "Querido D’us, Pai, Mãe, Criador de tudo o que foi, é e sempre será, por favor, junte-se a mim nesse dia..." e, depois de alguns minutos de prática, me sentir revitalizada para mais um dia de trabalho; prefiro andar sozinha do que mal acompanhada – e sei distinguir a companhia; prefiro a simplicidade de um sorriso do que elogio forçado – e sei ver a dobra dos lábios; prefiro me calar do que falar. Ponto.
Dito isso, confesso ainda: não me sinto mais esperta ao completar 55 anos. Sinto-me mais perto. E isso é o que me interessa. Mais perto de quem eu gosto, mais perto de quem eu sou de fato, mais perto do que eu quero fazer, mais perto de quem me importa, mais perto de quem se importa comigo, mais perto da resposta.
E a pergunta é esta: O que é a vida afinal?
Ora, o que é viver a vida, senão dar lugar às descobertas?
Hoje, por exemplo, tenho rugas, mas ando descobrindo que a elasticidade da pele não se compara com a largueza da alma! Bem-vindo novo ano de vida. Que seja vividamente vivido...com tudo que me é merecedor. E sou gratidão!!!
(Imagem:  Tumblr)

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Celebre todos os dias!



Como alguns de vocês sabem, estou, há alguns meses, fazendo Vigilantes do Peso. Reeducação alimentar. Não é fácil, confesso. Mas é fantástico a gente perceber a cada semana as mudanças que vão acontecendo, principalmente, nos hábitos. A pesagem é semanal e fico doidinha para chegar o dia da reunião. Uma semana, que havia viajado, emagreci 300grs e desci da balança bem tristinha. Minha coordenadora deu uma bronca: -presta atenção, você não adquiriu, você eliminou e está triste??? Tem que celebrar, isso sim. Todas as vitórias são para ser celebradas ora essas!
Saí de lá me lembrando da minha mãe. Ela dizia isso quase diariamente: a vida, filha, é para ser celebrada em tudo!
Porque ninguém celebra mais? Devemos ter o costume de celebrar no nosso cotidiano. Pode ser com um almoço diferente para a família no domingo, um momento caprichado para relaxar antes de dormir, uma noite agradável na companhia de amigas... Ninguém precisa de datas pré fixadas. Basta inventar os próprios rituais para, a qualquer dia e qualquer hora, comemorar os amores, as pequenas conquistas – tanto as suas quanto as dos outros – a vida, “E o que é mesmo um ritual?“, perguntou o principezinho do escritor francês Saint-Exupéry, numa das histórias mais famosas e repetidas do mundo. E a sábia raposa respondeu que um ritual é aquilo que faz com que um dia (ou um momento) seja diferente dos outros e se torne especial, com ingredientes para ser lembrado e relembrado para sempre.
Os povos da antiguidade mantinham a tradição de celebrar, com atenção e intenção, todas as coisas fundamentais da vida. Com o tempo, fomos perdendo a dimensão desse conceito e o costume de colocá-lo em prática. Não damos mais atenção e a devida importância às coisas. Corremos atrás de conquistas que, no fim nos parecem supérfluas e nos trazem uma felicidade muito fugaz. Precisamos resgatar essa tradição esquecida e voltar a celebrar mais e sempre – tornar especial não só os grandes momentos, mas, sobretudo, os pequenos milagres do dia a dia. Rituais nos ajudam a focar no momento presente, a vivenciar o aqui e o agora e, assim, a acalmar a mente.
Nessas horas, atenção e intenção são importantes, mas é preciso entrar em tudo com a razão e também com o coração. Celebrar o nascimento de uma criança, as bodas (de algodão, prata, ouro...), o dia dos namorados, das mães, dos pais, todas essas coisas que fazem parte da rotina das pessoas. Mas muitas vezes participamos delas sem tanto sentimento ou comprometimento, mais por instinto de rebanho. 


Pense em cada refeição, que pode se converter em um ritual de celebração mesmo que esteja sozinho (a). Comece preparando a mesa como se você tivesse convidados para jantar. Coloque flores, cores, velas, amor em cada ação. Sirva-se dispondo a comida em seu prato de um modo bonito e harmônico como se quisesse formar um arco-íris. Providencie música suave, que lhe traga serenidade. Desligue os telefones e eletrônicos. O ato de comer é sagrado e precisamos fazê-lo com reverência. Curta esse momento, sem expectativas e se entregue. Isso é celebrar! Mas esse é apenas um dos rituais possíveis, simples o suficiente para entrar no seu dia a dia. Use a criatividade. Eu tenho usado a minha. Devemos exaltar até as adversidades que nos fazem crescer. O mundo fica mais leve e solto se aprendemos a extrair prazer das várias situações e a manifestar nossa alegria e gratidão!