Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

domingo, 5 de abril de 2009

REGINA DAS DORES

Nesses últimos 10 dias venho recebendo o carinho, conforto de muitos amigos. Quando me perguntam, diariamente, como estou, respondo: - hoje, sou só dor. É uma dor diferente de todas que já experimentei, é nova, esquisita... Já passei por muitas dores: de dente, ouvido, torcicolo, lombar, cistos, gravidez tubária, pós-cirúrgicas, assalto e outras que o corpo já não se lembra mais, ainda bem!
Dores na alma: Vovô, Tio Jacques, Vovó, Ivete, Vitória, Daniel, Tio Salvador, Tia Rosita... Que sempre retornam em lembranças silenciosas.
Dores presentes na ausência da minha história: meu pai.
Mas de tantas dores essa, minha mãe, é a mais doída. Mesmo se alguém tivesse me contado que existia dor assim tão forte ela não seria diferente. Sei que apesar da dor ser uma travessia solitária, outras pessoas em circunstâncias e lugares diferentes conheceram a dor, mais ou menos intensa, não importa, conviveram com ela e continuaram após ela.
O que vivemos são momentos de dor, no fluxo e refluxo de nossas vidas. Vida que é movimento, que circula entre partículas e ondas, numa combinação infinita; Dor que assinala o momento vivido, o ir e o vir, as faltas e os excessos.
A dor - da perda, da impossibilidade, do abandono, da solidão, da separação, da traição – quando negada, tende a ganhar a dimensão do irreal. Sem negação vivo hoje, minha dor.


APRENDIZ DA DOR

DOR QUE DÓI

QUE MEXE E REMEXE

COM O CORPO E COM A ALMA

QUE CONTA COISAS SOBRE MIM
QUE EU SABIA

E NÃO SABIA QUE SABIA

AGORA SEI

DE UM JEITO DOÍDO

O QUE NÃO QUERIA SABER

Um comentário:

  1. A viagem
    Dia desses, li um livro
    que comparava a vida a uma viagem de trem.
    Uma comparação extremamente interessante, quando bem interpretada.
    Interessante,
    porque nossa vida é como uma viagem de trem,
    cheia de embarques e desembarques,
    de pequenos acidentes pelo caminho,
    de surpresas agradáveis com alguns embarques
    e de tristezas com os desembarques...
    Quando nascemos, ao embarcarmos nesse trem, encontramos duas pessoas que, acreditamos que farão conosco a viagem até o fim: nossos pais.
    Não é verdade. Infelizmente, em alguma estação, eles desembarcam, deixando-nos órfãos de seus carinhos, proteção, amor e afeto.
    Mas isso não impede que, durante a viagem, embarquem pessoas interessantes que virão ser especiais para nós: nossos irmãos, amigos e amores.
    Muitas pessoas tomam esse trem a passeio. Outras fazem a viagem experimentando somente tristezas. E no trem há, também, outras que passam de vagão em vagão, prontas para ajudar quem precisa.
    Muitos descem e deixam saudades eternas. Outros tantos viajam no trem de tal forma que, quando desocupam seus assentos, ninguém sequer percebe.
    Curioso é considerar que alguns passageiros que nos são tão caros acomodam-se em vagões diferentes do nosso. Isso nos obriga a fazer essa viagem separados deles. Mas isso não nos impede de, com grande dificuldade, atravessarmos nosso vagão e chegarmos até eles. O difícil é aceitarmos que não podemos sentar ao seu lado, pois outra pessoa estará ocupando esse lugar.
    Essa viagem é assim: cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, embarques e desembarques. Sabemos que esse trem jamais volta.
    Façamos essa viagem da melhor maneira possível, tentando manter um bom relacionamento com todos, procurando em cada um o que tem de melhor, lembrando sempre que, em algum momento do trajeto poderão fraquejar, e, provavelmente, precisaremos entender isso. Nós mesmos fraquejamos algumas vezes. E, certamente, alguém nos entenderá.
    O grande mistério é que não sabemos em qual parada desceremos.
    E fico pensando: quando eu descer desse trem sentirei saudades? Sim. Deixar meus filhos viajando sozinhos será muito triste. Separar-me dos amigos que nele fiz, do amor da minha vida, será para mim dolorido.
    Mas me agarro na esperança de que, em algum momento, estarei na estação principal, e terei a emoção de vê-los chegar com sua bagagem, que não tinham quando embarcaram.
    E o que me deixará feliz é saber que, de alguma forma, eu colaborei para que essa bagagem tenha crescido e se tornado valiosa.
    Agora, nesse momento, o trem diminui sua velocidade para que embarquem e desembarquem pessoas. Minha expectativa aumenta, à medida que o trem vai diminuindo sua velocidade...
    Quem entrará? Quem sairá? Eu gostaria que você pensasse no desembarque do trem, não só como a representação da morte, mas, também, como o término de uma história, de algo que duas ou mais pessoas construíram e que, por um motivo ínfimo, deixaram desmoronar.
    Fico feliz em perceber que certas pessoas como nós, têm a capacidade de reconstruir para recomeçar. Isso é sinal de garra e de luta, é saber viver, é tirar o melhor de "todos os passageiros".
    Agradeço muito por você fazer parte da minha viagem, e por mais que nossos assentos não estejam lado a lado, com certeza, o vagão é o mesmo.
    Desconheço o autor. Recebi essa mensagem quando meu pai faleceu. E a vida é assim mesmo. Às vezes a vida é difícil de ser vivida, nesta hora temos que nos lembrar dos inúmeros momentos felizes que vivemos ao lado de quem amamos!
    Um grande abraço!

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