Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

LOUCURA, LOUCURA TOTAL



Amigo dos tempos de faculdade, Kleber me conhece mesmo estando a léguas de distância. Cumpadre meu percebendo uma certa tristeza nada condizente com a "cumadre mais engrançada" que ele tem (e na vida dele só existem duas, diga-se de passagem) me enviou crônica de amado meu, que sempre me faz rir. Aliás, Luis - quanta intimidade - esteve no programa do Jô, e com aquele jeito gaúcho-minerim de sê, deu um show. Foi lá, junto com Zuenir Ventura, para falar (e como fala esse gaúcho rsrsrs) do seu novo livro "Conversa sobre o tempo". Uma conversa emocionante, reveladora e divertida entre dois grandes escritores brasileiros, autores de vários best-sellers. Eles falam de Família, Amizade, Paixões, Política e Morte. A conversa é mediada pelo escritor e jornalista Arthur Dapieve. Nem preciso dizer que já TÔDENTRO dessa prosa. Enquanto isso deem boas risadas como as que dei. Cumpadi K, conhecedô de minh'alma, valeu dimaiiissss! Brigadim! 



"O melhor da Terapia é ficar observando os meus colegas loucos. Existem dois tipos de loucos. O louco propriamente dito e o que cuida do louco: o analista, o terapeuta, o psicólogo e o psiquiatra. Sim,somente um louco pode se dispor a ouvir a loucura de seis ou sete outros loucos todos os dias, meses, anos. Se não era louco, ficou.
Durante quarenta anos, passei longe deles. Pronto, acabei diante de um louco, contando as minhas loucuras acumuladas. Confesso, como louco confesso, que estou adorando estar louco semanal.
O melhor da terapia é chegar antes, alguns minutos e ficar observando os meus colegas loucos na sala de espera. Onde faço a minha terapia é uma casa grande com oito loucos analistas. Portanto, a sala de espera sempre tem três ou quatro ali, ansiosos, pensando na loucura que vão dizer dali a pouco. Ninguém olha para ninguém. O silencio é uma loucura. E eu, como escritor, adoro observar pessoas, imaginar os nomes, a profissão, quantos filhos têm, se são rotarianos ou leoninos, corintianos ou palmeirenses.
Acho que todo escritor gosta desse brinquedo, no mínimo, criativo. E a sala de espera de um "consultório médico", como diz a atendente absolutamente normal (apenas uma pessoa normal lê tanto Paulo Coelho como ela), é um prato cheio para um louco escritor como eu. Senão, vejamos...
Na última quarta-feira, estávamos:
1. Eu
2. Um crioulinho muito bem vestido,
3. Um senhor de uns cinqüenta anos e
4. Uma velha gorda.
Comecei, é claro, imediatamente a imaginar qual seria o problema de cada um deles. Não foi difícil, porque eu já partia do principio que todos eram loucos, como eu. Senão, não estariam ali, tão cabisbaixos e ensimesmados.
O pretinho, por exemplo. Claro que a cor, num país racista como o nosso, deve ter contribuído muito para levá-lo até aquela poltrona de vime. Deve gostar de uma branca, e os pais dela não aprovam o namoro e não conseguiu entrar como sócio do "Harmonia do Samba"? Notei que o tênis estava um pouco velho. Problema de ascensão social, com certeza. O olhar dele era triste, cansado. Comecei a ficar com pena dele. Depois notei que ele trazia uma mala. Podia ser o corpo da namorada esquartejada lá dentro. Talvez apenas a cabeça. Devia ser um assassino, ou suicida, no mínimo. Podia ter também uma arma lá dentro. Podia ser perigoso. Afastei-me um pouco dele no sofá. Ele dava olhadas furtivas para dentro da mala assassina.
E o senhor de terno preto, gravata, meias e sapatos também pretos? Como ele estava sofrendo, coitado. Ele disfarçava, mas notei que tinha um pequeno tique no olho esquerdo. Corno, na certa. E manso. Corno manso sempre tem tiques. Já notaram? Observo as mãos. Roía as unhas. Insegurança total, medo de viver. Filho drogado? Bem provável. Como era infeliz esse meu personagem. Uma hora tirou o lenço e eu já estava esperando as lágrimas quando ele assoou o nariz violentamente, interrompendo o Paulo Coelho da outra. Faltava um botão na camisa. Claro, abandonado pela esposa. Devia morar num flat, pagar caro, devia ter dívidas astronômicas. Homossexual? Acho que não. Ninguém beijaria um homem com um bigode daqueles. Tingido.
Mas a melhor, a mais doida, era a louca gorda e baixinha. Que bunda imensa. Como sofria, meu Deus. Bastava olhar no rosto dela. Não devia fazer amor há mais de trinta anos. Será que se masturbaria? Será que era esse o problema dela? Uma velha masturbadora? Não! Tirou um terço da bolsa e começou a rezar. Meu Deus, o caso é mais grave do que eu pensava. Estava no quinto cigarro em dez minutos. Tensa. Coitada. O que deve ser dos filhos dela? Acho que os filhos não comem a macarronada dela há dezenas e dezenas de domingos. Tinha cara também de quem mentia para o analista. Minha mãe rezaria uma Salve-Rainha por ela, se a conhecesse.
Acabou o meu tempo. Tenho que ir conversar com o meu psicanalista. Conto para ele a minha "viagem" na sala de espera.
Ele ri, ..... ri muito, o meu psicanalista, e diz:
- O Ditinho é o nosso office-boy.
- O de terno preto é representante de um laboratório multinacional de remédios lá no Ipiranga e passa aqui uma vez por mês com as novidades.
- E a gordinha é a Dona Dirce, a minha mãe.
- E você, não vai ter alta tão cedo"...(Luis Fernando Veríssimo)

domingo, 8 de agosto de 2010

DIA DOS PÃES

Como homenagear a ausência de sua presença? Foi minha/meu Pãe que verdadeiro presente, sempre, se fez: sem laço de fita nem papel. Desembrulhada, ela/ele ensina que a vida é para ser celebrada. É com Elle/Il que apreendo o quê não compreendo. Foi com She/He a mais linda lição de transformar desgosto no mais puro gosto. Ouço seu sussurro duplo, firme e constante sempre dizendo: vai conseguir, sim! E é através dessa voz, constância de amor, que grito: AMO VOCÊ DE VIVERRR!!! Feliz Dia dos Pães! Saudades...
PS: Lembra-se da gente dançando nos embalos de todos os dias da Vida? E você dizendo: a vida é rosa, azul, verde, laranja, e preta também! Faça dela seu arco-íris com as cores que tem...

sábado, 7 de agosto de 2010

PQ HOJE É SÁBADO!




Depois do primeiro debate(?) entre os candidatos à presidência da república, ocorrido na última 5ª feira, não poderia deixar essa delícia de fora... Enquanto tenho alguns poucos meses para rir...

A vidente se concentra, fecha os olhos e fala:
 - Vejo a senhora passando em uma avenida bem larga, em carro aberto, e uma multidão acenando.
 A Candidata DILMA sorri e pergunta:
 - Essa multidão está feliz?
- Sim, feliz como nunca!
 - E eles estão correndo atrás do carro?
 - Sim, por toda a volta do carro. Os batedores estão tendo dificuldades em abrir caminho.
 - Eles carregam bandeiras?
- Sim, bandeiras do PT e do Brasil, e faixas com palavras de esperança e de um futuro em breve melhor.
 - Eles gritam, cantam?
 - Gritam frases de esperança: "Agora sim!!! Agora vai melhorar!!!"
- E eu, como estou reagindo?:
- Não dá pra ver.
- E por que não?.
- Porque o caixão está lacrado!!!



(Fonte: Internet)

AO CONTRÁRIO

Primeiro ele entrega lápis de cera com cor. Preto, marrom e um toquinho de amarelo é a parte que me cabe. Deve ter visto meu avesso. É para fazer um desenho... Não escuto o restante do comando e no papel derramo, em forma de desenho, uma gota exclamação. Lágrima surpresa. Ocupa todo o espaço: preta e na sua ponta desponta um - único e minúsculo - ponto amarelo.
Tempo esgotado ele diz. Em seguida é para começar a escrever, só que com a mão esquerda. Inversão do hábito. Ajuda à memória, do esforço da infância para a escrita.
Vida ao contrário, inversa, esquerda, de banda. Com dificuldade escrevo sem idéia. Só pausa.
Agora pode escrever com a direita! Qual direita? A do avesso? 
Escrita ao contrário que não endireita o que já anda na contramão. Bem infantil diz o professor. Lembre-se dos tempos da alfabetização!
A...B...C...D... e tento buscar a minha criança alegre. Onde foi parar? Não consigo. Empaco. Sinto-me mais que uma mula teimosa, empacada... Encasulada. Encapsulada. Porque não vazou? Secreção pura lenta armazenada.
Bem infantil ecoa o professor. Retorna ao contrário e ressoa. Faz-me suar. É um soar... Retumba. Pulsa. Lateja.
Tempo esgotado diz ele. O tempo não pára.
Quem sabe na próxima atividade? Ativa a idade, o tempo, a vida... (Regina Rozenbaum) 

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

BOAZINHA OU PODEROSA? EIS A QUESTÃO...


Em casa, qualquer quarto que esteja com a porta fechada é para ser levemente batida. Ao ouvirmos a resposta de quem lá habita, sabemos se podemos ou não adentrar. Quarto é a parte de toda a casa que tem uma certa propriedade e guarda sua intimidade. Isso vale para todos os moradores da casa, sem distinção de sexo, idade ou autoridade.
Às vezes preciso entrar no quarto de minha filha para resgatar alguma blusa, vestido, acessório que foi esquecido de fazer a devida devolução. Coisas de mãe e filha. Foi assim, nesses poucos dias de férias – ela viajando e a mãe trabalhando – que fui à caça de um “mãe me empresta” e retornei com um tesouro. Tesouro, diga-se de passagem, que nada tem de ouro.
Dos livros escolares recomendados pelo colégio, entre um e outro, vejo um que só a imagem na capa bastaria: uma bota cano alto, salto agulha enorme e bem pequenino mesmo, na ponta da tal, um homúnculo subserviente olhando lá para as alturas, com botão de rosa em sua mão a ofertar. Sugestiva imagem que, a mim, bastaria. Complementada pelo título: “Por que os homens amam as mulheres poderosas? Um guia para você deixar de ser boazinha e se tornar irresistível” não bastou mais à curiosidade materna.
UAU, minha filhinha já se ocupando em se tornar irresistível! Isso é mais que Colombo e Cabral atravessando mares nunca antes navegados. Pego pelas orelhas - não as minhas, por enquanto – e leio:
“Existem mulheres que conseguem arrancar suspiros de todos os homens que as cercam, Outras, por mais bonitas que sejam, passam despercebidas pela maioria deles... Esse guia prático e bem-humorado mostra que há dois tipos de mulheres: as poderosas e as boazinhas...
As poderosas possuem um poder de atração que está muito mais ligado ao seu comportamento do que à sua aparência física..." Ótimo, filhinha da mamãe sabe que são nossas atitudes que ditam as modas.
"Elas são fortes, independentes, têm seus próprios interesses e não fazem do parceiro sua única fonte de felicidade." Filhotinha deve ter pulado a lição que somos interdependentes, além da que ensinava que a tal fonte de felicidade não está no parceiro ou em qualquer outro lugar fora da gente.
"As boazinhas, por outro lado, cobram a atenção do outro em tempo integral e estão sempre disponíveis, esperando que ele estale os dedos." Filha da mamis matou as aulas que diferenciavam, à disposição do outro... de... ter disponibilidade para o outro.
Agora - já puxando minhas próprias orelhas no estilo mea culpa, mea máxima culpa - suspirei e pensei: vou ficar tão feliz se minha filha descobrir que a vida não tem manual, as relações afetivas fogem às regras e que poder e bondade se misturam, se casam, se amam, gerando filhos PODEROSAMENTE BONDOSOS para a vida!
E cá prá nós: um livro de auto-ajuda, escrito por uma mulher que coloca as outras como "capacho", que promete transformá-las em "encantadoras e cheias de magnetismo" só mesmo eu para embarcar nessa desventura.
O quê fiz de errado???  Respondo: adentrei quarto alheio sem bater à porta!!!
Coisas de mãe e filha...(Regina Rozenbaum)




quinta-feira, 5 de agosto de 2010

CELINHA...CÊÉLINDA!!!

                                Sabe aqueles dias que você está tão feliz?
E, de repente ...  Você leva aquele banho de água fria? ... 
                                Não permita que estraguem a sua semana:
                                        Vai pra Casa, troca de roupa ...

Encontre uma pessoa querida...
Encontre os amigos...
                                   
                                       Não se esconda de ninguém...
Porque há pessoas que te querem bem...
                                Que fazem questão de te encontrar...
Para saber se você está bem...
Prá te encontrar, livre, leve e solta(o)...
Ou, quem sabe, às vezes, meio desconfiada(o)...
Ou até mesmo sossegada(o)...
Independente da companhia que pintar...
Relaxe e...
                                            Aproveite o dia!!!
          "Quem tem amigos, nunca está sozinha(o)!"
                                                           (Fonte:Internet)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

AMORES POSSÍVEIS OU IMPOSSÍVEIS?



Peguei "emprestado" esse poema (Sonhos meus) do amigo Manuel, poeta-amado, lá da Constância. É que não sou poetisa e, especialmente esse, traduziu com leveza minha alma e coração. Tenho sempre um prazer, sem palavras, quando me engordo nos blogs de amados que escrevem assim... Um dia, quem sabe, dessa arte vou conseguir, de maneira delicada, escrever o que meus dedos, tinta em papel ainda não fazem. São sonhos meus... E a música agradeço ao JC, de casa, amado, que me brinda sempre não só com sua amizade, mas com arte que sabe o tamanho de meu encantamento. Amor é possibilidade, generosidade sem idade. Conjugação... Enfrentamento que aquece - tanto - os  corações, e deles saem faíscas, fogo que queima qualquer impossibilidade! Amor é realidade em formato de sonho. Sonho igual de padaria: doce. Recheio que transborda na alma e mergulha o coração em deleite à primeira mordida. Não é pecado que expulsa amantes de paraíso... é vivência-amor! (Regina Rozenbaum) 



"Sonhos meus"

De mansinho tu chegas



quem és tu?


não te conheço


(apenas te vi em sonhos)


teus passos


leves com o vento


pisam


recalcam


meu pensamento...


Serás a minha alma


o meu espírito


minha visão


ou a intercepção da luz


do teu corpo opacto


trevas


noite


solidão...


Serás o meu anjo da guarda


serás aquela(e) que sempre esperei


ou a sombra dos meus sonhos


que sempre amei ? (Manuel Marques)

domingo, 1 de agosto de 2010

ELIS REGINA CANTANDO CHICO (não o que vocês pensam...)


Dessa eu não sabia mesmo... Aliás, tem muitas coisas que não sei (Graças a D'US) e quero sempre aprender mais um cadim. E não é que a Pimentinha, Elis Regina, foi ligada à espiritualidade? Não só estudava a doutrina sistematizada por Kardec, como freqüentava um centro espírita em Curitiba e psicografava. De quebra, ainda serviu de ponte para a adesão de outros nomes notáveis da MPB ao espiritismo, a exemplo de Clara Nunes. Imagina só, umas das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos fazendo show em prol de instituições espíritas! Pra completar, só faltava Elis Regina cantar música espírita também... Bom, se pensarmos em música espírita como a composição musical escrita sob influência do espiritismo, que expressa um sentimento coerente com a visão de mundo espírita... Então ela cantou! Não só cantou como gravou! E o Divã nosso de cada dia traz a raríssima composição No Céu da Vibração, de Gilberto Gil. Uma homenagem a Chico Xavier, interpretada ao vivo por Elis! Essa você sabia? Eu não! No Céu da Vibração, composta por Gilberto Gil em 1980, para homenagear Chico Xavier.

Os homens são mortais

Todos os animais
Os vegetais também o são


Como será

Não ser assim?

Não precisar

O começo, o meio, o fim

A encarnação, Deus?

Como será

Não estar aqui nem lá

E tão somente andar ao léu

No céu da vibração?

Para os olhos, fez-se a cor

Para os ouvidos, o som

Para os corações, o fogo do amor

E para os puros, o que é bom

Só me resta agradecer

E aguardar a ocasião

De tão somente andar ao léu

No céu da vibração.