Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

CAVALO SELADO... 3 EM 1



Tela de Amilcar de Castro

O convite, em plena quarta-feira, era para assistir a um show de chorinho em homenagem a Ernesto Nazareth 150 anos depois. Ernesto “é fruto do modelo musical do Brasil da virada do século 19 pro 20, quando sua cidade natal – o Rio de Janeiro era apelidado de A cidade dos pianos”. Ernesto Nazareth – 150 anos depois, o projeto, “abrange não só suas origens, mas sua capacidade de permear e influir em outros estilos. Pincela os mais variados matizes deste grande músico, unanimidade aqui e lá fora, onde muitos musicólogos o preferem a Scott Joplin e onde seu suingue já fez deslizar Fred Astaire e Ginger Rogers no cinema”. (Mário de Aratanha)
O local o Centro Cultural Banco do Brasil na Praça da Liberdade. Deixe-me contar. A praça foi feita para abrigar a sede do poder mineiro, os prédios do Palácio do Governo e das primeiras Secretarias de Estado: viação, educação, segurança pública e obedece a tendência da época - estilo eclético com elementos neoclássicos.  Já há algum tempo e com a criação da cidade administrativa essas secretarias veem sofrendo restaurações e todas se transformaram no que hoje é chamado Circuito Cultural Praça da Liberdade: CCBB, Espaço do Conhecimento, Museu das Minas e do Metal, Centro de Arte Popular. Ainda não conhecia o CCBB, antiga secretaria de segurança e assistência pública: "O prédio de seis andares, ao lado do Edifício Niemeyer, é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais. Seu projeto arquitetônico foi concebido por ninguém menos que Luiz Signorelli, fundador da Escola de Arquitetura de Minas Gerais. De estilo eclético, com influências neoclássicas e art déco, o prédio foi inaugurado em mil novecentos e trinta para sediar a Secretaria de Segurança e Assistência Pública."

O prédio é ma-ra-vi-lho-so! Tem uma escada majestosa no hall de entrada do edifício. Feita em granito, ela ganha destaque com seu corpo em metal e vitrais ao fundo. E quando visito locais assim tenho que confessar: a sensação é que já vivi essas épocas. Sinto-me íntima mesmo. Amo edifícios antigos, palácios e congêneres. Esse foi o segundo cavalinho selado. Já lá dentro chegou o terceiro: a exposição de Amilcar de Castro. Esse senhor é um dos maiores artistas mineiros de todos os tempos e um dos mais significativos da arte brasileira do século XX. Descobri que ele também é poeta.

“Foi quando e de repente descobri

que o avesso das águas guarda o segredo da vida

e que escultura é pedra do fundo do rio.

O segredo está em consegui-la sem molhar as mãos.”.
“Escultura é a descoberta da forma do silêncio
Onde a luz guarda a sombra e comove”.
Quanto ao show uma belezura para os ouvidos da alma. Antônio Adolfo trio criou para o projeto o “Nazareth com Jazz”. Arranjos deliciosos que nos faz pedir bis. 
Voltei feliz pra casa, por esse cavalo 3 em 1, que nem fazem ideia!
(Fontes: google imagens e wikipédia)

terça-feira, 15 de outubro de 2013

ESCHER MÁGICO







Antigamente Belo Horizonte não fazia parte do eixo cultural. Somente Rio de Janeiro e São Paulo recebiam exposições internacionais, óperas, espetáculos de música, teatro, balé e afins. Isolados entre montanhas tínhamos que viajar para as citadas cidades se quiséssemos beber arte. Já faz alguns anos que esse panorama mudou, graças aos esforços de muitos, e sou grata. Nesse último final de semana fui ver A Magia de Escher, instalada no Palácio das Artes e com entrada 0800. Não sou uma entendida e/ou estudiosa de qualquer manifestação artística. Sou - se posso assim me nomear - uma degustadora. O que me toca a alma e/ou coração fico encantada e só. Essa exposição foi assim... um encantamento: metade lúdica, metade séria.
Maurits Cornelis Escher (1898-1972), artista gráfico e mestre holandês da ilusão de ótica e dos paradoxos impressionou-me. Aliás, a 1,2 milhão de espectadores no Rio, Brasília e São Paulo por onde já foi apresentada.  A magia de Escher possibilita ao espectador a vivência de uma série de efeitos óticos e de espelhamento explorados na construção das gravuras. Experiências como olhar por uma janela de uma casa e ver tudo em ordem e, em seguida, ver tudo flutuando por outra janela podem ser acessadas na exposição. Escher se tornou conhecido em todo o mundo pelas representações de construções impossíveis, explorações do infinito e as metamorfoses – padrões geométricos entrecruzados que se transformam gradualmente em formas diferentes. “Suas gravuras tem uma incrível capacidade de gerar imagens com efeitos de ilusões de ótica, com qualidade técnica e estética, respeitando as regras geométricas da perspectiva”. (Fonte: Divirta-se) Senti-me meio Alice no País das Maravilhas brincando nas instalações e interagindo com os visitantes desconhecidos. Vale a pena visitar, deixar o lado criança aparecer e conhecer esse mágico artista.Uma dica: levem os filhos, netos, sobrinhos...é diversão garantida!


(Imagens: By Júnia)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

UPA-UPA CAVALINHO SELADO

Estava para iniciar meus trabalhos na Casa do Richard e pegando o celular para desligá-lo tocou:
- Tudo bem?
- Tudo!
- Tá me ouvindo?
- To, ora essa!
- É que tá entrecortada sua voz, mas quer ir à ópera comigo?
- É um convite? (e quem convida paga, né?)
- É sim! (responde rindo de mim... ou seria para mim?!)
Foi assim que peguei mais esse cavalo selado e apeei, ontem, no Palácio das Artes para assistir La Bohème. Essa ópera de Puccini (estreou em 1896), umas das mais populares de todos os tempos, acontece em Paris. Quatro jovens boêmios dividem um apartamento: o poeta Rodolfo (tenor), o pintor Marcelo (barítono), o filósofo Colline (baixo) e o músico Schaunard (barítono). O tema principal da ópera é o amor de um deles, Rodolfo, por Mimi(soprano)uma floreira que sofre de tuberculose. Na noite em que se encontram pela primeira vez, Marcello recupera sua ex-amante, Musetta (soprano), das mãos de um rico admirador. Alguns meses mais tarde, incapaz de suportar o ciúme irracional de Rodolfo, Mimi o abandona, para só retornar, à beira da morte, trazida por Musetta. Os jovens boêmios tentam salvá-la, mas já é muito tarde. La Bohème é um exemplo de uma ópera proletária, já que até a época em que Puccini a compôs, quase todos os personagens de ópera tinham sido reis, príncipes, nobres, guerreiros, deuses ou heróis da mitologia grega. Em quatro atos, baseada na novela “Scènes de la Vie de Bohème” de Henry Murger, trouxe solistas de diferentes estados e países, grande elenco, além de contar com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, o Coral Infanto-juvenil do Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e a Cia. De Dança do Palácio das Artes.
Palácio das Artes
Lotação esgotada em todos os dias, preços bem acessíveis, nos fez assistí-la do balcão. Sem problema. Levei binóculos, pois gosto de ver também as expressões faciais. Não entendo nada do que falam, mas minha alma compreende, tão intensamente, que geralmente choro. Lembro daquela cena - do filme Uma linda mulher – quando Richard G. leva Julia R. para assistir, pela 1ª vez, uma ópera. E ela, como eu, sem entender palavra, transborda em seus olhos a compreensão. Dessa vez uma novidade: havia uma tela, bem acima do palco, com tradução. Assim facilita o entendimento de toda a história, mas eu prefiro é ouvir mesmo! Minha incompreensão maior é, de fato, com o povo que dorme e ronca, fazendo seus acompanhantes quase morrerem de vergonha de tanto cutucá-los. Um dia entendo! Constantemente penso os motivos dessa arte não ser mais popularizada e cair no gosto de todo brasileiro. Talvez falte educação, divulgação e até mesmo desmistificação. Não é coisa de rico não! A riqueza é só da oportunidade de - no mesmo espetáculo – apreciarmos tantas manifestações artísticas,maravilhosamente,reunidas e desempenhadas. Podemos nos orgulhar de termos produzido o único compositor de ópera de todo o continente americano do século XIX. Carlos Gomes (O Guarani, Maria Tudor, O Escravo, Fosca, Salvador Rosa) por seu grande talento, seu dom em compor belas melodias e seu senso dramático, projetou pela primeira vez, o nome do Brasil de forma internacional! Com a ópera O Guarani, Carlos Gomes consagrou-se. Ela vem sendo apresentada em diversos teatros do mundo. Saí feliz e grata (Obriagada "mamita" Raquel) por mais esse cavalinho selado. Nada mal para uma terça-feira, vocês não acham?(RR)

terça-feira, 6 de setembro de 2011

SEMPRE UM PAPO

O jornalista Afonso Borges, há vinte e cinco anos atrás, idealizou e criou esse projeto, aqui em Beagá, com a missão de contribuir para o desenvolvimento de políticas de incentivo ao hábito da leitura a fim de formar cidadãos mais críticos. O projeto já ultrapassou os limites de Belo Horizonte e chegou a 23 cidades, em oito estados da Federação, além do Distrito Federal. Com o tempo, vieram outros projetos (Sempre um papo comunidade, nos bairros, programa de TV, biblioteca, portal, etc.) e iniciativas que visam sempre o incentivo à leitura e possibilita, conjuntamente, a associação entre cultura, educação e responsabilidade social. Sempre um papo é a realização de encontros entre grandes nomes da literatura e personalidades nacionais e internacionais com o público, ao vivo, em auditórios e teatros. Já fui a muitos: Adélia Prado, Lya Luft, Saramago, Rubem Alves, Ferreira Gullar, Miguel Paiva, Veríssimo e mais outros que nem me lembro mais. Fazia tempo que não ia. Essas coisas desse senhor implacável que não nos deixa organização suficiente, nem sobras, para as idas. Para comemorar suas bodas de prata organizaram uma mesa imperdível. Convidei Ângela, amaaada, para largar sua cozinha e irmos ouvir Ruy Castro e Heloisa Seixas, Frei Betto, Fernando Morais, Leonardo Boff, Zuenir Ventura, Luis Fernando Veríssimo, mediados por Zeca Camargo. Um encontro desse porte só caberia no Grande Teatro do Palácio das Artes.
E dá-lhe fila dobrando quarteirão para receber a senha de entrada. Parte cansativa e mal organizada para um evento desse tamanho.
Na fila que caminhava igual as de  banco... e Ângela era só sorriso!
E dá-lhe gente de todas as idades, principalmente jovens, o que nos deixou felizes e esperançosas, querendo ouvir. E dá-lhe duas “senhÔras” (Angelinha e eu) pulando cordinha de isolamento para as poltronas dos convidados Vips (não éramos, mas nos categorizamos como tal, tamanho desaforo) e patrocinadores.
Reservadas para nós...as inúmeras, e sem dúvida, importantíssimas pessoas dessa vida: seres do cotidiano nosso de cada dia...você, eu, nós!
Contravenção perdoada para quem só queria ficar mais perto de Luisinho, amaaado meu.
Depois, como os Vips não chegaram, decidiram abrir para todo o público que, na minha humilde opinião, mais importância não há. Somos nós, leitores e frequentadores, que sustentamos  os escritores e o projeto, né não?! Reservar todo o primeiro setor, para patrocinadores, é assinar atestado que somos dispensáveis e que é possível viver só dessas verbas. Até deve ser. Mas, a missão do projeto fracassaria e os escritores ficariam, numa tristeza só, sem ter o retorno de leitores.
Sentadinhas na área VIP e nos sentindo importantíssimas...Afinal, SOMOS messsmo!
Cada um fez sua homenagem ao Sempre um papo, mas quando Fernando Morais elogiando a quantidade de gente que ali se encontrava, mencionou através das presenças da secretária de cultura do governo do estado e nosso prefeito, que novas políticas educacionais, de incentivo à leitura, etc. e tal se efetivadas, em pouco tempo, triplicaria esse público... a audiência aplaudiu em pé. Os professores da rede estadual – em greve por tempo indeterminado desde junho – aproveitaram a deixa e empunharam cartazes e libertaram seus gritos. 
Da esq p/direita: Fernando Morais, LF Veríssimo, Zuenir Ventura, Zeca Camargo, Ruy Castro, Heloísa Seixas, Frei Betto e Leonardo Boff
Já Luis - com seu humor ímpar – mencionando sua dificuldade em falar em público, disse que todas as vezes que Afonso o convidou para o Sempre um Papo transformava-o em Sempre um Parto! Ô dó dele, gente... Meu lindo sofre mesmo, genuinamente, para falar. Tinha vontade de ajudar seus partos. Fazer nascer suas palavras orais sem dores, cesária ou fórceps, tal e qual ele pari suas crias escritas: de um jeito normal e lindo de vir ao mundo. A-DO-RO esse moço.
Fui crente que tiraria fotos, pelo menos com Luis, e conseguiria meus livros autografados e com dedicatória. Desisti. Minha tietagem não é tão grande, quanto imaginei, para enfrentar a muvuca que se formou e mais trocentas horas de fila. 
Sem condições de enfrentamento desse desgovernado populacional...Era gente saindo pelo ladrão!
Fomos embora felizes por esse 0800 em plena segunda-feira, reencontro, e combinadas (né amada?) de fazermos outros programas como esse.

Fonte: (www.sempreumpapo.com.br)