Hoje
eu posso dizer: faço 55 anos e fiquei mais boba. Não no sentido de ignorante,
mas como disse Clarice Lispector: "O bobo ganha utilidade e
sabedoria para viver." Então, estou mais boba para viver melhor
a vida. Ocorre que, sendo boba, a dor do outro me dói mais, viver mesmices não
me incomoda mais, comer me alenta menos e me engorda mais, chorar não me constrange
mais, não gostar de discutir política não me envergonha mais, praticar zumba me
interessa mais, meditar me agrada mais – e isso é relevante, porque me agrada
mais do que uma noite de balada, ou de farra no buteco, ou seja lá o que se diz
hoje quando se quer dizer "chutar a lata".
Sim, prefiro mil vezes
dormir mais cedo e, logo nas primeiras horas da manhã, entoar: "Querido D’us,
Pai, Mãe, Criador de tudo o que foi, é e sempre será, por favor, junte-se a mim
nesse dia..." e, depois de alguns minutos de prática, me sentir
revitalizada para mais um dia de trabalho; prefiro andar sozinha do que mal
acompanhada – e sei distinguir a companhia; prefiro a simplicidade de um
sorriso do que elogio forçado – e sei ver a dobra dos lábios; prefiro me calar
do que falar. Ponto.
Dito isso, confesso ainda:
não me sinto mais esperta ao completar 55 anos. Sinto-me mais perto. E isso é o
que me interessa. Mais perto de quem eu gosto, mais perto de quem eu sou de
fato, mais perto do que eu quero fazer, mais perto de quem me importa, mais
perto de quem se importa comigo, mais perto da resposta.
E a pergunta é esta: O que é
a vida afinal?
Ora, o que é viver a vida, senão
dar lugar às descobertas?
Hoje, por exemplo, tenho
rugas, mas ando descobrindo que a elasticidade da pele não se compara com a
largueza da alma! Bem-vindo novo ano de vida. Que seja vividamente vivido...com tudo que me é merecedor. E sou gratidão!!!
(Imagem: Tumblr)