"O ano acaba. Espalho os últimos trezentos e sessenta e cinco dias na minha frente no tapete da sala de casa.
Este aqui é o mês em que decidi largar tudo que não influenciasse profundamente os meus sonhos. O dia em que me recusei a ser vítima. Esta é a semana em que dormi na grama. Na primavera eu torci o pescoço da insegurança. Deixei a sua gentileza de lado. Derrubei o calendário. Aqui a semana em que dancei com tanta empolgação que meu coração aprendeu a flutuar de novo. O verão em que tirei os espelhos da parede. Eu não precisava mais me ver para me sentir vista. Tirei o peso do meu cabelo com o pente.
Dobro os dias bons e ponho no bolso de trás da calça só por segurança. Acendo um fósforo. Queimo tudo que seja supérfluo. O calor do fogo aquece meus dedos do pé. Pego um copo de água morna para me limpar inteira para janeiro.
Estou chegando... mais forte e mais inteligente rumo ao novo!"
(Rupi Kaur in O que o sol faz com as flores)