Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

HOMOSSEXUALIDADE III

J.Lacan
Os psicanalistas pós-freudianos adotaram posturas diversas ao longo de todos esses anos a respeito do tema. O grande expoente da psicanálise francesa, Jacques Lacan, teve uma posição diferente em relação aos homossexuais. Em uma época em que as sociedades psicanalíticas francesas seguiam o modelo americano de impedir o acesso de homossexuais à formação analítica, Lacan os recebia em análise, aceitava-os como membros da Ècole Freudienne de Paris, fundada por ele, e nunca tentou transformá-los em heterossexuais. Para Lacan, entretanto, a homossexualidade não era, como para Freud, uma orientação sexual. Segundo Roudinesco (uma historiadora/biógrafa francesa), a posição de Lacan é bem próxima da de Michel Foucault e de Gilles Deleuze, que valorizavam a perversão como uma contestação radical à ordem social burguesa. Lacan, que dizia haver sempre uma disposição perversa em toda forma de amor, entendia o homossexual de uma maneira bem próxima à de Proust: um personagem sublime e maldito; um “perverso”, pois ele subverte, perverte o discurso dominante da civilização. Por conseguinte, o reconhecimento da homossexualidade como “subversão” não levava nem à discriminação nem a discursos repressivos. É por entender a homossexualidade neste mesmo viés – uma subversão ao discurso dominante – que Bourdieu (2000) deplora a reivindicação de normalização dos movimentos gays, pois ao fazerem isso, voltam contra si mesmos o discurso hegemônico. Mas isso já é uma outra história que no momento não é nosso interesse abordar.
Continua...

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