Ganhei de presente a trilogia de Nilton Bonder: A Cabala do dinheiro, A Cabala da comida e A Cabala da inveja. A relação com a comida que ingerimos, com o dinheiro que ganhamos e com o ódio que sentimos pode revelar muito sobre quem somos. É o que diz o provérbio talmúdico Kossó, Kissó e vê-Kaassó: “Uma pessoa se faz conhecer por seu copo, seu bolso e sua ira.” Escolhi começar pelo dinheiro. Não foi à toa. Sempre tive problemas com essa moeda e descobri – antes tarde do que nunca – que nunca dei o devido valor. Somos o que fazemos, somos o modo como reagimos, somos o que acreditamos, e nosso dinheiro é uma extensão de tais escolhas. Nossa relação com o mundo se dá pelo dinheiro que entra ou pelo dinheiro que sai; ele é um dos grandes determinadores do que há do lado de fora, do valor que as coisas e as pessoas têm para nós, do valor que temos em relação a coisas e pessoas. Os cabalistas fazem extensa reflexão sobre o dinheiro e lhe dão um tratamento simbólico semelhante ao corpo. Assim como temos uma alma recoberta por um corpo que age e interfere no mundo, nossos apegos, intenções e estimas ganham forma no uso do dinheiro. A prosperidade é uma parte fundamental da vida. Ainda assim, muitas pessoas (e eu todentro...) têm dificuldade para desenvolvê-la e mantê-la. Isso porque pensamos na prosperidade como algo que destrói a vida humana, a vida animal, a vida vegetal, a vida dos oceanos, a vida no ar e a própria Terra. Na verdade, é o nosso conceito de prosperidade que deve mudar. É claro que onde quer que haja uma necessidade de mudança sempre haverá pessoas que prefeririam morrer ou matar em nome da tradição, e muitas vezes em nome de D”us, a deixar que algo novo e bom aconteça. Há que se ter responsabilidade, como Bonder nos ensina: Sagrado é o instante em que dois indivíduos fazem uso de sua consciência na tentativa de estabelecer uma troca que otimize o ganho para os dois. Fazer negócio, nos moldes imaginados pelos cabalistas, coloca à prova todo o esforço da cultura e da espiritualidade e, respondendo a uma consciência, cobra do indivíduo responsabilidades para além de si próprio. Para um ser humano, sobrevivência é sua capacidade de arcar com seu sustento físico e com suas responsabilidades inerentes à consciência. A entrada de sobrevivências que não foram taxadas por suas “responsabilidades” envenenam o mercado, contribuindo para o caráter caótico do que pode nos acontecer. A história abaixo ilustra essa noção:
“Permitiu-se a um rabino muito justo, numa concessão especial, que visitasse o purgatório e o paraíso. Primeiro ele foi levado ao purgatório. De lá provinham os gritos mais horrendos que já houvera escutado e, quando viu o rosto dos que gritavam, notou que traziam feições angustiadas como jamais vira. Estavam todos sentados em torno de uma grande mesa, sobre a qual se ofereciam as iguarias mais deliciosas que se possa imaginar, servida da forma mais linda e sofisticada. Não entendendo por que sofriam diante de tamanho banquete, o rabino observou com mais atenção e reparou que seus cotovelos estavam invertidos. Compreendeu, assim, seu sofrimento: como não podiam dobrar os braços, não tinham acesso a toda aquela fartura. Estavam diante de tamanha prosperidade, mas impossibilitados de usufruí-la.
O rabino foi então levado ao paraíso, de onde partiam as mais extravagantes gargalhadas num clima de festividade e alegria. Lá estavam todos sentados a uma mesa como a que vira no purgatório, coberta com as mesmas iguarias, tudo exatamente igual. Para sua surpresa, os cotovelos dos que ali se encontravam também estavam invertidos. Observou, então, que havia uma diferença, um pequeno detalhe: em vez de se considerarem impotentes por não terem acesso ao banquete pela inflexibilidade dos braços, tinham resolvido a questão fazendo com que um levasse a comida à boca do outro."
É o comportamento, e não apenas os bens ou o estoque, que estabelece a riqueza. Embora possa parecer um detalhe trivial, a distância que separa estas duas atitudes é grande, muito grande, modificando completamente nossa qualidade de vida! Este planeta é o nosso lar e todo mundo nele é a nossa família. A questão fundamental é a de como nós podemos assegurar um futuro calmo e bem-sucedido para nós mesmos e para toda a família. Já pensou? Está fazendo? Então, desejo um final de semana próspero e abundante para você!
Fonte: A Cabala do dinheiro/ Nilton Bonder. – Rio de Janeiro: Rocco, 2010.
Imagens: Internet
Um belo sábado pra ti minha amiga,,,paz e muita poesia sempre...beijos e beijos.
ResponderExcluirÉ agente aprende sim..
ResponderExcluirMuita prosperidade pra nós ..
Beijo no zóio linda minha!
ps:desculpa a ausência física.
Mas o coração esta sempre presente
viu..
Bravo,excelente texto.
ResponderExcluirBeijo meu e bom final de semana.
Sempre a aprender.
ResponderExcluirBom domingo.
Well... dinheiro é bom, muito bom. Facilita a vida, dá acesso a muita coisa boa, dependendo das escolhas. Agora, prosperidade, para mim, é uma outra coisa: é ser feliz com o que se tem e usar da criatividade para redesenhar a realidade. Venho tentando fazer isso há já algum tempo. Melhorou muito a minha vida. Amo o Nilton Bonder, muito inteligente. Beijos, Angelinha
ResponderExcluirMinha amadamiga,
ResponderExcluircomo vc também tenho essa dificuldade de trabalhar com estes bens que se tornam os "senhores dos homens".
Gosto de ter coisas. Preciso de segurança, até porque quando criança não tive.
mas vi que muitas vezes o "menos" é melhor que o "mais". E me faz bem saber é é verdade que amo tudo que tenho, mesmo que não seja tudo de ouro.
essa história do rabino conhecia-a de outra forma. Mas implica no que anda faltando em todos os locais, dos mais profanos aos mais sagrados : a falta de só e simplesmente alimentar o outro. Essa troca é um ato divino. Ninguém sai perdendo se soubermos dar e receber sem pensar em reter só pra si ou ter medo de não receber.
Ando muito desconfortável pois esse crime contra a vida (sim, é crime mesmo) ronda nossos próximos mais próximos.
Fico assustado como no trânsito todos querem ser os primeiros. ganhar ganhar e ganhar
Sinto pena...pois para mim isso é impotência, doença. E já vi muitos morrerem de sede ao lado do copo d'água.
mas é isto, minha linda:
Tu escreves maravilhosamente bem!
Tu és especial!
E que D'us desperte todas as Reginas Rozenbauns do mundo!
Beijos!
Bom DOMINGO!!!!
Quando criança. eu tinha uma percepção de "prosperidade" como um sinônimo de abastança, ou fartura de recursos materiais...
ResponderExcluirHoje, só consigo entender prosperidade como relacionada à satisfação, e esta não depende exclusivamente de coisas materiais, embora estas possam contribuir.
Mas, para mim o principal seria a paz de espírito, e a capacidade de obtermos satisfação com o que temos...
Este assunto dá para escrever mais um livro...
Abraços, Rê!
A minha relação com esse troço chato e essencial chamado dinheiro é bem complicada, mas já foi pior. Coisa de inconstantes feito eu.
ResponderExcluirBendito seja o dia em que o homem perceba que sozinho ele não é merdê algum... O bem só é completo quando causa efeito em todos, a família como foi citado no seu texto. Sigamos acreditando e fazendo, né?
Beijos, lindinha cabalística.
Dinheiro não tem bandeira, não tem alma, não tem consciência, não tem pátria, não tem ideologia. Foi concebido assim pelo homem para ser seu escravo. Mas em algum ponto trágico da História, o escravo se rebelou, e hoje o homem se vê servo e refém de sua própria criatura.
ResponderExcluirUm texto que merece ser lido com atenção, Regina. Abraços.
Olá, RÊ!
ResponderExcluirProsperidade e riqueza tendem, para muita gente, a confundir-se com bem estar, mesmo felicidade.
É claro que ter dinheiro dá muito jeito, torna a vida mais cómoda e fácil, mas não chega para fazer a felicidade de alguém.
Felicidade é coisa de outro reino, e às vezes bem mais difícil de alcançar que o dinheiro...
Excelente tema, inesgotável.
Domingo feliz; beijinhos amigos.
Vitor
Como diz o rabino.
ResponderExcluirÉ tempo de rever, reavaliar e mudar.
Administrar nossos desejos e vontade, ser e ter.
Dimensões que penetram uma na outra e que não existem isoladas.
Particularmente eu acredito que essa relação será o nosso grande burilamento enquanto estagiamos aqui nesse planeta.
Se um dia a gente aprender a lidar com tudo. isso certamente não estaremos mais aqui.
Assunto sério, de muita reflexão.
De muita encarnação.
Bjs.
Wilma
www.cancerdemamamulherdepeito@blogspot.com
Re
ResponderExcluirA prosperidade é vista de acordo com o coração.
Claro que dinheiro é bom, mas tem que saber atuar com essa energia. E nem todos sabem, nem pobres, nem ricos.
Basta ler a história do rabino.
Riqueza de coração e atitudes são muito mais riquezas que qualquer ouro e diamantes. Amor é o verdadeiro ouro. Todos tem, poucos doam, assim como o dinheiro. Eita...
Re, aceita um desafiozinho??? Tá lá no bloguinho.
Beijinho
Bem interessante!
ResponderExcluirBjs Rê.
Rê, ora aí está uma coisa que muita gente não entende mesmo "alimentar o outro", muitas vezes alimentam-se é "do outro", o que não tem muita graça. Dinheiro, bem, não se consegue Viver sem ele, mas tenho para mim que dizer uma palavra agradável ao amanhecer, apoiar e estar presente quando os outros precisam e gostar de, na medida do possível, fazer o que os outros gostam e lhes dá prazer, é mais importante. No entanto, tenho que reconhecer que agir assim me torna, às vezes, um pouco estranha. Bem, tem dias que....... Abreijos Tê
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