Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

quinta-feira, 26 de maio de 2011

DIVORSIM OU DIVORNÃO

DIVISÃO DE BENS
Dois amigos se encontram depois de muito anos.
- Casei, separei e já fizemos a partilha dos bens.
- E as crianças?
- O juiz decidiu que ficariam com aquele que mais bens recebeu.
- Então ficaram com a mãe?
- Não, ficaram com nosso advogado.


Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE (2007) para quatro casamentos registrados, uma dissolução. Como dizia minha avó, não é fácil comer um saco de sal juntos. Aliás, sal nem é considerado tempero. São muitos os ingredientes e temperos para a manutenção de uma relação.
Não creio que nenhum desses casais faça por prazer. Sofrem - em geral durante anos - e dizem que foi o tempo mais difícil de suas vidas. O divórcio figura entre os primeiros lugares no índice de estresse pessoal, perdendo apenas para a morte de uma pessoa amada. É uma experiência extraordinariamente penosa e que invade todo espaço da vida pessoa.
A maior aceitação do divórcio pela sociedade tornou mais fácil a vida de crianças e pais separados. Mas é ilusão achar que exista separação sem dor e sofrimento. Para os pais, envolve projetos de vida interrompidos, nos quais ambos os cônjuges investiram muito, em emoções, em afeto e também em recursos materiais. Para as crianças, significa lidar com emoções desconhecidas, na maioria das vezes traumáticas, como viver sem a presença de um dos pais, conviver com um quase estranho que de repente apareceu para ficar, ter duas casas para passar o fim de semana, entrar em contato com crianças que nunca viram e que, esperam os pais, sejam amadas como se fossem irmãos e irmãs. Tudo isso é muito difícil. O poder aquisitivo da família também cai (menos 20%, em média, no caso das mulheres), segundo dados do Instituto de Estudos do Trabalho e da Sociedade, Iets. E há ainda os inúmeros casos na Justiça de brigas por pensões alimentícias e pela guarda dos filhos. 
É bom o divórcio? A resposta é um enfático não. O divórcio é o que é: um fato em nossa sociedade, uma instituição social. Tem por finalidade servir de válvula de segurança a maus casamentos. Na verdade, a maioria dos casais que tive oportunidade de atender diz que essa função é a única coisa boa no divórcio. Para eles, é melhor passar por essa dor lancinante, mas temporária, do que continuar a viver com a dor lancinante, e permanente, de um mau casamento. Como nossos pais, avós, em épocas que – principalmente para as mulheres – era inadmissível até mesmo pensar em tal ação! Comia-se o tal saco de sal sem a ajuda, sequer, de um copo d'água.
Mas se o divórcio não é bom, há essa coisa de um bom divórcio? A reposta é um categórico sim. Existem. Nesses bons divórcios, casais se separam sem destruir a vida daqueles que amam. As crianças continuam a ter dois pais. Os pais divorciados continuam a manter com eles bons relacionamentos. E as famílias desses bons divórcios continuam a ser exatamente isso – famílias.
Tenho que dizer que há hoje uma busca e um esforço das partes para isso aconteça. O termo separação consensual foi sempre utilizado na esperança de minimizar custos. Litígio, verdadeira guerra entre os membros, é o que impera sob esse termo ameno. Se não houve consenso enquanto estavam juntos, imaginem agora quando as partes estão des_interessadas?!
Tudo serve para emperrar o processo. A partilha de bens, divisão de finais de semana com os filhos, obrigações financeiras para com os mesmos, horário de buscá-los e trazê-los de volta, entre as inúmeras picuinhas. Tudo é motivo para não enfrentar e adiar a constatação.
Quando ainda buscam uma ajuda, inicialmente nos colocam numa função de juízes a julgar seus motivos. Convite, quase intimação, para que tomemos partido. Mediadora talvez seja o termo mais apropriado. O mediador tem como função gerar um campo de escuta e assim, estabelecer pontes entre os interlocutores. Transformamos opiniões e juízos em histórias. Histórias do que se viveu e sentiu em cada singular vivência. O tom das histórias – de cada um - os liberta do tom de suas certezas e ideias já estabelecidas. E assim , com muito trabalho, conseguimos um divorsim ou um divornão civilizadamente.(RR)

17 comentários:

  1. Veja isso... rss

    http://xipanzeca.blogspot.com/2010/05/quanto-dura-um-casamento-hein.html

    Deussssssssskiajude
    Beijo
    Tatto

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  2. Olá, separada?
    Então... Volte!
    Hehe.
    Bjs.

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  3. Muitíssimo complicado. Comentário bem superficial...: Primeiro grande passo, deixar os filhos fora da briga; Em falar em briga, seria de grande valia, que os divórcios não viessem dos rompantes emocionais; Que fossem resultados de decisões frias, pensadas, refletidas. Na minha opinião, os bons divórcios, como foi dito, só acontecem quando as partes não se amam mais, quando há amor, ainda, entre um dos envolvidos, que seja, a emoção não deixa nada de bom acontecer num divórcio. É o que eu vejo.

    bjoss

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  4. Olá Regina,

    Parabéns bela abordagem objetiva e delicada de um tema tão sério.

    Grande beijo para ti,

    http://omundoparachamardemeu.blogspot.com/

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  5. Olá Rê !

    Sempre muito mau, mas muito pior quando há filhos novos pelo meio ! :((

    Beijão ! :))

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  6. Querida Rê
    Diz-se, com toda a razão, que hoje em dia os casais se separam por "dá lá aquela palha".
    É verdade que à menor contrariedade se pensa logo em divórcio.
    Mas não tenhamos ilusões, por muito fácil que seja esse passo, é sempre (ou quase sempre) doloroso.
    O que acompanhei mais de perto (de pessoa de família) foi um verdadeiro tornado que passou pelas nosssas vidas, causando um sofrimento só comparável à perda de pessoa amada.

    Às vezes, com um pouco de boa vontade, as divergências poderiam ser ultrapssadas e muito sofrimento evitado.

    Continuação de boa semana. Beijinhos

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  7. Infelizmente a separação é dolorosa realmente, tanto para os pais como para os filhos, eu sou filho de pais separados e mesmo hoje com 34 anos lembro da complicação que foi a separação dos meus pais e olha que eu tinha 5 anos na época, beijão Regina :-)

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  8. É um tema bem complexo esse, bom para se analisar superficialmente, daqui do (des)conforto da minha cadeira, sem nunca ter vivido situação parecida. Imagino que o bom senso deva prevalecer e as crianças serem toda vida poupadas dos embates.

    Beijos, Regininha.

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  9. É. Eu bem sei do que se trata...

    Usar a palavra 'difícil' ou mesmo 'complicado'
    é pouco, vivi esta situação e convivi com quem tentou e não conseguiu , não sei se por fraqueza ou covardia ou o amor ainda existia não sei dizer.
    Mas é um desgaste uma luta desnecessária , que se
    vem a decisão deveria vir junto a certeza do que querem sem tantos danos ...

    beijos querida minha..

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  10. Oh trem complicado!
    Bjs.

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  11. Tanto o homem como a mulher deveriam conscientizar-se que aqui nesse planetinha, não se realizam casamento de anjos, assim a vida a dois fica mais fácil.
    Bjs.
    Wilma
    www.cancerdemamamulherdepeito@blogspot.com

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  12. - Quando o sonho do amor eterno deságua na realidade da convivência diuturna com os percalços normais da vida a dois, aparecem os defeitos pessoais (ninguém é perfeito como pessoa, que dirá como cônjuge). Nesse momento é que a cerdosa suína encaacola o apêndice caudal.

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  13. Com ou sem filhos, com ou sem litígio, qualquer processo de separação é traumático!
    Abraços, Rê!

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  14. A separação é algo doloroso e deixa marcas. Acho que as pessoas quando se casam esperam demais de seus parceiros, colocam no outro a busca pela felicidade e acabam fracassando, pois o outro tb tem suas fraquezas, defeitos etc... Estar casado exige um esforço de ambas as partes, um processo contínuo de cuidar, ceder, amar, respeitar. Precisa gostar muito para seguir junto de alguém. Desejo à você um ótimo fim de semana cheio de muita paz! Bjs

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  15. Só mesmo quem já passou ou está enfrentando tal situação sabe perfeitamente o qto é difícil. Quem está de fora, ver N saídas. Mas não é tão simples. Trata-se de pessoas. E pessoas têm sentimentos. Qdo envolve filhos, aí complica mais ainda.

    Um assunto polêmico, mas mto importante.

    Bjs doces

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  16. Separação não é brincadeira...afeta toda a família. Quando a minha aconteceu, primeiro me preparei cinco anos para depois sair. Preparei os filhos, que já eram maiores de idade(mesmo assim ainda é complicado). Só me separei depois de constatado que conseguiria viver longe do meu "amor" sem sofrer, Hoje , de uma relação de 27 anos, surgiu uma linda amizade... somos amigos e sem mágoas. Mágoas não iriam fazer nem ficarmos amigos... E foi assim.
    Confesso, que foi a "pior " fase da minha vida, mas, graças a Deus e a nossa capacidade de pensar, hoje, tudo superado.
    Boa noite amiga linda.
    Um grande abraço.

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