Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

EXISTE FELIZ IDADE?

Quando estava na escola aprendi, sem muita dificuldade, que meio é metade de inteiro e nunca mais esqueci. Inteiro por definição é que tem todas as partes de que se compõem; completo. Meio: metade de um todo.
Recebi um convite para ir falar numa empresa. O diálogo com a coordenadora do programa foi mais ou menos assim:
- “Dra.” Regina, fomos muito bem recomendados a Sra. para que viesse dar uma palestra aos nossos funcionários.
- Qual seria o tema? Quantos funcionários? Idades variadas?
- Felicidade na meia-idade.
-???
Alguns segundos de absoluto silêncio e com a sensação que tivesse ouvido equivocadamente, pergunto?
- Como é mesmo?
- Felicidade na meia-idade! (ela repete)... E são para funcionários na faixa etária dos 40 e outros que se encaminham para a aposentadoria.
- Não sei dar uma palestra assim - respondi contendo minha incredulidade.
- Mas nós ouvimos a Sra. falar naquela empresa tal. Foi alegre, divertido e o público adorou!
Não sei quem, onde ou quando criaram esse termo “meia-idade”, mas que destampei a falar com a moça de idade “inteira”, ah isso eu fiz. Pelo telefone mesmo tentei dizer a ela, que não existe essa idade (ou então que ela me dissesse qual era o número da inteiraidade para saber, assim, se estamos toooodos bem enrascados) e que felicidade – assunto já tão delicado de se abordar – existe em qualquer e todas as idades. Será que a partir dos 40, ou a proximidade da aposentadoria, significaria descermos ladeira abaixo em busca da infelicidade? Quais são os critérios adotados para essa medição? É possível alguém atrelar sua alegria, seus momentos de felicidade a um numerário? Poupem-me!!!
Já somos conscientes e vivemos, no corpo e na alma, a todo instante, de que com o andar da carruagem, nossos corpos, nossos cérebros não são mais os mesmos. Mas qual a relação disso com felicidade? Se existe uma fórmula para a felicidade me conta? Se depender de algo, com certeza não é de um número. “Como eu seria feliz se fosse feliz!” Esta fórmula de Woody Allen talvez diga o essencial: estamos separados da felicidade pela própria esperança que a persegue. A sabedoria, ao contrário, seria viver de verdade em vez de esperar viver. É aí que encontramos as lições de Epicuro, dos estóicos, de Spinoza ou, no Oriente, de Buda. Só teremos felicidade à proporção da desesperança que seremos capazes de atravessar. Às vezes sinto que ela está atrelada à qualidade dos meus pensamentos e das minhas ações... Nada de muito grandioso não! Pequenas coisas todos os dias... Mas afinal de contas e voltando ao início dessa história, a moça ficou, tadinha, muda, e depois de um tempo, me deixou à vontade para mudar o título da palestra. Mudei o “título” e o público também: EXISTE FELIZIDADE? Eu lhes digo que sim! Ah, combinamos também umas aulas de matemática.

25 comentários:

  1. Vim, li e conclui: Felicidade existe, sim, em qualquer idade. E penso também que está atrelada à qualidade dos pensamentos.
    Beijos,
    Iêda

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  2. Olá querida Rê,
    Pelo que me tem sido dado a apreciar, nas várias faixas etárias, felicidade é um conceito muito subjectivo.
    Em todas as idades vejo a possibilidade de as pessoas se encontrarem com a felicidade. Digo encontrarem, porquanto a procura da mesma, por vezes não nos torna felizes, visto se estar demasiado obcecado em atingi-la.
    Geralmente o que me faz feliz são pequenas coisas que me surpreendem. Dá-se o inverso, para com os bens materiais, comporto-me como criança com brinquedo novo. Muito bom, mas o contentamento passa num ápice.
    E recorrendo ao que a Iêda diz, a qualidade do pensar de cada um. Isso vem com a educação e os princípios.
    Resumindo não é preciso muita coisa para me fazer feliz, nesta minha idade ou olhando para trás no tempo.
    Gostei do artigo e dá que pensar! Nunca me veio à ideia dissecar essa da "meia idade", muito bem observado.
    Bjs. e kandandos a atravessar tanto mar

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  3. Quando somos pequeninos a nossa felicidade são os miminhos da mão e da mama da mãe.
    Crescemos com muitas vertentes de mimos e/ou felicidade e nunca se poderá estabelecer uma barreira para quando é mais ou é completa.
    Se possuímos uma coisa que nos faz felizes outras certamente nos faltarão e daí a nossa felicidade nunca ser completa nem com a idade.
    Parece-me que a felicidade está cá dentro de mim. Se me aceito e aceito as minhas limitações trabalhando diariamente para conseguir vencê-las e resolver tudo quanto me deixa numa ilusão.
    Então Felicidade também é isso = uma ilusão..

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  4. Eu tenho para mim, que a felicidade é mais um "conceito" intrínseco, uma adaptação a um estado, não quantificável e independente de bens materiais ou de situações de sortes ou de azares, na vida.
    Uma predisposição pessoal, para que a encontremos perto ou distante e absolutamente independente da idade, ou da situação social.
    Encontramos pessoas de extractos sociais baixos que se sentem felizes, como outras, de elevado estatudo, que se sentem por demais infelizes.

    Não posso dar pormenores, mas em tempos foi feito um estudo sócio-psicológico,
    que pretendia "medir" o sentimento de felicidade e infelicidade em grupos de pessoas atingidas por situações de sorte (tipo ganhar muito dinheiro) e de azar (género, ter que ficar numa cadeira de rodas), há alguns anos antes.

    Esse estudo revelou que os conceitos de felicidade dessas pessoas, não se tinham alterado significativamente em ambos os casos. Houve como que uma adaptação ao novo estado, sem que isso interferisse significativamente com o conceito.
    Nem os que foram bafejados pelo enriquecimento, sentiam um maior grau de felicidade após uns anos, nem os atingidos pelo azar, um decréscimo notório do seu conceito de felicidade.
    Ora isso mostra que o conceito, tem muito de subjectivo e daí, muitas vezes se dizer: "cada um é feliz à sua maneira".
    .

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  5. Iêda Amada
    Quanta honra ter vc aqui minina!!!! Pois então, essa qualidade que falo faz toooooda a diferença, né? Ameiiii vc aqui. Não some não heim???
    Beijuuss n.c.

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  6. Kimbanda Amado
    Essa história de "terceira idade", "melhor idade","conservada" e agora "meia-idade", anda me perseguindo rsrs. Já escrevi algumas coisas a respeito, que se vc (ou qualquer amigo) se interessar de ler, está nos marcadores: maturidade e mudanças corporais. Como escrevi, não tem idade inteira prá tal felicidade... Aliás não somos "inteiros", somos seres faltantes sempre.
    Beijuuss n.c. do lado de cá do Atlântico sem escalas

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  7. Maravilha, Coelho! É isso messsssmo... nota 10 no "Divã da Regina"rsrsrs.
    Beijuuss n.c amigo

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  8. Eiii Rui
    Tem isso também... Somos seres extremamente adaptáveis, GRAÇAS A D'US! E quem não se adapta se "ferra" de tanto espernear!
    Beijuuss n.c.

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  9. Adorei este tema!!!adorei suas palavras!!Como sempre!
    Também nunca tinha pensado na raiz desse termo "meia-idade"....quererá isto dizer que ao passar para essa fase, começa a o tic-tac tic-tac do relógio? um tic tac que coloca pressão?
    Acho que todos nós, independentemente da idade, procuramos essa felicidade, esse bem estar...isso é sinal que estamos vivos!!!

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  10. Fez-me lembrar aquela do meio careca...

    Beijos.

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  11. Regina, que feliz resposta!
    Adorei por inteiro e trato de ser feliz simplesmente e simplesmente ser feliz! Bjs

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  12. Amadíssima!!!!!!!
    Amei seu telefonema ontem!!!!! Dei muitas gargalhadas!!!! Você realmente é tudo de bom!!!! Estou em Poços de caldas, mas na segunda te encontro para queimar minhas gorduras.kkkkk

    Beijocas e te adoro muiiiittttoooo!!!

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  13. Viva Regina,
    Em qualquer idade e em qualquer altura podemos ser felizes. Pensar que a felicidade advem do conhecimento e dos bens materiais, a meu ver, é um erro. A felicidade vinda do exterior é passageira.Quer sejamos instruídos ou não, se na nossa vida diária fizermos "o possível" por estar atentos e respeitarmos os outros, quaisquer que sejam e o que quer que façam, respeitarmos os seus direitos e dignidade, é tudo o que precisamos para para sermos felizes.
    Cordialmente
    Bjis

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  14. Isabel
    Esse tic-tac não tem nada haver com a tal felicidade, mas o POVO insiste e eu, humildemente, persisto rsrsrs.
    Beijuuss n.c.

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  15. Manuel Amado
    Meio careca... semi-grávida, semi-férias...rsrsrs Existe???? Se existe nunca vi!!!!
    Beijuuss n.c.

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  16. Ângela amiga em comum e de comum não tem nada...é única na arte da cozinha!!!!
    Que bom que gostou da resposta... de vez em quando a gente até acerta rsrsrs.
    Beijuuss n.c.

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  17. Cacá sua goooooooooooooorrrrrda rsrsrs
    Me deixou sozinha sendo "possuída" essa semana pelo Tio Breno no combat???? Segunda tem porrrrrrada em vc!!!! Nos aguarde rsrsrs. Novos colegas...novos golpes....rsrs vai apanhar muiiiiitttttoooooo rsrsrs
    Beijuuussss amada n.c.

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  18. Jorge Amigo
    Falou pouco e falou bonito dimaiiiisss!!!!
    Beijuuss n.c.

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  19. Gostei daqui e se permite, quero escrever que estou na idade de Woody Allen portanto, não busco.
    Sou descontente mesmo mas com um mínimo talento para a sobrevivência apesar disso...
    Obrigada.

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  20. Olá Regina!

    Este tema, como costuma dizer-se, dá para para mangas - e muito compridas, digo eu.
    Não existe nem ciência nem fórmula matemática que se lhe possa aplicar; é como que uma equação com muitas respostas possíveis(coisa que a matemática não consente ...)dependendo de quem tenta encontrar a solução.
    Ainda assim, e porque gosto de sitematizar o meu raciocínio, eu arriscaria uma "fórmula", que seria ssim:
    A felicidade ( grau de satisfação será mais apropriado)seria a diferença entre o que ambicionámos ter e aquilo que efectivamente conseguimos, independemente dos valores que possamos dar à equação.
    E mais não digo, pois tanto haveria para dizer- fico-me por aqui!

    Beijinhos.
    Vitor

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  21. Olá Regina!
    Correcçção ao que atrás disse.

    Dá "pano" para mangas, em vez do que lá está escrito, é a expressao correcta.

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  22. Saravá rsrsr,Amada terapeuta,escriba e poeta linda e fuefa nuestra:post esse,miga,me fez sol,e tu ,Lua,ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh,por trigais esses da vida,doando,doando and doando!
    Amei post teu, fofura de mentes tratadora,o que pensam e com a vida interpretam ,aguma porradas de pessoas,magina si yo,meia idade tengo!jo tengo a idade do amor,de sofrimentos e paixões minhas,aos 6.3 de juventude e bem querer,soy feliz sim e receita tengo,é só acessar blog esse de mulher guerreira,de Darc Joana afilhada,mestra do amor em mentes nssas,da paz ,da solidariedade,Felina feliz está,obrigadom por labareda tua!

    ti amuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu
    pessoaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
    Olha ,sintonia essa percebo tanbién q vc já em Roma morou?não nos vimos no Coliseu,o Lula devorado sendo pelos leõe^???rsrsr
    bzuz

    vida vida vida vida vida vida vida vida vida vida

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  23. B. seja muito bem vinda!
    Fico felizzzz dimaiiisss que gostou desse cantinho. Escreva quando e o que quiseres...censura aqui não há, ou melhor, só mesmo quando aparecem pessoas, que passam as horas entrando, anonimamente, nos blogs para, vamos dizer assim, bagunçar o coreto rsrs aí tôfora!!!!
    Beijuuss n.c.

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  24. Vitor Amigo
    Já estava sentindo falta de sua presença aqui... andou me "traindo" com outras blogueiras, né?rsrsrs Acho sua fórmula bem interessante...
    Beijuuss n.c.

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  25. Ricardo Amaaaado
    Vou até crer que "sou poeta" rsrs vindo de vc, elogio maior não há! 6.3 de inteiraidade é assim, só prá GENTE quiném ocê!!! Acredita que estive mesmo no Coliseu???? Mas perdi a melhor parte: o banquete de Lulalá rsrs.
    Beijuusss n.c.

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