Ouvi mais ou menos assim: não são as nossas expectativas que devem ser saciadas, mas a necessidade do outro. Tóin... que nem um soco na boca da alma. Que desafiante. E qual será a necessidade do outro? A gente sempre sabe das nossas. Das mais básicas, como o arroz com feijão nosso de cada dia, até aquele caviar sonhado e acalentado. De fato não sou fã de ovas de esturjão, mas quem não tem uma iguaria refinada e luxuosa guardada - no mais recôndito de seu ser - para ser degustada? Refiro-me às nossas necessidades para continuar a viver. Que nos movem e removem. Sonhadas. É que se eu tivesse um teto, seria o seu teto - se eu tivesse uma panela de sopa que só chegasse para mim, faria como o povo costuma dizer, acrescentava água para chegar para todos.
Os amigos e família não me deram a mão e o meu amor também não. Terá sido com receio que o seu teto ruísse? Porque será que não pudemos enfrentar as suas e as minhas dificuldades juntos?
Os amigos e família não me deram a mão e o meu amor também não. Terá sido com receio que o seu teto ruísse? Porque será que não pudemos enfrentar as suas e as minhas dificuldades juntos?
Esperava ser mais generosa e por água no caldeirão da sopa. Dividir o que não tenho. Saciar as suas necessidades. Sou pobre aprendiz. Acolher o outro em casa pressupõe um outro verdadeiro. No que é adverso e contrário é que se constitui outro. E, nessa categoria de avesso a nós, ainda há outra subcategoria: o antagônico nas semelhanças. É comum pensarmos que a aceitação das diferenças é o grande teste da tolerância e da compaixão. Na verdade, quanto maior a diferença, mais fácil o exercício da tolerância. As diferenças amenizam o impacto e a ameaça que o outro faz à nossa casa e à nossa identidade. É quando o outro é alguém próximo que os maiores problemas surgem.
Uma bela história da tradição muçulmana ilustra esse soco-noção de minha pobreza d'alma.
Certa vez, Abraão acolheu um forasteiro que era um homem de setenta anos. Pediu a seu hóspede que se sentasse enquanto providenciava comida e bebida para o mesmo.
Enquanto preparava a mesa, iniciou conversa com o visitante e este foi aos poucos revelando sua crença e seus valores. Tratava-se de um homem politeísta e com idéias totalmente contrárias às de Abraão. O anfitrião foi se contrariando com o que ouvia e de imediato passou-lhe pelo pensamento: “Por que mesmo estou alimentando um infiel como este homem?”
De imediato, ouviu a voz de D’us:
- Abraão, há setenta anos, por três vezes ao dia, eu venho alimentando esse homem sem me importar com suas convicções e você, para lhe dar uma única refeição fica aí conjeturando condições para tal?
Abraão imediatamente caiu em si e serviu com generosidade a seu convidado. (Citação de fonte oral)
Eu sou pobre, pobre, pobre, de marré, marré de mim! Nem só de caviar-sonho vivo.(RR)
Rê, querida. Gosto de vir aqui e me pôr a pensar...Gostei dessa teoria de que quanto mais o outro é diferente de nós, mais tolerantes somos com ele. Muito mais do que com o que é igual a nós e nos confronta conosco mesmos. Ao olhar no espelho nos causa espanto e asco vermos o que não gostamos em nós, no outro... Tb sou pobre, pobre, mas sigo aprendendo. E com vc, muito! beijos amiga,
ResponderExcluirLavo minha boca com sabão em pó!!!
ResponderExcluirNussssssss ... Que sintonia hã!!
Num efeito de ler uma receita médica há 30 anos.. O mal estar é maior que a doença!
Deusssssskiajude
Bejo sintonizado e assumido.. rss
Tatto
Que reflexão !
ResponderExcluirVocê com sua generosidade consegue
mexer na alma de qualquer um...
beiJO minha querida ...
Somos todos pobres e eternos aprendizes... E nem sempre é fácil nos inserirmos na situação do outro, viver o seu problema, a sua necessidade. Seguir tentando aprender, melhorar um cadim a cada dia é o bacana, nénão?
ResponderExcluirBeijo, querida reflexiva.
Rê,
ResponderExcluirSó conseguimos realmente sermos melhores quando quebramos nossas convicções e vemos quantas outras existem. Ai sim, o verdadeiro desprendimento.
beijo grande pra você.
Gostei muito destes pensamentos.
ResponderExcluirÉ precisa paciência e muita doação sem nenhuma reserva, para darmos aos outros um pouco do nosso pão ou dos nossos conhecimentos.
Quem é capaz de se doar a si mesmo é um ser realizado pois no seu horizonte apenas existe um objectivo - ajudar os outros naquilo que mais precisam. e depois vê-los a retribuir na mesma moeda.
A vida é tão linda e facil de ser vivida, nós é que a complicamos NÉ RÊ!
ResponderExcluirBeijossssssssss
Diálogo:
ResponderExcluir- Eu não acredito em Deus.
- Isso não importa...
- Não?
- Não. O que importa é que Ele acredita em você.
- Abraços e beijos filosóficos, Rê!
Pô, achei um pouco enigmático este teu texto! Começou com caviar, vacilou um pouco em botar mais água na sopa para receber as visitas e acabou com Abrahão perdendo a paciência numa parábola muçulmana!
ResponderExcluirAfinal, você dividiu o caviar ou não?
Pra falar a verdade, uma pasta feita com sardinhas tá mais de acordo com a minha condição!
Abraços!
Como dizem ninguém é consegue ser uma ilha por muito tempo.
ResponderExcluir"Deus não joga, mas fiscaliza".
ResponderExcluirBjs.
Não és nada :))))
ResponderExcluirAdorei tudo, todas as palavrinhas uma por uma.
Não como caviar, detesto anchovas, ostras, e tudo o que me souber a peixe cru :(((
O caviar eu nunca teria comprado, nem para provar, foi-me oferecido, acredita se quiseres, pelo primeiro astronauta soviético a pisar solo lunar - esse mesmo, o Iuri Gagarin, que por ser comunista não foi recebido na empresa onde eu trabalhava pelos patrões, ultra conservadores :)
Como o meu apelido é Ferreira, o mesmo do dos patrões, lá fui eu de faz de conta ...
Voltando à vaca fria :)
Ah! Também sou agnóstica mas dou da minha sopa a todos por igual.
Na minha casa já passaram comigo o Natal pessoas quase desconhecidas.
Já emprestei a minha casa a alguém para férias enquanto fui de férias também, mas isso não volto mais a fazer :)
Trocaram tudo do lugar, fizeram gato sapato das minhas pobres coisinhas que eu adoro... isso não suporto :))))
Podes rir!!!!!!!!
Moral da história:
Concordo contigo, é mais fácil conviver com alguém totalmente diferente... ou quase :))
Beijão
Ná
Dividir espaço e panela de sopa não é mesmo fácil. Principalmente quando a gente já delimitou o próprio canto e fez dele espaço sagrado. É preciso muito despojamento e desapego. Também sou pobre de marré de mim mesma!
ResponderExcluirQuanto ao selinho kkkkk não levei o seu, a um tempo atrás, porque não sabia como carregar o presente... Analfabyte, sabe como? kkkkkk Agora já aprendi. Beijinhos, Angelinha
Olá, Regina!
ResponderExcluirAssim como também ´reciso muito do seu blog!!!!!
Bjs!
Rike.
Hola Regina,
ResponderExcluirque linda reflexión nos regalas!
Sí, dividir aunque sean las palabras puede ser una gran ayuda a quien lo necesita.
Gracias amiga, por regalarnos tus palabras.
Saludos argentinos,
Sergio.
Trabalhei durante doze anos como compradora de alimentos, no Aeroporto de Congonhas.
ResponderExcluirComprei muito caviar Beluga caro, muito caro.
Um dia vi um rapaz do almoxarifado jogando no lixo um vidro de ovas do precioso esturjão.
Perguntei a ele cara você sabe o que é isso que você quebrou.
Ele me deu a melhor resposta para o precioso.
AH! Isso é aquela porcaria de peixe, ruim pra cacete.
Por mais dadivosa que sejamos, o nossos valores são nossos e tão somente, o que é bom para mim, talvez para meu hóspede emocinal, seja ruim pra cacete.
C'est la vie.
Wilma
www.cancerdemamamulherdepeito@blogspot.com
Olha, Regina.
ResponderExcluirQuanto mais eu vivo e leio você, mais me torno sua fã. Mais tento me aproximar de você, dessa pessoa maravilhosa que você é! Poxa, você é fantástica, e nos propõe uma reflexão e tanto neste post: " É comum pensarmos que a aceitação das diferenças é o grande teste da tolerância e da compaixão. Na verdade, quanto maior a diferença, mais fácil o exercício da tolerância. As diferenças amenizam o impacto e a ameaça que o outro faz à nossa casa e à nossa identidade. É quando o outro é alguém próximo que os maiores problemas surgem."
Nossa, abrem-se as portas e as janelas da percepção. Impressionate.
Você me faz pensar, Regina.
Obrigada por isso
Um beijo
Carla
AI RE TO TENTANDO MUITO SER ASSIM...ACEITAR AS DIFERENÇAS... ESSES EXERCICIO E DEMAIS MINUCIOSO E TODA HORA TEMOS QUE NOS POLICIAR..ACEITAR A DIFERENÇA TEM SIDO MINHA VIDA...AQUI EM CASA EU E MEU MARIDO..SOMOS ASSIM""UM SONHA EM FAZER UM CRUZEIRO...DE NAVIO..OUTRO SONHA EM FAZER UMA AVENTURA DE ULTRALEVE.. KKKKKKKKK SE IMAGINA ONDE VAI DAR ISSO??E ESTAMOS 30 ANOS JUNTOS JUNTANDO NAMORO CASAMENTO..TAMBEM ONDE PASSO TENHO QUE ME ATENTAR A RECEBR AS PESSOAS COM SUAS DIFERENÇAS MAS OU AINDA APRENDIZ DISSO TUDO MAS AOS POUCOS EU CONSIGO ...DUES É MUITO BOM PRA TODOS NÓS NÉ?E ESSA LAPADA NO ABRRÃO FOI BOA QUE PEGOU ATE AQUI EM MIM NO ANO 2011 KKKKK
ResponderExcluirQUANTO A IGUARIA CAVIAR...CANTO A MUSICA..
VOCE SABE O QUE CAVIAR?? NUNCA VI NEM COMI EU SÓ OUÇO FALAR..SRSRSR SRSRSR """" MENTIRA COMI E DETESTEI,,.. ...
BEIJOS ANJA AMADA..
OTILIA
Rê amada
ResponderExcluirPrimeiramente: OBRIGADA OBRIGADA OBRIGADA OBRIGADA OBRIGADA OBRIGADA OBRIGADA
E depois, sinta-se em paz...voce colocou um montão de água na minha sopinha...e muitos legumes...ficou gostosa como que...
E eu ei de descobrir o nectar do Deuses e te oferecer...
beijocas
Loisane
Ótima semana pro cê, minha flor!
ResponderExcluirBjs.
Rê, quem está pra poucas palavras hj, sou eu - mas as tuas, como sempre botam a gente pra pensar.
ResponderExcluirVestir o sapato do outro...não é pra qualquer um.
Um bjo grande, com carinho.
O outro é mais aque necessário. Apesar de não gostar da palavra, o outro é "essencial"...
ResponderExcluirLi no seu comentário ao último texto da Ângela que você me ofereceu um selinho e que eu não liguei... Passou batido, pois não me dei conta do convite, como de outras tantas coisas... Tanta água rolando debaixo da mesma ponte que resiste, impávida. Desculpe pelo esquecimento... absolutamente involuntário!
beijinho
Lindissimo! Essa teoria é real "Gostei dessa teoria de que quanto mais o outro é diferente de nós, mais tolerantes somos com ele".
ResponderExcluirGosto mesmo de te ler.
Um beijo em teu coração
Olá querida e amada Ré.
ResponderExcluirQual "pobreza d'alma"?
De ti o que se tem é a jóia mais desejada, um interior lindo que pensa e cuida de todos nós com um carinho que não se esgota em atenções de mera circunstância.
Não divides... Dás o melhor de ti, teu amor pelo próximo.
Beijo e kandandos meus
Se todos nós conseguíssemos entender que não somos nada e precisamos do outro para aprender a ser...Talvez, julgaríamos menos, teríamos mais tolerancia ...
ResponderExcluirEu sigo, acreditando em harmonias possíveis, sem juízo final.
Afinal, eu nada sou.
Beijos
Mas que historinha maravilhosa essa do Abraão!
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