Apesar de estarmos no século XXI, com uma variedade de arranjos afetivos – ficantes, namorados, ajuntamentos, casamentos sob o mesmo teto ou cada um na sua casa - as queixas que ouço na minha clínica, sejam pelos homens ou pelas mulheres, remontam a épocas bem menos modernas.
Mesmo que as prioridades sejam outras – carreira profissional, estabilidade e independência financeiras – encontrar a cara metade, alma gêmea, viver para sempre a paixão do início da relação, é perseguida por ambos os sexos. Atrelado a isso o medo da solidão, inquilino fantasma, sem a princípio, possibilidade de despejo. Essa dificuldade de encontrar alguém e apesar do sofrimento que ambos carregam, faz com que permaneçam numa mesma relação por motivos variados: preguiça de recomeçar, escassez no mercado, medo do novo, falta de garantias ou a famosa frase “vou trocar seis por meia dúzia mesmo!”
Não estou me referindo aqui aos esforços mútuos que devem existir para ajustar-se, disposição para transigir e a experiência de aprender como solucionar conflitos que ajuda aos casais a conviverem e construírem uma relação cheia de amor e funcionando relativamente bem. Mas falo de relacionamentos que já se esgotaram.
No início de toda relação, predomina a paixão, um estado de euforia, caracterizado pelo encantamento, fascinação, aceitação total das diferenças que camuflam a formal REAL de ser do parceiro. Ambos se apaixonam por personagens fantásticos, idealizados onde predomina aquilo que neles é projetado. A proposta é seduzir e agradar. Não é permitido ver, realmente, quem o outro é. Escolhem os pares pelo comportamento aparente.
Com o passar do tempo e o conhecimento maior, começam a surgir os problemas, as discussões e iniciar uma intolerância com relação aos defeitos do outro, tornando-os tão envolvidos em quem está com a razão que se impede o diálogo, o entendimento de significados de cada um, fazendo assim que se refugiem em seus mundos. Vem a separação... Uma briga daqui, um pedido de desculpas dali. Uma discussão feia de cá, uma mágoa de lá.
Os relatos clínicos denunciam que, quando se ama, tanto se teme enfrentar a possibilidade de dar certo – cheia de prisões e tentáculos – como o risco de não dar certo e ficar rompida uma harmonia que poderia ter dado certo. E se poderia, vai doer se não viver.
Reatam e reinicia todo o processo acrescido agora de mágoa e daquele fantasma, agora encarnado chamado solidão.
Reencontros, momentos de prazer, pedidos de desculpas e inicia-se o jogo de ioiô: vai, volta, vai, volta.
Esse vai e vem pode continuar indefinidamente, porque requentar um café é mais rápido e menos trabalhoso. Passar um café novo é começar tudo de novo. É correr risco, é não ter garantias. Então, preferem ir sentindo aquele gosto esquisito na alma de café requentado.
“Viver bem” não é “dar certo”. Dar certo é ser capaz de prosseguir apesar do desacerto. “Viver mal” não é necessariamente “dar errado”. Dar errado é não prosseguir, é não ter a coragem de dizer como finalmente uma paciente disse: -café requentado? Não, obrigado!
Mesmo que as prioridades sejam outras – carreira profissional, estabilidade e independência financeiras – encontrar a cara metade, alma gêmea, viver para sempre a paixão do início da relação, é perseguida por ambos os sexos. Atrelado a isso o medo da solidão, inquilino fantasma, sem a princípio, possibilidade de despejo. Essa dificuldade de encontrar alguém e apesar do sofrimento que ambos carregam, faz com que permaneçam numa mesma relação por motivos variados: preguiça de recomeçar, escassez no mercado, medo do novo, falta de garantias ou a famosa frase “vou trocar seis por meia dúzia mesmo!”
Não estou me referindo aqui aos esforços mútuos que devem existir para ajustar-se, disposição para transigir e a experiência de aprender como solucionar conflitos que ajuda aos casais a conviverem e construírem uma relação cheia de amor e funcionando relativamente bem. Mas falo de relacionamentos que já se esgotaram.
No início de toda relação, predomina a paixão, um estado de euforia, caracterizado pelo encantamento, fascinação, aceitação total das diferenças que camuflam a formal REAL de ser do parceiro. Ambos se apaixonam por personagens fantásticos, idealizados onde predomina aquilo que neles é projetado. A proposta é seduzir e agradar. Não é permitido ver, realmente, quem o outro é. Escolhem os pares pelo comportamento aparente.
Com o passar do tempo e o conhecimento maior, começam a surgir os problemas, as discussões e iniciar uma intolerância com relação aos defeitos do outro, tornando-os tão envolvidos em quem está com a razão que se impede o diálogo, o entendimento de significados de cada um, fazendo assim que se refugiem em seus mundos. Vem a separação... Uma briga daqui, um pedido de desculpas dali. Uma discussão feia de cá, uma mágoa de lá.
Os relatos clínicos denunciam que, quando se ama, tanto se teme enfrentar a possibilidade de dar certo – cheia de prisões e tentáculos – como o risco de não dar certo e ficar rompida uma harmonia que poderia ter dado certo. E se poderia, vai doer se não viver.
Reatam e reinicia todo o processo acrescido agora de mágoa e daquele fantasma, agora encarnado chamado solidão.
Reencontros, momentos de prazer, pedidos de desculpas e inicia-se o jogo de ioiô: vai, volta, vai, volta.
Esse vai e vem pode continuar indefinidamente, porque requentar um café é mais rápido e menos trabalhoso. Passar um café novo é começar tudo de novo. É correr risco, é não ter garantias. Então, preferem ir sentindo aquele gosto esquisito na alma de café requentado.
“Viver bem” não é “dar certo”. Dar certo é ser capaz de prosseguir apesar do desacerto. “Viver mal” não é necessariamente “dar errado”. Dar errado é não prosseguir, é não ter a coragem de dizer como finalmente uma paciente disse: -café requentado? Não, obrigado!
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