Não conheço pais que não sofram com as questões escolares de seus filhos. Desde a escolha da escolinha na mais tenra idade, até o colégio que irá prepara-los para o vestibular.
Profissão honrosa e rendosa é a que tem diploma universitário. Houve um tempo que o diploma era mais que garantia de emprego. Era um atestado de nobreza.
Os pais já podiam estar prontos para morrer quando uma dessas coisas acontecia: 1) a filha se casava. Isso garantia o seu sustento pelo resto da vida; 2) a filha tirava diploma de normalista. Isso garantiria o seu sustento caso ficasse para titia; 3) um filho entrava para o Banco do Brasil, outro para o seminário para ser padre, outro para o exército para ser oficial e mais um tirava diploma de doutor: médico, engenheiro ou advogado.
Lembro, com carinho, do meu Tio Jaques, o doutor médico, orgulho da minha avó e de toda família, orientando minha mãe nesse assunto: - bota essas meninas para estudar! Uma para ser médica, outra advogada, outra engenheira, outra arquiteta. Você ficará tranquila com o futuro delas! Não foi bem assim: uma fez serviço social, duas letras, outra comunicação social e uma só casou. Quando lhe contei que faria psicologia, respondeu: é melhor que pedagogia, mas não sei se dá dinheiro!?!
Mesmo estando no século XXI, esta ilusão continua a morar na cabeça de todos os pais, e é introduzida na cabeça dos filhos desde pequenos. A diferença é que hoje, além de existirem uma infinidade de cursos, a escolha não é mais garantia de emprego nem de sobrevivência honrosa.
Quando se pergunta a uma criança “o que você vai ser quando crescer?” E ela, baseada no seu mais puro desejo responde “bombeiro, polícia, bailarina, astronauta” acham bonitinho. Quando se pergunta a um jovem vestibulando “o que você vai fazer?” o sentido dessa pergunta e a expectativa da resposta são a mesma de ontem: garantia e tranquilidade no futuro.
Saber o que se deseja aos dezessete anos não é tarefa fácil. Ouço a angústia existente na fala de cada cliente nesse momento decisivo. Sentem-se pressionados pelos familiares, pela realidade daqueles que já com o diploma na mão não conseguem arranjar emprego e por si mesmos quando ainda não sabem de seu desejo ou não conseguem sustenta-lo por ser profissão pouco valorizada.
Dois dias antes do início do vestibular da UFMG falo com meu filho de um compromisso familiar que teríamos no domingo e assim acontece:
- Não vou poder ir mãe, porque vou fazer o vestibular da federal.
- Como assim???? Misto de surpresa com “mãe é a última a ficar sabendo das coisas”.
Ele já cursa direito na PUC. Na época da escolha, também muito jovem, não sabia o que queria. Estava em análise, fez teste vocacional, conversou com muitos, trocou idéias com pais, tios e primos. Tomou sua decisão, eu bem sei, porque na hora de preencher os formulários do vestibular, precisava escolher uma das opções oferecidas. Cursou o primeiro ano, viajou no segundo para o exterior e aprendeu coisas que nenhum banco de escola oferece. Questionou sua escolha. Retomou o curso quando retornou.
Profissão honrosa e rendosa é a que tem diploma universitário. Houve um tempo que o diploma era mais que garantia de emprego. Era um atestado de nobreza.
Os pais já podiam estar prontos para morrer quando uma dessas coisas acontecia: 1) a filha se casava. Isso garantia o seu sustento pelo resto da vida; 2) a filha tirava diploma de normalista. Isso garantiria o seu sustento caso ficasse para titia; 3) um filho entrava para o Banco do Brasil, outro para o seminário para ser padre, outro para o exército para ser oficial e mais um tirava diploma de doutor: médico, engenheiro ou advogado.
Lembro, com carinho, do meu Tio Jaques, o doutor médico, orgulho da minha avó e de toda família, orientando minha mãe nesse assunto: - bota essas meninas para estudar! Uma para ser médica, outra advogada, outra engenheira, outra arquiteta. Você ficará tranquila com o futuro delas! Não foi bem assim: uma fez serviço social, duas letras, outra comunicação social e uma só casou. Quando lhe contei que faria psicologia, respondeu: é melhor que pedagogia, mas não sei se dá dinheiro!?!
Mesmo estando no século XXI, esta ilusão continua a morar na cabeça de todos os pais, e é introduzida na cabeça dos filhos desde pequenos. A diferença é que hoje, além de existirem uma infinidade de cursos, a escolha não é mais garantia de emprego nem de sobrevivência honrosa.
Quando se pergunta a uma criança “o que você vai ser quando crescer?” E ela, baseada no seu mais puro desejo responde “bombeiro, polícia, bailarina, astronauta” acham bonitinho. Quando se pergunta a um jovem vestibulando “o que você vai fazer?” o sentido dessa pergunta e a expectativa da resposta são a mesma de ontem: garantia e tranquilidade no futuro.
Saber o que se deseja aos dezessete anos não é tarefa fácil. Ouço a angústia existente na fala de cada cliente nesse momento decisivo. Sentem-se pressionados pelos familiares, pela realidade daqueles que já com o diploma na mão não conseguem arranjar emprego e por si mesmos quando ainda não sabem de seu desejo ou não conseguem sustenta-lo por ser profissão pouco valorizada.
Dois dias antes do início do vestibular da UFMG falo com meu filho de um compromisso familiar que teríamos no domingo e assim acontece:
- Não vou poder ir mãe, porque vou fazer o vestibular da federal.
- Como assim???? Misto de surpresa com “mãe é a última a ficar sabendo das coisas”.
Ele já cursa direito na PUC. Na época da escolha, também muito jovem, não sabia o que queria. Estava em análise, fez teste vocacional, conversou com muitos, trocou idéias com pais, tios e primos. Tomou sua decisão, eu bem sei, porque na hora de preencher os formulários do vestibular, precisava escolher uma das opções oferecidas. Cursou o primeiro ano, viajou no segundo para o exterior e aprendeu coisas que nenhum banco de escola oferece. Questionou sua escolha. Retomou o curso quando retornou.
- É um curso novo, mãe, abriu esse ano: Ciência do Estado e da Governança Política.
- ???????
- Eu vi a ementa e me interessei por várias disciplinas.
- O que um cientista do estado faz? Que tipo de emprego ele tem?
Afinal, faço parte desse grupo de pais que se pré-ocupam com o futuro dos filhos.
- Mãe fica calma, não vou largar o direito não. Se passar, pretendo fazer as duas faculdades. Inclusive elas tem tudo haver.
- Ta bom. Mas você está estudando?
Estou no meio de um atendimento quando meu celular toca e um cliente, pura alegria, me avisa que passou na segunda etapa. O resultado havia acabado de sair. Batalha vencida.
Vou rapidinho para a internet pesquisar o resultado do meu filho. Como é mesmo o nome do curso? Vejo na telinha seu nome e me emociono com essa nova conquista. Quero lhe contar a notícia em primeira mão, mas ele está de férias, viajando e saboreando a vida.
Quero lhe dizer, filho, que muito mais que escolado*, sustente seu(s) desejo(s) se transformando num Homem descolado*.
Escolado = esperto, vivo, sabido; experimentado, ensinado.
Descolado= que se despegou ou desuniu; gíria: diz-se de pessoa que se dá bem no que faz.
- ???????
- Eu vi a ementa e me interessei por várias disciplinas.
- O que um cientista do estado faz? Que tipo de emprego ele tem?
Afinal, faço parte desse grupo de pais que se pré-ocupam com o futuro dos filhos.
- Mãe fica calma, não vou largar o direito não. Se passar, pretendo fazer as duas faculdades. Inclusive elas tem tudo haver.
- Ta bom. Mas você está estudando?
Estou no meio de um atendimento quando meu celular toca e um cliente, pura alegria, me avisa que passou na segunda etapa. O resultado havia acabado de sair. Batalha vencida.
Vou rapidinho para a internet pesquisar o resultado do meu filho. Como é mesmo o nome do curso? Vejo na telinha seu nome e me emociono com essa nova conquista. Quero lhe contar a notícia em primeira mão, mas ele está de férias, viajando e saboreando a vida.
Quero lhe dizer, filho, que muito mais que escolado*, sustente seu(s) desejo(s) se transformando num Homem descolado*.
Escolado = esperto, vivo, sabido; experimentado, ensinado.
Descolado= que se despegou ou desuniu; gíria: diz-se de pessoa que se dá bem no que faz.
Cheguei no seu blog por um acaso, e achei muita coincidência você ser de BH e trabalhar no Socor, porque eu sou paciente da Renata, que tbm é pisicologa la !
ResponderExcluiradorei o seu blog
beijos
Sem querer ser previsível... achei super interessante!!!
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