Para o Doutor Ricardo Coutinho, mais conhecido como Piga. Doutor à moda antiga. O Doutor da D.Lucy.
Tenho saudades do antigo médico da família. Ele sabia, de toda a história do corpo, de seu paciente, além de medicar com conselhos os problemas da alma.
Bons tempos àqueles que não aguardávamos por mais de uma hora, na sala de espera, a consulta de menos de 20 min.Tempos que não era preciso abrir uma tela de computador para se saber de quem e do quê se tratava. A memória não falhava por que eles sabiam quem era a esposa, que o filho mais velho estava cursando engenharia, que a caçula iria se casar no final do ano.
Antigamente a simples presença do médico irradiava a vida. Naqueles tempos os médicos eram também feiticeiros. A vida circulava nas relações de afeto que ligavam o médico àqueles que o cercavam. Naquela época os médicos sabiam dessas coisas. Hoje não sabem mais.
O médico de antigamente era um herói romântico, vestido de branco. Quem, jamais, ousaria pensar qualquer coisa de mal contra o médico? Hoje são comuns os processos contra os médicos por imperícia. Ser médico transformou-se num risco.
Nos tempos antigos todas as pessoas eram espelhos para o médico. Todos o conheciam. Todos olhavam para ele com admiração: olha lá o Doutor! O médico de hoje é procurado não por ser amado e conhecido, mas por constar no livrinho do convênio. Seus espelhos não são mais os clientes, parentes, todo mundo. São os seus pares: colegas de empresa, sócio de consultório, congressos.
A relação do médico antigo com seus espelhos era uma relação de gratidão e admiração. A relação do médico de hoje com seus espelhos é uma relação de inveja e competição.
O corpo é delicado. É preciso cuidar dele. Para isso, há uma infinidade de recursos médicos. E muitos são eficientes.
Mas o corpo, esse instrumento estranho, não se cura só por aquilo que se faz medicamente com ele. Ele precisa beber a sua própria música. Música é remédio. Se a música do corpo for feia, ele ficará triste – poderá mesmo até parar de querer viver. Mas se a música for bela, ele sentirá alegria, e quererá viver.
Em outros tempos, os médicos e as enfermeiras sabiam disso. Cuidavam dos remédios e das intervenções físicas – boas para o corpo – mas tratavam de acender a chama misteriosa da alegria. Mas essa chama não se acende magicamente. Precisa da voz, da escuta, do olhar, do toque, do sorriso.
Médicos e enfermeiras: ao mesmo tempo técnicos e mágicos, a quem foi dada a missão de consertar os instrumentos e despertar neles a vontade de viver...OBRIGADA!
Tenho saudades do antigo médico da família. Ele sabia, de toda a história do corpo, de seu paciente, além de medicar com conselhos os problemas da alma.
Bons tempos àqueles que não aguardávamos por mais de uma hora, na sala de espera, a consulta de menos de 20 min.Tempos que não era preciso abrir uma tela de computador para se saber de quem e do quê se tratava. A memória não falhava por que eles sabiam quem era a esposa, que o filho mais velho estava cursando engenharia, que a caçula iria se casar no final do ano.
Antigamente a simples presença do médico irradiava a vida. Naqueles tempos os médicos eram também feiticeiros. A vida circulava nas relações de afeto que ligavam o médico àqueles que o cercavam. Naquela época os médicos sabiam dessas coisas. Hoje não sabem mais.
O médico de antigamente era um herói romântico, vestido de branco. Quem, jamais, ousaria pensar qualquer coisa de mal contra o médico? Hoje são comuns os processos contra os médicos por imperícia. Ser médico transformou-se num risco.
Nos tempos antigos todas as pessoas eram espelhos para o médico. Todos o conheciam. Todos olhavam para ele com admiração: olha lá o Doutor! O médico de hoje é procurado não por ser amado e conhecido, mas por constar no livrinho do convênio. Seus espelhos não são mais os clientes, parentes, todo mundo. São os seus pares: colegas de empresa, sócio de consultório, congressos.
A relação do médico antigo com seus espelhos era uma relação de gratidão e admiração. A relação do médico de hoje com seus espelhos é uma relação de inveja e competição.
O corpo é delicado. É preciso cuidar dele. Para isso, há uma infinidade de recursos médicos. E muitos são eficientes.
Mas o corpo, esse instrumento estranho, não se cura só por aquilo que se faz medicamente com ele. Ele precisa beber a sua própria música. Música é remédio. Se a música do corpo for feia, ele ficará triste – poderá mesmo até parar de querer viver. Mas se a música for bela, ele sentirá alegria, e quererá viver.
Em outros tempos, os médicos e as enfermeiras sabiam disso. Cuidavam dos remédios e das intervenções físicas – boas para o corpo – mas tratavam de acender a chama misteriosa da alegria. Mas essa chama não se acende magicamente. Precisa da voz, da escuta, do olhar, do toque, do sorriso.
Médicos e enfermeiras: ao mesmo tempo técnicos e mágicos, a quem foi dada a missão de consertar os instrumentos e despertar neles a vontade de viver...OBRIGADA!
Acabo de chegar do SOCOR, onde estive com vc e alguns de seus familiares.
ResponderExcluirSempre tive como grande amigo, aliado inseparável, o silêncio. Que, em alguns momentos, é a única forma de dizer.
Sei que este texto foi feito quando havia esperança e alguma vida orgânica, e que só fui ler agora, vindo do SOCOR, onde estive com vc e alguns de seus familiares.
Obrigado, eu que grito.
Porque, por mais de um ano, pude estar com vc, alguns de seus familiares, e D. Lucy.
Ela, que, dignamente, se submeteu às vontades da família, pra que, assim, suportassem melhor o que já lhe era insuportável.
É desta forma que a vida se perpetua, eterna.
Obrigado Rê.
Obrigado D. Lucy.
Obrigado familiares.
Piga Amado
ResponderExcluirDepois de todos esses meses, revendo postagens antigas e com aquela saudade que vc bem conhece, só continuo a ter uma única palavra por vc e para vc: OBRIGADA!
Beijuuss n.c.