Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

AS MIL FOLHAS DA TORTA BARANGA


A comida desaparece. Não me refiro à comida de hábito, como lembrança, como biografia, como metáfora, comida como arrependimento, comida como amor. Refiro-me à comida como comida. A comida desaparece. Estou falando da torta mil folhas que desapareceu desde que tinha uns 15 anos e que ando procurando nessas últimas décadas como uma gulosa que sou. Essa torta faz parte de uma longa lista de coisas que adoro comer e que costumavam existir à venda, e um belo dia somem sem deixar pistas.
A confeitaria se chamava Bico Doce... Existe nome mais gostoso e repleto de significações? A torta era feita de uma massa folhada amanteigada que derretia no céu da boca. Seu recheio, amarelo suave, indicava a mistura perfeita de gemas de ovos, baunilha e manteiga... Hum... E por cima uma cobertura leve de açúcar, caprichosamente decorada com rosas coloridas que, naqueles tempos, eu a chamava de “Torta Baranga”. Saboreá-la era poder fazer o tempo voltar atrás, era apagar as conseqüências de um engano; era melhor do que recuperar uma blusa que a lavadeira estragou ou a sombrinha esquecida no táxi; era a validação da persistência e a eterna renovação da esperança; era muitas coisas, era todas as coisas, não era nada; mas, principalmente, era a torta mil folhas do Bico Doce! É essa que não mais está à venda... É essa memória guardada no céu da boca e da alma que procuro nas sofisticadas "Patisseries".

4 comentários:

  1. Pode desistir de procurar amiga, porque vc tem um sócio que também ta na procura, e não encontra mais. Meu irmão. Ele tb tem esse gosto guardado na memória. Nem em Paris saboreando uma torta mille feuilles, ele conseguiu sentir o gosto da sobremesa da infância. Voce vai achar algo parecido, mas essa daí foi-se embora com o passar dos anos...sory
    bjins
    eidia

    ResponderExcluir
  2. Ieda eu bem sei...Já tentei mil e uma vezes e nada.Fazer o quê? Guardar na memória daqueles dias que viajamos pelo túnel do tempo, sabe-se lá porque! Beijuuss n.c.

    ResponderExcluir
  3. Amiga Rê,
    Você foi lá no fundo do baú. Sabe que o povo da minha casa também sonha com esta torta.? Mamãe comprava para as festas e nós morávamos bem perto dá loja. Paracatu com av. do contorno. Bons tempos !!!
    Vó Ju

    ResponderExcluir
  4. Vó Ju,amada, vc não tem idéia de como sinto falta dessa torta e num tem jeito...não tem igual, nem em Paris rsrsrs. Sentimos sua falta na fazenda snif snif.Beijuuss n.c.

    ResponderExcluir

Passou por aqui? Deixa um recado. É tão bom saber se gostou, ou não...o que pensa, o que vc lembra...enfim, sua contribuição!