Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

sábado, 18 de dezembro de 2010

MUTILAÇÃO DO AMOR

Há quatro meses arrancaram um pedaço de mim e posso dizer que ainda assim tenho que agradecer por ter pedaços que - quando devem - podem ser tirados. Nessa mutilação nunca escolhida – necessária – vai junto também, aquilo que já deveria ter ido, mas que protelamos. Por comodismo, falta de coragem, ou simplesmente medo. Medo de recomeçar e contar somente com o que temos. Como diz a música “vai valer a pena ter amanhecido”. E vale! Com toda a valoração singular atribuída.
Viramos o idealizado direito do real avesso e no meio de todos os revezes seguimos em frente. Às vezes paramos, empacamos, retrocedemos, avançamos quilômetros, respiramos e seguimos. Porque há que se seguir na vida. Essa mesma, ora no direito de uma contramão, do avesso da única via, de pernas para baixo, que vale a pena de ser vivida.
Olho no espelho. E lá refletida a imagem do que restou me espia. Não, não falo de um pedaço de carne, músculo, glândula. É dos beijos não dados, dos corpos sonhados, assanhados, entrelaçados, semespaçoaseparar.  Adorote, amote, e querote bem - tudo sem hífens, do amor desmedido, sem explicações... Amputastes o teu amor. A troca de vivência de essências, odores, calor de dois corpos que exalam muito mais que paixão.
Um dia escreveu da impossibilidade do que era, só por você, já sabido. Criei a possibilidade e conjuguei o plural em singular entrega.
Um dia escreveu que era todinho meu, e que estava em minhas mãos. Isso sim era, somente por mim, já sabido: não há pronomes possessivos que segurem o inseguro viver.
Um dia escreveu AMOTE para além da minha compreensão e hoje lhe respondo: não há entendimento algum quando se mutila o AMOR. Sentimento de um coração fantasma?! Christmas Ghost...(RR)

27 comentários:

  1. Regina,
    Nossos posts estão afinadíssimos, hein! Dá uma lida lá no meu blog se tiveres tempo.
    Um grande beijo para ti e, claro, belas palavras e me sinto exatamente como você.

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  2. quando perdemos alguem além da perda em si, lamentamos todos os sonhos desfeitos, todos os sonhos que nao sonharemos mais.
    é dificil.

    beijo!

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  3. Olá, Regina!
    Diferente de alguns animais que tem o poder de se regenerar (estrelas do mar, por exemplo), nós humanos não podemos fazer isso. Mas em compensação, temos o poder, a capacidade de nos adaptarmos e criarmos soluções tão boas quanto, ou até melhor que a original. Tudo pra continuar sorrindo, escrevendo, cantando, encantando, malhando, trabalhando, cozinhando, criando crianças adultas, amando... enfim, vivendo. Assim como você faz e ensina!!
    Bjs!
    Rike.

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  4. As perdas realmente são doloridas, pedaços do coração que se vão, temos que ajuntar os cacos te termos forças pra recomeçar...beijos de bom sabado pra ti querida.

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  5. Super tudo essa publicação. Arrancada lá do "buraco negro" da conciência.
    Agora lindona, é só alegria.
    Milhares de beijos.

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  6. Texto de um desabafo sentido e intenso. Momentos de tristeza pela perda, pelo nosso corpo que mudou...Mas...Ir em frente, aceitar é preciso, por mais chato que seja.

    Fica bem, um beijo carinhoso,chica

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  7. "Se nós, nas travessuras das noites eternas
    Já confundimos tanto as nossas pernas
    Diz com que pernas eu devo seguir"

    Rê fiquei um tanto sem palavras,acho que senti junto com você ao te ler.
    Beijos

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  8. Que lindo seu texto!! lindo e triste, passou tanto sentimento... parabéns pelo texto, perder alguém é exatamente assim como vc descreveu!!!
    beijão
    www.sermulhereomaximo.com.br

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  9. Acho ridicula mas necessária essa frase..
    "Aceitar é preciso e seguir em frente sempre"..
    Mas a vida é essa né.. fazer o que?
    aceitar!
    Mas não é fácil, agente compreende, mas até assimilar a perda ...
    afff
    bjO
    Menina do zóio munito..

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  10. - Não vou dar uma de filósofo dizendo "coisas adequadas". A Maria Helena já tinha perdido um pedaço dela, e depois eu a perdi inteira. Mas inteira também é a lembrança e a saudade; não eterno mas ainda inteiro é o amor, arranhado, doído, contundido - mas não mutilado. Um abraço especial pra você, minha querida Regina. Força você tem muita, mas se precisar, ainda me sobrou um pouquinho. Disponha.

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  11. Se for para falar sobre uma parte de mim, mutilada, arrancada, a gente até ensaia, sem problemas, é da vida.
    Mas quando a mutilação é no coração, somente os poetas, poetinhas camaradas.
    Quem já passou por essa vida e não viveu
    Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
    Porque a vida só se dá pra quem se deu
    Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
    Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não.
    Um beijo solidario.
    Wilma
    www.cancerdemamamulherdepeito@blogspot.com

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  12. Me visto de toda a ternura que há no universo para dizer o quanto admiro essa tua força, Regina. E tantas vezes me envergonho dos meus pensamentos tacanhos quando leio coisas assim, de alguém cuja vida foi um tanto mutilada, por dentro e por fora, mas que encontrou coragem para seguir. E no que ainda faltar essa coragem, a esse amor que lhe tiraram... Sei que ele surgirá ainda mais lindo e forte. Sei que o perceberá. Simplesmente porque você bem o merece.

    Você com seu texto... Rodolfo com esse comentário... Nocautearam meu pobre coração tolo e sensível.

    Beijos!

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  13. Regina, me falta a capacidade para avaliar coisas assim. Só mesmo quem sentiu na carne e na mente pode realmente ter a dimensão da perda.
    Mas, por observação e vivência, eu sei que pessoas fortes e inteligentes como você são capazes de superar até mesmo coisas assim.
    Sempre há a ideia recorrente de que as coisas poderiam ter sido de outra forma.
    Acho que vale uma grande verdade: aquilo que não nos mata, fortalece! O tempo deve mostrar isso.
    Força para você, gatinha valente!

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  14. Olá querida Regina,

    sabes, como diz o Rodolfo, a maior perda é aquela que é por inteiro.
    Tu não perdeste nada minha querida. Tu renasceste para a vida e isso é uma dádiva que não tem preço!
    Eu sei que tu és uma Mulher agradecida à Vida. Eu também agradeço porque te foi permitido renascer para continuares a semear essa alegria de viver que contagia!

    Um beijo enorme.

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  15. Rê, vc é uma mulher de muita coragem ao se expor assim! E eu te entendo, ô, como te entendo! Acho que ao colocarmos pra fora nossos sentimentos, vomitamos o que nos faz mal, o que nos causa dor...não que nos livremos dela, mas minimiza o enjôo...Já dizia o poeta e letrista Paulo César Pinheiro: O tempo não cura a dor, mas enverniza o peito...Com o tempo, teu peito envernizado estará! Beijo enorme minha querida amiga!

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  16. TÃO DIFICL ACEITAR..A PERDA A FALTA FISICA E EMOCIONAL..QUANDO OUÇO FALAR EM FALTA UM PEDAÇO FALTA FISICA FALTA DO QUE A GENTE FOI QUANDO A PESSOA ESTAVA AQUI..LEMBRO DE UMA MUSICA DO REI QUE RETRADA ESQUECER DE QUE JEITO??? CHAMADA
    COSTUMES
    Eu pensei

    que pudesse esquecer
    certos velhos costumes
    Eu pensei
    que já nem me lembrasse
    de coisas passadas

    Eu pensei
    que pudesse enganar
    a mim mesmo dizendo
    que essas coisas da vida em comum
    não ficavam marcadas

    Não pensei
    que me fizessem falta
    umas poucas palavras
    dessas coisas simples
    que dizemos antes de dormir

    De manhã
    o bom dia na cama
    a conversa informal
    o beijo depois o café
    o cigarro e o jornal

    Os costumes me falam de coisas
    de fatos antigos
    não me esqueço das tardes alegres
    com nossos amigos

    Um final de programa
    fim de madrugada
    o aconchego na cama
    a luz apagada
    essas coisas
    só mesmo com o tempo
    se pode esquecer

    E então eu me vejo sozinho como estou agora
    e respiro toda a liberdade
    que alguém pode ter

    De repente ser livre
    até me assusta
    me aceitar sem você
    certas vezes me custa
    como posso esquecer dos costumes
    se nem mesmo esqueci de você!


    RÊ dificil esquecer dos costumes ..MAS É SEMPRE PRECISO COMEÇAR DE NOVO..
    BEIJOS..
    E DO JEITO QUE É CONSEGUE E LOGOOO

    ADOROTE
    OTILIA

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  17. Ola Regina,
    Sem palavras!
    Emocionei-me.
    Um beijo,

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  18. Rê amada

    o avesso do avesso é o direito??
    quanta força...quanta coragem..quisera eu possui-la

    beijocas

    Loisane

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  19. Hola Regina,

    me emocionaste... me emocionaron los comentarios de Rodolfo y de Alma Inquieta por lo que han vivido.
    Tu eres una luz, la llama de la esperanza para cada uno...

    Gracias y saludos argentinos,

    Sergio.

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  20. Rêzininha... meu pão di quêjo
    Quer dar as mãos prêu e sair cipóziando por entre os gáios da froresta?
    Outra receita eu num tenho... só meu abraço peludo pra confortá... Se servir .. disponha... Ok

    Deussskiajude
    Tatto

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  21. Um Natal de muita Paz e um ano novo repleto de realizações.
    Que as luzes que enfeitam esta data iluminem sua vida o ano de 2011 inteiro.

    Feliz Natal e Próspero Ano Novo.

    Renata

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  22. Rê, minha amiga
    Tenho que dizer a verdade: o seu texto perturbou-me bastante.
    E saiba que sinto grande admiração pela sua coragem em falar dum assunto que muito a deve ter magoado.
    Depois disto não tenho dúvida que vc vai seguir em frente, alma ao alto, sem vacilar!
    Parabéns, minha querida, por sua força.

    Um Natal muito feliz, com muita Paz, alegria e muito amor, para si e todos seus entes queridos.

    Beijos com carinho

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  23. Quando arrancam fragmentos de nosso coração, ele perde a capacidade de confiar novamente.
    Bjos querida tenha dias de luz

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  24. Rê, minha amada xará, mais uma vez tiro o chapéu pra vc.
    Você expõe a alma em suas palavras... e de forma tão bonita!
    Precisa na imprecisão
    Explícita nas entrelinhas
    Doce e salgada como a vida é
    Só posso ficar aqui quieta, ouvindo essa linda música, e me emocionando.
    Beijo grande querida!!

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  25. Não falo de mutilações, não posso e não devo. Falo de seguir adiante, com o que restou, mas também com o que se foi e deixou suas marcas profundas. Se formos pensar em eternidade, somos todos um ajuntamento de caquinhos, que tentam se ajustar para formar um todo melhor, bonito de se ver, com os desenhos e as cores de tudo que colheu e recolheu. Começar de novo... fazer o quê? Isso é sabedoria. Beijos carinhosos.

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  26. Oi Re, que coisa boa receber sua visita!
    Fiquei feliz da vida!!!

    Esse texto me emocionou bastante.
    Sua facilidade para escrever sobre assuntos complexos me fascina.
    Quanto ao que vc escreveu, acredito que qualquer perda é complicada. Mas, a que mais dói e nos deixa aquela sensação de que nunca passará é a do coração.
    Corpo físico vai embora com o tempo e a medicina estética pode melhorar muita coisa.
    Mas, perder alguém que se ama verdadeiramente, isso carregamos conosco pela vida inteira, com dor e saudade.

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