Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

sábado, 28 de agosto de 2010

VIVENDO E APRENDENDO:CUIDANDO DE SER FELIZ!

No começo de agosto Denise, Dê - moça linda de viverrr - amada minha, pediu licença prá ir alí e ser feliz. Meu pedido era se pudia trazer esse selinho, pois de felicidade estava eu te/sendo umas ideias.
Difícil definir o ideal de felicidade. Bem diferente do que muitos pensam ser feliz ou infeliz é uma questão de atitude. Podemos nos sentir absurdamente infelizes apesar de nada faltar ou imensamente felizes com muito pouco. Apesar de algumas pessoas acreditarem, não tem nada a ver com posse material. Claro que não falo da mínima dignidade necessária para se viver!
Felicidade é construção. E com muita insistência, diga-se de passagem. É feliz quem consegue sustentar seu desejo, apesar das demandas dos outros e de todas as pressões contrárias, e maneja bem uma situação para salvaguardar aquilo que lhe é mais particular.
Assim sendo, felicidade é conseguir ter a atitude de estar sempre na escuta do desejo praticando a fidelidade – não ao outro, mas ao próprio desejo. Fácil não é. É e não é. Pode até parecer, mas já viu alguma construção ser fácil? Se D’US construiu o mundo em seis dias e descansou no sétimo, imagina nós - pobres mortais – para essa lida mais que diária?!
Existem pessoas que se comprazem no sofrimento, gostam de cultivar esse estado de humor amargo. Sofrer faz mal à saúde, marca a fisionomia, contamina a atmosfera daqueles que nos cercam. Como é desagradável viver sem humor, sem leveza e sem aquela “viradinha” essencial para manter o cotidiano com satisfação.
É preciso atenção a pequenos detalhes sutis para que não acabemos fisgados pelos mal-humorados que nos cercam os negativistas e, por que não lembrar, pelos que vivem um dia nos céus da felicidade, outro no pólo contrário. Nada de bipolaridade, no hit da moda atualmente, pois tudo leva esse nome. Estou falando de gente complicada, que acha tudo difícil, reclama, xinga, não tem paciência, não suporta frustração!
Algo não anda bem com as pessoas que vivem assim, prontas para explodir a todo o tempo como se faltasse apenas uma gota para derramar. Nem sempre essas pessoas param para se perguntar o que há de errado ou o que está ocorrendo. Preferem não saber.
                    
Sartre – filósofo francês – acreditava que nosso inferno são os outros. Explica que a nossa queda original é a existência do outro, quando ele entra no mundo de nossa consciência, modificando a experiência. O centro não se localiza em nós, e nos vemos como parte de um projeto que não é nosso nem nos pertence. O outro me paralisa e, quando estava ausente, eu era livre.Na psicanálise, compreendemos que nosso inferno somos nós mesmos porque não conseguimos abandonar a tendência a agir de acordo com aquilo que agradará ao outro, conquistando assim seu amor e reconhecimento. Temos medo dos nossos desejos e preferimos viver à sombra.
A independência absoluta é impossível, o outro faz parte da vida. Enquanto crianças, éramos totalmente dependentes, ficávamos no lugar em que nos colocavam. Depois de adulto, é preciso encarar o outro por ângulo diferente. Podemos fazer nossas escolhas e decidir contrariar determinações antigas.
Quem continua se mantendo na mesma posição infantil, obedecendo ao outro, temendo perder a importância ou ser malvisto, continua subjugado e sem chance de contentamento. Nunca seremos independentes do desejo do outro, porque o nosso próprio desejo se configurou a partir do desejo do outro. Mesmo assim, podemos romper com o que imaginamos que ele espera de nós. Isso torna a vida mais leve e nos faz mais confiantes por sairmos da servidão.
Talvez essa seja a única cura possível para os mal-humorados, que, certamente, estão nesse estado por não conseguirem fazer o que desejam e sequer sabem sobre esse desejo. Perdidos perdem tempo precioso no divã nosso de cada dia de nome simples: vida!
E você?
Antes que me esqueça, a Dê é feliz! Só pede licença dos mal-humorados.(Regina Rozenbaum) 
Vivendo e Aprendendo Capital Inicial
Composição: Alvin L. / Dinho Ouro Preto / Yves Passarell

Outra história
Com um outro rosto
Um outro beijo
Com o mesmo gosto
Era cedo e não podia
Dar certo
Lá vem um outro dia
Frio e encoberto

Agora veja
O meu estado
Olhando o futuro
E prevendo o passado
Como alguém
Que não sabe o que quer
Mentindo pra todos
Enquanto puder

 /gritar
Se foi um erro
Quero errar
Sempre assim
Gritar
Se teve um começo
Que tenha fim/

O tempo virou
E me deu as costas
Outra pergunta
Com a mesma resposta
Os dias são sempre iguais
O mesmo filme
Em todos canais
Eu quero voar
Mas tenho medo de altura
O céu azul
Me dá tontura
Eu caio mas não chego
Ao chão
Estou certo
Mas perdi a razão

Vivendo e aprendendo
A perder
Vivendo e aprendendo
A esquecer

11 comentários:

  1. Olá Rê!
    Este post diz-me muito, gostei das ideias e também das suas interpretações.
    Penso que realmente o nosso problema são os outros, eles são o problema porque nós somos sensiveis e ao não querer magoar, enchemos o nosso saco lentamente até não dar mais.
    Um dia quando atirar-mos eles para bem longe poderemos finalmente ser ... nós.
    Bjs.

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  2. Acabei de abrir o e-mail de minha sobrinha queridíssima - liiiiindo! Nele, um texto simples:
    A gente nasce sem pedir e morre sem querer... Então vamos aproveitar o intervalo para SERMOS FELIZES! Uau! Adorei! Vamos aproveitar, hein, hein? Bjs

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  3. Olá RÊ!

    A arte de ser feliz não é nada fácil: nalguns, acontece com toda a naturalidade, noutros é quase que uma subida a pulso.
    Concordo que sim, que não deveremos, ou deveríamos, viver em função dos projectos de outro esquecendo e sacrificando os nossos.Nunca nos trará a satisfação plena; primeiro, precisamos de agradar a nós próprios e depois será mais fácil agradar ao outro.
    Mas nada disto faz parte das ciências exactas; se lhe pudessemos aplicar uma qualquer formula matemática, como tudo seria certamente mais fácil...

    Gostei e do tema e da forma como foi- bem - exposto.

    Bom resto de fim de semana.
    Beijinhos amigos.
    Vitor

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  4. Querida amiga, ser feliz, é um modo particular de cada um, muitas vezes a felicidade está diante de nós e não percebemos, só depois que a perdemos que nos damos conta...Tenha um lindo final de semana...Beijocas

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  5. Urbano, amado!
    Tô tão feliizz... sabe por conta do quê? Uma coisa simples, boba mesmo: tô aqui podendo responder aos comentários...sem pontos (retirei hoje... YESSSS!)impedindo-me de dizer o quanto agradeço pelo carinho, amizade, energia que aqui deixou nesses dias.
    Beijuuss n.c.

    Ângela, iluminada, amada!
    Tá de volta... EBA!!! E vamos, minha querida, vamos com certeza, celebrar a VIDA... Como deve ter lido, foi e está sendo dias de muiiita emoção: intensamente vividos com tudo que tenho direito e também com aquilo que me é "esquerdo"... Como a Graça me escreveu: " a morte é sempre um escândalo" e que falta de graça seria a vida, se não a vivêssemos ESCANDALOSAMENTE todos os dias??? Aguardo vc me ligar, viu?
    Beijuuss n.c.

    Vitor, amado!
    Antes de qq coisa: adorei sua nova foto! Realmente não é tema fácil para escrever sob a ótica da psicanálise e fico feliz em saber que foi bem exposto. "Quem é jovem não espere para fazer filosofia; quem é velho não se canse disso. Com efeito, ninguém é imaturo ou superado em relação à saúde da alma. Quem diz que ainda não é hora de fazer filosofia, ou que a hora já passou, parece-me com quem diz, em relação à felicidade, que ainda não é o momento dela, ou que ele já passou."(EPICURO. Carta a Meneceu)
    Não há idade para viver feliz e poderíamos completar... nem fórmulas!
    Beijuuss n.c.

    Marilu, amada!
    A vida que vale a pena ser vivida, vale por ela mesma. No instante mesmo que é vivida... E isso acontece quando nos ajustamos ao universo... Ocupando o lugar que é o nosso, desempenhando com excelência a atividade para a qual fomos talhados e buscando a finalidade que é a nossa como PARTE DO TODO!
    Beijuuss n.c.

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  6. Regina, primeiro quero lhe pedir desculpas pelo atraso em lhe desejar feliz aniversário.
    Quanto ao que pude notar, é que estamos norteados por uma sociedade forjada nas cavernas e ainda não evoluímos muito.
    Pelo menos no quesito felicidade, não é?
    Então, nada de diferenças acentuada de idade, nada de se misturar com outra cor, nada de outra nacionalidade, nada de orientação sexual, nada, de nada, de nada...
    Olha a sociedade e seus padrões de felicidade!!!
    Temos que anular nossa felicidade em detrimento de um modelo, porque senão... cuidado... olha... não pode...
    Minha amiga quero lhe desejar um bom domingo, te dar um beijo e um abraço.

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  7. Penso que o bacana é conseguir abstrair da vida os momentos de felicidade que ela nos oferece, às vezes numa porção maior, outras em fragmentos, mas a felicidade está sempre a nos cortejar.

    Escreveste brilhantemente mais uma vez... e viva a ordem de despejo pros seus pontinhos!

    Beijos.

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  8. Olá amiga Regina!

    Menina, você pôs cá para fora um montão de verdades absolutas, irrefutáveis.

    É bom ter uma amiga que faz assim, análise dos comportamentos humanos e sabe bem do que fala.
    Há pessoas que nos arrastam e agastam com o seu mau humor, nada mais insuportável.
    Para longe toda essa gente, não tenho pachorra...eu quero mais é rir, e sorrir é o meu forte...

    Mulheres, seres sempre subjugados...somos!!! sempre fomos e não vislumbro grandes mudanças num futuro breve.
    Mesma a nova geração que cortou algumas amarras, não é totalmente livre, aliás ninguém o é efectivamente, sabe bem disso!
    Isso, a mim, sempre me incomodou e desde que me sei, me insurgi, mas olha...estou vivendo sob jugo...como todas as mulheres casadas e não só.
    A sociedade se encarrega de nos cortar os voos.

    Mas... não vivo amargurada não!
    Luto diariamente pelo meu quinhão de liberdade e nunca me falta a boa disposição.
    Thank God!

    Beijinhos


    Na casa do Rau

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  9. Boooom diiiia, amigamada!!!

    Texto MA-RA-VI-LHO-SO, quando me "pediu" o selinho, imaginei que algo muito bom viria...teu comentário para o Vitor é muito verdadeiro - aos olhos da psicanálise não é fácil explicar alguns fenômenos - mas como a filosofia de vida que habita a alma da escritora salta pelos muros do inconsciente e se faz pra lá de visível a todos os sentidos humanos, explica-se pq e como discorre sempre com brilhantismo sobre o tema/assunto que elege para falar...vai além do saber, pq inclui o viver...simplesmente adorei - embora precise te dizer que não sou "exemplo" sempre de um comportamento alegre - seria linear demais pra uma sistêmica...rsrs...e uma utopia de vida. Esbarro na indignação, sinto raiva, fico triste, de mau humor (mais difícil, mas fico), sofro com os momentos inevitáveis de dor, tenho vontade de sumir...mas fico...rsrs... mas não deixo mais que nada disso me domine e dite minha vida. De que adianta viver tanto e aprender pouco, não é assim?

    Mas agora quem riu gostoso fui eu!!....explico: cheguei a incluir no meu texto de ontem Sartre, mas nem concluí a ideia, resolvi que não precisava dizer que o inferno somos nós (tb discordo dele, aff, que pretensão!...rs) estaria implícito, sei lá...sincronicidade absuuuurda, mesmo, Rê!!

    Well, sigamos adiante, pq a vida oferece "expervivências" para tornar-nos melhores, mais inteiros e felizes...sejamos, pois!!
    Um domingo maravilhoso, beijãozão, minha amiga de alma, de coração, de escolha, de bem querer!!!!

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  10. Antônio, poeta, amado!
    Que bom revê-lo aqui... Recebo com alegria seus votos (não há atraso para desejo de felicidade!)
    Sabe amigo, é difícil, construção diária e constante, mais fácil filosofar a respeito rsrs mas não anulo minha felicidade em detrimento de um modelo nauuummm... pelo menos "tento que não"!
    Beijuuss n.c

    Milene, minina-ternura, amada!
    Isso mesmo, os filósofos gregos ficariam orgulhosos de você!!!! "Eudaimonia" para os gregos é bem supremo, soberano, a finalidade última... Aquilo que não é meio para nada porque já é o máximo que se pode pretender. É vida que vale por ela mesma!
    Beijuuss n.c.

    Ná, amigamada!
    Lute, lute todos os dias, todos os instantes pelo seu quinhão... e pessoa como tu, que escreves com tanto amor não há espaço que caiba amargura! Da boa disposição (como falam por aí), bom humor (como falamos por aqui)TÔDENTRO tb!
    Beijuuss n.c.

    Booooommmm Diiiaaaa, Flor do Diiiaaa!!!
    Por aqui, uma manhã abençoada num azul-céu lindo de viverrrr... Acordar num domingo, podendo não só ler esses comentários CHIQUETÉRRIMOS dos meus amados e ainda responder com minhas mãozinhas (as duas rsrs) é ou não é FELICIDADE??? Minha querida, vamos com calma, muiiita calma nessa hora...rsrs Você é exemplo de VIDA, eudaimonia pura... Alegria é uma outra história... e fico aqui, rindo de mim, de vc, de todos nós imaginando se só tivéssemos, ficássemos sempre alegres?! Que burricido seria a vida sem nossos "dias de cão"... linearidade por dimaiiisss, não é? E não gostamos nadica de nada de uma vida assim... Tá, tá... tudo bem, confesso: há dias que gostaria, ah como gostaria, de um cadim mais dessa linearidade, que não fosse tããão testada, mas... esse já é um outro papo! Um domingo EUDAIMÔNICO prá ti, Dê, e seus amados.
    Beijuuss n.c.

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  11. muito interessante este post. a felicidade é uma das coisas que nunca podemos perder na vida,devemos tentar ser felizes acima de tudo,devemos tentar vencer as nossas dificuldades. beijinhos,um bom fim-de-semana!!

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