Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

sábado, 23 de janeiro de 2010

CHARUTOS SE TRANSFORMAM EM ROSAS



Meu pai foi um imigrante polonês. Chegou ao Brasil quando tinha somente 16 anos, para “tentar uma vida melhor” como tantos outros imigrantes de nacionalidades diversas. Conheceu e apaixonou-se por minha mãe. Como ela sempre nos contou, cheia de orgullho, foi amor à primeira vista! Sendo ele filho único, desejava muito um varão para perpetuar seu nome. Coisas de europeu e do gênero masculino em qualquer lugar do mundo. Veio à primeira gravidez e com ela a certeza do “saco roxo” era tanta, que charutos foram providenciados. Nasceu Raquel e os charutos não puderam ser distribuídos! Nova gravidez, expectativa, e... Lea surgiu, para dizer a ele que os charutos ainda ficariam na caixa. Sem desistir nem desanimar, outra barrigada encomendaram. E para quem já tinha duas filhas, um varão seria tudo de “bão”. Mas, ainda não foi dessa vez: Mary nasceu, e sua pele tão branca e seus olhos tão azuis davam informação de que lado escolheu. O homem era tenaz, e para quem ama mais vale um gosto... Minha mãe, rapidamente, iniciou nova jornada. Amigos e parentes diziam a ele: “Rozenbaum vamos agora, finalmente, com os charutos festejar!” Mas, como não era de se esperar, chegou Janete para decepcionar. Será? Só um pouquinho, pois lá estava a pobre de minha mãe tentando, novamente, realizar esse sonho de varão. E como já podem perceber o andar da carruagem, nasceu Eliana a quinta filha mulher, recheada de expectativas e desejos pelo tal varão. Como já contei, essa dupla não era fácil não e até nome escolheram para o sexto sonhado varão: Raul. Mas aí, dessa vez, minha mãe nem direito de escolha do nome teve. Vai se chamar Regina, do latim reggis, pois será uma rainha, decretou ele. Será? De rainha nunca tive nada, a não ser o nome que carrego como bem precioso de um desejo que nunca se realizou. Dois anos depois do meu nascimento ele faleceu, deixando minha mãe, sozinha, com seis filhas mulheres para criar. Como ela sempre dizia, há uma roseira em minha casa (em polonês baum = árvore e rozen = rosa) e cá entre nós, não há como combinar o perfume de rosas com o odor dos charutos!

12 comentários:

  1. Minha Rainha
    Nem consigo pensar que no lugar de uma Rainha, teria um Raul prá ser amigo hehehe! Ainda bem que é você a caçulinha... nada contra as outras cinco (que elas não me leiam aqui, não quero queimar meu filme hehehe).
    Beijão nocê
    A.Augusto

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  2. Regina (Rainha), adorei o post.
    A associação dos charutos vs. rosas, o modo como está escrito e descrito, "tô muito dentro".
    Comigo aconteceu quase o mesmo, ao contrário. Sou o caçula de 4 rapazes e mais 2 que não chegaram a bom termo, mas que se verificou serem rapazes.
    Um Beijão.
    .

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  3. A.A Amado
    Saudades dôcê aqui sô!!! Fica tranquilo que as manas não navegam por aqui não. E já imaginou eu chamando Raul no meio de cinco mulheres??? Tôfora!!!!rsrsrs
    Beijuuss n.c.

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  4. Oh Rui que pena que só agora estamos nos conhecendo...Dava prá fazer um intercâmbio bacana heim?rsrsrs Que "coincidência"!
    Beijuuss n.c.

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  5. Regina, Olá querida amiga,
    Pois eu tenho cinco princesas e não foi na busca do tal varão. Diria mesmo que habituado à doçura das meninas, nem sei se saberia lidar com rapaz. (Claro que sim... filho é filho, não há como estranhar).
    Gostei muito e fiquei a conhecer-te um pouco mais. E que valente e preciosa mamãe, que com seis filhas para criar sozinha levou a bom porto a sua demanda.
    Beijoooo e aquele kandandu carinhoso a atravessar tanto mar.

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  6. Kimbanda Amado
    Você tem cinco princesas???? Não creio! Não tenho dúvidas que se viesse um varão você o amaria tal e qual a suas princesas! Quanto a minha mãe...se quiser me conhecer um pouco mais, ver que guerreira ela sempre foi e saber por quantas anda meu coração, vá no mês de março/09 do blog. E não vai tentar uma sexta "Rainha"?rsrs
    Beijuuss n.c. do lado de cá do Atlântico

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  7. Regina muito querida,
    Simplesmente estou sem "voz". Não tem forma de explicar com a emoção que não contenho. Desculpa!
    Fiquei sem a minha com 3 anos de idade e certamente saberás a falta que foi.
    Quero te dizer que estou contigo aí nesse momento a dar-te aquilo que de melhor tenho, um carinho muito especial para uma pessoa muito, muito especial.
    Beijoooo que não preciso enviar, está aí

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  8. Olá Regina!

    História muito bonita a que conta, em que muitos outros pessoas se poderão rever. As meninas não "quiseram fazer" a vontade ao pai, e privaram-no do pretexto para fumar uns charutos ... que ele comprou antes do tempo.
    Mas, pessoalmente, arrisco a dizer que ele não terá ficado a perder com a troca, já que um roseiral sempre é mais bonito e perfumado do que o mais caro dos havanos.

    Beijinhos.
    Bomfim de semana!
    Vitor

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  9. Kimbanda Amado
    Obrigada por sua emoção e desejo de conhecer-me mais um cadinho. Sei, ou melhor sinto o que deve ter passado sem a sua... Hoje meu coração está mais aquietado, mas a saudade de quem foi por toda a minha vida "dois em uma" é inexplicável...todos os dias...todas as horas. Acreditava que com o passar dos meses ela fosse sossegar, mas só faz crescer!Dizem que herdei seu lado guerreiro e tento fazer jus a essa herança em minha lida diária.
    Recebi seu carinhoso e amigo beijo em minha alma. OBRIGADA!
    Beijuuss no seu coração

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  10. Vitor
    Ele foi apressado né? E apressado "come cru" rsrs. Mas minha mãe sempre dizia que ele tinha um orgulho danado de suas "rosas" e chegava a se gabar com a beleza delas. Coisa de pai babão!rsrs
    Beijuuss n.c.

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  11. Olá Regina,

    Fiquei a saber que tem uma pequena família, com algumas irmãs... É que eu tenho seis...irmãs, mais cinco irmãos! Ao todo, somos uma dúzia, metade de cada lado. É o equilíbrio total. Mas para conseguir esse equilíbrio. a mais nova chegou de fora. Foi adoptada com dois meses, já lá vão 24 anos!
    E quanto a mim, digo-lhe que me senti imensamente feliz quando nasceu o meu primeiro filho. Nunca quis saber o sexo, para sentir a surpresa em pleno. Mas o mais estranho é que ao longo desses nove meses nunca pensei senão num nome: Leonor. Dito e feito, foi aprovado à nascença e faz 17 anos dentro de uns dias. Mais tarde, ainda não se passaram três anos, voltei a ter essa sorte, com a chegada da Madalena, um encanto que me abraça como nunca ninguém me abraçou.

    Beijo,

    Alexandre

    PS - Ainda não tive nenhum varão, nem nunca me imaginei a tê-lo. Se algum dia acontecer, nem imagino que nome lhe vou dar. Será que foi por isso que deixei de fumar charutos?...

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  12. Eiii Alexandre
    Que delícia ter uma pequenina em casa! Idades diversas...demandas então, nem se fala. Nem consigo imaginar uma casa com 12!!! É gente demaisssss rsrsrs. Ao mesmo tempo é tão bom ter família grande né? Hoje em dia são dois, filho único ou nenhum, como escuto na minha clínica. Um pesar! Já não se fazem mais filhos como antigamente rsrsrs. Eu tenho um casal: André e Daniela (se quiser conhecê-los vá no post do dia 06/10/09 = "Dois patinhos na lagoa" e no dia 02/10/09 = " Minha menina fantástica") meus tesouros!!! Ah e parabéns antecipado para Leonor,ok?
    Beijuuss n.c.

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